O feminino no Cristianismo Antigo
Um ensaio sobre a Matrologia
DOI:
https://doi.org/10.52451/teopraxis.v40i135.195Palavras-chave:
Espiritualidade, Mulher, Força vital, Boa NovaResumo
É possível constatar, nos últimos anos, o empenho do escrutínio histórico que vem sendo realizado com relação à presença e à liderança da mulher na sociedade e na Igreja. Não há mais dúvidas, resistências, talvez, de que a mulher teve papel fundamental na consolidação do Cristianismo. O feminino foi responsável agente transformador na expansão dessa tradição de fé, preponderante na cultura ocidental. É esse feminino, de muitas nuanças, que, em grande parte, segue responsável pela formação sistemática da maioria dos fiéis em um serviço autêntico, gratuito e anônimo. A emergência da questão feminina lança luzes a figuras esquecidas, testemunhas autênticas de uma profunda experiência de Deus e de uma maestria espiritual tão solicitada hoje, em nosso plural contexto, dominado pela velocidade, funcionalismo e economismo. Em um encontro do passado com o presente, este artigo pretende evocar algumas figuras femininas da tradição espiritual do Cristianismo Antigo, mulheres do Império e do deserto, ammas-madres-mães da Igreja, que alicerçaram duas desconhecidas ciências, a Matrologia e a Matrística. Junto delas, queremos problematizar a importância de retomar elementos de sua Força vital, capaz de gerar e de cuidar da Boa-nova.
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