Concluída a primeira etapa da Pós-Graduação em Espiritualidade

A segunda semana da Pós-graduação em Espiritualidade, da Itepa Faculdades, foi marcada pelo estudo da “Espiritualidade nos Evangelhos Sinóticos”, disciplina ministrada pelo Prof. Pe. Ivanir Antonio Rodighero; “História da Espiritualidade I” sobre o início da caminhada cristã, com o Prof. Regiano Bregalda; e, Espiritualidade e Oração I”, sob a orientação do Pe. Rene Zanandrea.

Espiritualidade nos Evangelhos Sinóticos

No estudo da Espiritualidade nos Evangelhos Sinóticos retomou-se o conceito de espiritualidade que é o jeito de ser de cada pessoa. Ela envolve a mística, que é uma força interior e profunda, misteriosa que impulsiona para a ação; envolve a práxis que é ação e reflexão contínua, agir e refletir e agir a partir da reflexão, é ação rezada; envolve também a utopia que não é um ponto de chegada, mas horizonte de busca, é caminhar sabendo que há sempre um além, a vida que não termina no aqui e agora.

Nos Evangelhos Sinóticos aparece a espiritualidade de Jesus Cristo, que veio ao mundo num contexto bem específico. Ele interagiu com grupos como os saduceus que não acreditavam na ressurreição e foram responsáveis pela morte de Jesus. Os herodianos, partidários de Herodes, o Grande, que se beneficiavam e apoiavam os romanos. Os fariseus que se consideravam puros e esperavam um Messias que faria cumprir toda a Lei. Os zelotes que procuravam preservar a experiência exodal e profética. Entre eles havia um grupo chamados de sicários que queriam derrubar as autoridades pela força, e esperavam que o Messias resolveria os problemas pela força. E os essênios que pensavam semelhante aos zelotes, sua estratégia era ir para o deserto e formar comunidades que vivessem o estado de pureza e esperavam um Messias que resolveria todos os problemas de forma mágica. Mas Jesus não foi o Messias conforme a concepção destes.

O evangelho de Marcos, logo no início mostra porque foi escrito. O versículo inicial do evangelho diz: “Começo da Boa Notícia de Jesus, o Messias, o Filho de Deus”. Nesse versículo está uma indicação do que versa o evangelho. Ele quer mostrar quem foi Jesus e que tipo de Messias se revelou.

O evangelho de Mateus é considerado o evangelho da Igreja. Neste sentido Jesus gostaria de ser experimentado na Igreja, que deve ser sal, luz e fermento: os cristãos precisam ter um agir ético, criar bases para um novo convívio. Deus quer de nós a misericórdia. Diz que no fim as pessoas serão julgadas pelo amor. Ele traz como o tema central a justiça, não a justiça da equivalência, mas a justiça que dá a todos conforme a sua necessidade. E no centro do evangelho está o projeto das bem-aventuranças. Os bem-aventurados são os pobres em espírito (os que tem o espírito aberto a Deus e aos necessitados) que ao fazerem a opção pelo Reino dos Céus, transformam as situações de morte, são perseguidos pelo “antirreino”.

O evangelho de Lucas destaca a salvação através de Jesus e é vista como um processo contínuo. Outros temas incluem o papel do templo como local de ensino, a grande disparidade social da época com a predileção de Jesus pelos pobres, a importância das visitas para gerar alegria, a presença significativa das mulheres nas comunidades cristãs, e a oração como um diálogo íntimo com Deus.

Lucas também destaca a Palavra de Deus como central na formação das comunidades, promovendo cura e partilha fraterna. O Espírito Santo é mostrado como guia e fonte de força, e o perdão é apresentado como um processo de mudança interna.

Jesus prega seu programa (Lc 4,14-21) na sinagoga, no sábado (um dia sagrado) e anuncia a boa notícia aos pobres, liberdade aos presos, recuperação da vista aos cegos, libertação dos oprimidos e proclama um ano de graça do Senhor. Jesus enfrenta questionamentos sobre sua origem, gera uma crise de fé entre os ouvintes e apresenta dois modelos de fé: a viúva de Sarepta que partilha o pouco que tem e o general Naamã que obedece e é curado da lepra.

Espiritualidade nos primeiros tempos do cristianismo

Com o estudo da História da Espiritualidade foi possível refletir que o cristianismo dos primeiros tempos era dos pequenos gestos, da acolhida do outro, do perdão, da partilha, como aparece no texto de At 2,42-47. Essa a espiritualidade animava as comunidades. Era o que fazia os seguidores de Jesus Cristo viver. Isso transformava o seu ser, a relação consigo e com os outros. O anúncio dos primeiros cristãos era um anúncio testemunhal. As pessoas testemunhavam aquilo que acreditavam e fazia com que as pessoas se organizassem. Mesmo diante de perseguições muitos deles preferiram entregar a sua vida negar a sua fé.

Ainda no início do segundo século, apareceram os Padres da Igreja, que diante do desafio do esclarecimento da fé, das questões que eram levantadas, ajudaram a aprofundar e sistematizar a fé. Em outras palavras, ajudaram a manter a unidade na diversidade, uma vez que o cristianismo se espalhou pelo mundo e alcançou muitos grupos com culturas e modos de viver muito diferentes uns dos outros.

Espiritualidade e oração

O último dia da primeira etapa da Pós-Graduação em Espiritualidade foi ocupado com a disciplina de “Espiritualidade e Oração I”. A oração alimenta a Espiritualidade do Seguimento a Jesus Cristo. Para isso não basta uma repetição de palavras, mas é preciso rezar com a realidade que se vive. A oração não é uma varinha mágica que resolve todos os problemas, mas um ato de confiança em Deus. Ela precisa impulsionar para a missão, na medida em que se pede a Deus a sua graça, abrindo o coração para que seu Espírito possa conduzir a caminhada. Rezar é, também, um gesto de comunhão e ação de graças, especialmente através da vivência da liturgia, que dá graças a Deus pela sua ação e une a comunidade através da Eucaristia.

Ir. Aline Silva dos Santos
Pe. Dalcinei Sacheti
Estudantes da Pós-Graduação em Espiritualidade
Itepa Faculdades

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