O feminino no Cristianismo Antigo

Um ensaio sobre a Matrologia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.52451/teopraxis.v40i135.195

Palavras-chave:

Espiritualidade, Mulher, Força vital, Boa Nova

Resumo

É possível constatar, nos últimos anos, o empenho do escrutínio histórico que vem sendo realizado com relação à presença e à liderança da mulher na sociedade e na Igreja. Não há mais dúvidas, resistências, talvez, de que a mulher teve papel fundamental na consolidação do Cristianismo. O feminino foi responsável agente transformador na expansão dessa tradição de fé, preponderante na cultura ocidental. É esse feminino, de muitas nuanças, que, em grande parte, segue responsável pela formação sistemática da maioria dos fiéis em um serviço autêntico, gratuito e anônimo. A emergência da questão feminina lança luzes a figuras esquecidas, testemunhas autênticas de uma profunda experiência de Deus e de uma maestria espiritual tão solicitada hoje, em nosso plural contexto, dominado pela velocidade, funcionalismo e economismo. Em um encontro do passado com o presente, este artigo pretende evocar algumas figuras femininas da tradição espiritual do Cristianismo Antigo, mulheres do Império e do deserto, ammas-madres-mães da Igreja, que alicerçaram duas desconhecidas ciências, a Matrologia e a Matrística. Junto delas, queremos problematizar a importância de retomar elementos de sua Força vital, capaz de gerar e de cuidar da Boa-nova.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Elisângela Pereira Machado, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

Doutora em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2021). Mestra em Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2012). Graduada em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2006). Assessora de Retiros. Educadora e coordenadora da Pós-graduação em Protagonismo Feminino na Igreja na PUCMINAS. Tem experiência nas áreas da Educação, Filosofia, Ética Naturalizada e Teologia Sistemática, atuando nos seguintes temas: educação, mulher, transcendência, espiritualidade e mística. É pesquisadora pós-Doc junto ao Grupo de Pesquisa Educação, Gênero e Trabalho Artesanal, liderado pela Profª. Edla Eggert/PUCRS. Pesquisa o protagonismo e experiência de Deus na voz e presença da mulher na Igreja, desde origens primitivas das mães do deserto, medievais em diálogo com as modernas, a partir do pensamento e obra de Edith Stein.

Referências

ALBELDA, F. E.; DELGADO, P. Á. (coords.). Hijas de Eva: Mujeres y religión en la Antigüedad. Sevilla: Ed. Universidad de Sevilla, 2015.

AQUILINA, M.; BAILEY, C. Madres da Igreja. O testemunho das cristãs primitivas. São Paulo: Loyola, 2018.

BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. Tradução da Paulus. São Paulo: Paulus, 2002.

BOBRINSKI, B. A renovação atual da Patrística na Ortodoxia. In: Documentation Catholique, nº 2095, 05/06/1994. p.543-544.

CALVÁRIO, P. Fundamentos filosóficos dos Apotegmas dos Padres do Deserto. Covilhã, Portugal: Universidade da Beira Interior, 2011.

CLARK, E. A. Women in the Early Church. Wilmington: Michel Glazier, 1983.

CLARK, E.; RICHARDSON, H. (Ed.). Women and Religion: a Feminist Sourcebook of

Christian Thought. New York: Harper Collins, 1977.

CREMASCI, L. Detti e fatti delle donne del deserto. Comunità Di Bose. Magnano, BI: Edizione QIQAJON, 2018.

COELHO, F. S. As Matronas da Antiguidade Cristã: um estudo comparado das representações de gênero nas obras de Jerônimo e Agostinho (380-420 E.C.). Rio de Janeiro, 2018.

DEL CASTILLO, A. El sistema legislativo como elemento fundamental para el desarrollo femenino en el mundo romano. Actas de Las V Jornadas de Investigación Interdisciplinaria: La mujer en el mundo antiguo. Madrid: Ediciones de la Universidad Autónoma de Madrid, 1986.

DREHER, M. A Igreja no Império Romano. Col. História da Igreja vol.1. São Leopoldo: Sinodal, 2003.

EGGERT, E. A mulher e a educação: possibilidade de uma leitura criativa a partir da hermenêutica feminista. In. Estudos Leopoldenses, Série Educação, vol.3, n.5, 1999, p,19-23.

EGGERT, E.; SILVA, M. A. da; CAMPAGNARO, S. O amor tudo crê, tudo suporta? Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2021. Acessível em: https://www.unisc.br/pt/home/editora/e-books?id_livro=516. DOI: https://doi.org/10.17058/edunisc.978-65-88564-15-8

EARLE, M. The Desert Mothers: Spiritual Practices from the Women of the Wilderness. Harrisburg, Pa: Morehouse Pub, 2007.

ELM, S. Virgins of God: the making of asceticism in late antiquity. Oxford: Oxford University Press, 1996.

FIORENZA, E. S. As origens cristãs a partir da mulher: uma nova hermenêutica. São Paulo: Paulinas, 1992.

FIORENZA, E. S. In Memory of Her: a Feminist Theological Reconstruction of Christian Origins. New York: Crossroads, 1988.

FIORENZA, E. S. Mujer y ministerio en El cristianismo primitivo. Selecciones de Teologia, São Paulo, n.132, vol. 32. Out/dez, 1994, p.327-337.

FIORENZA, E. S. Rumo ao Discipulado de Iguais: a Ekklesia de Mulheres. Estudos Teológicos, São Leopoldo, 36 (3), 1996, p.281-296.

JERÓNIMO, S. Cartas de San Jerónimo. Vol. I. Edición bilingüe introducción, versión y notas por Daniel Ruiz Bueno. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 1963.

JERÓNIMO, S. Epistolario. Vol. II. Edición bilingüe traducción, introducciones y notas por Juan Bautista Valero. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 1993.

KASTNER, W. P. (ed.) A Lost tradition: Women Writers of the Early Church. Washington, D.C.: University Press of America, 1981.

KAUR, R. O que o sol faz com as flores. Poema: legado. São Paulo: Planeta do Brasil, 2017.

MARCOS SANCHEZ, M. M. La visión de la mujer en San Jerónimo a través de su correspondencia. In: La mujer en el mundo antiguo. Actas de las V Jornadas de investigación interdisciplinaria. Madrid: Ediciones de la Universidad Autónoma de Madrid, 1986, p.315-321.

MARTINS, M. C. Peregrinação de Egéria: uma narrativa de viagem aos Lugares Santos. Uberlândia: EDUFU, 2017. DOI: https://doi.org/10.14393/EDUFU-978-85-7078-427-8

MORENO, F. San Jerónimo: la espiritualidad del desierto. Madrid: BAC, 1986.

MORETTI, P. F. La Biblia y el discurso de los Padres Latinos sobre las Mujeres. De Tertuliano a Jerónimo. In: BØRRESEN, K. E.; PRINZIVALLI, E. (Eds.). Las Mujeres en la Mirada de los Antigos Escritores Cristianos (siglos I-VI). Navarra: Verbo Divino, 2014, p.145-182.

PAGELS, E. Adam, Eve and the Serpent: Sex and Politics in Early Christianity. New York: Vitange Books, 1989.

PALLADIUS. The Lausiac history. Translated by W. K. Lowther Clarke. London: The Macmillian Company, 1918.

PEDRÓS, C. S. Madres Orientales (Ss. I-VII). Matrologia I. Burgos: Monte Carmelo, 2003.

PERROT, M. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2013.

PERROT, M. História das Mulheres no Ocidente. v.1: A Antiguidade. Porto: Afrontamento, 1993, p.592-603.

SCHEID, J. “Estrangeiras” indispensáveis: os papéis religiosos das mulheres em Roma. In: DUBY, G., PERROT, M. (Orgs.). História das Mulheres no Ocidente. v.1: A Antiguidade. Porto: Afrontamento, 1993, p.465-509.

SILVA, G. V. A redefinição do papel feminino na Igreja primitiva: virgens, viúvas, diaconisas e monjas. In: SILVA, G. V.; NADER, M. B.; FRANCO, S. P. (Org). As Identidades no tempo: ensaios de gênero, etnia e religião. Vitória: EDUFES, 2006a, p. 305-320.

SOUSA, R. F. de; VICENTE, V. de S.; EGGERT, E. (Orgs). Maria Madalena: múltiplas representações. Porto Alegre, RS: Editora Fundação Fênix, 2020. DOI: https://doi.org/10.36592/9786587424040

TORJESEN, K. J. When women were priests: women’s leadership in the early church a the scandal of their subordination in the rise of Christianity. San Francisco: Harper Collins, 1993.

Downloads

Publicado

2023-12-26

Como Citar

Machado, E. P. . (2023). O feminino no Cristianismo Antigo: Um ensaio sobre a Matrologia. Revista Teopráxis, 40(135), 11–21. https://doi.org/10.52451/teopraxis.v40i135.195