A Igreja celebrará em 2025 mais um Jubileu ordinário. O Papa Francisco escolheu o tema “Peregrinos de Esperança” e indicou que a preparação levasse em conta a oração e o estudo das quatro Constituições dogmáticas do Concílio Vaticano II (1965). A bula de proclamação do Jubileu Ordinário do ano 2025, começa afirmando que “a esperança não engana” (Rm 5,5) e, na sequência, afirma: “possa ser, para todos, um momento de encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus, ‘porta’ de salvação (cf. Jo 10,7.9)”. Mais: “no coração de cada pessoa, encerra-se a esperança como desejo e expectativa do bem, apesar de não saber o que trará consigo o amanhã” (n. 1). “Ora, a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,1-2.5) (n. 2).
O Papa apresenta a esperança, seguindo a perspectiva do Apóstolo São Paulo que é muito realista, pois “sabe que a vida é feita de alegrias e sofrimentos, que o amor é posto à prova quando aumentam as dificuldades e a esperança parece desmoronar-se diante do sofrimento” (n. 4). A tribulação e o sofrimento são as condições típicas de todos aqueles que anunciam o Evangelho em contextos de incompreensão e perseguição (2 Cor 6,3-10). E aí a necessidade de cultivar em tais situações de escuridão, a luz proveniente, que “brota da cruz e da ressurreição de Cristo”. Dele provém a paciência e a consolação. “Redescobrir a paciência faz bem a nós próprios e aos outros”. A paciência – fruto também ela do Espírito Santo –mantém viva a esperança e consolida-a como virtude e estilo de vida (n. 4).
Com o Senhor das misericórdias colocar-se em peregrinação como povo de Deus a caminho dos “sinais dos tempos” (n. 7). Para o Papa Francisco, “o primeiro sinal de esperança se traduza em paz para o mundo” (n. 8). “Olhar para o futuro com esperança equivale a ter também uma visão da vida carregada de entusiasmo para transmitir”. “A abertura à vida, com uma maternidade e uma paternidade responsáveis”, que é o “projeto que o Criador inscreveu no coração e no corpo dos homens e mulheres” (n. 9). “A comunidade cristã não pode ficar atrás de ninguém no apoio à necessidade duma aliança social em prol da esperança, que seja inclusiva e não ideológica, e trabalhe por um futuro marcado pelo sorriso de tantos meninos e meninas que, em muitas partes do mundo, venham encher os demasiados berços vazios” (n. 9).
Dos números 10 ao 15, o Papa Francisco descreve “sinais palpáveis de esperança para muitos irmãos e irmãs que vivem em condições de dificuldade”. Cita os presos que, privados de liberdade, além da dureza da reclusão, experimentam dia a dia o vazio afetivo, as restrições impostas e, em não poucos casos, a falta de respeito. “Sinais de esperança hão de ser oferecidos aos doentes, que se encontram em casa ou no hospital” (n. 11), aos jovens (n. 12), aos migrantes e tantas famílias exiladas (n. 13), aos idosos, que muitas vezes experimentam a solidão e o sentimento de abandono (n. 14) e aos “milhares de milhões de pobres, a quem muitas vezes falta o necessário para viver” (n. 15).
Somos chamados a viver como “peregrinos de esperança” e, por isso, a esperançar o mundo. Inspirados e parodiando São Francisco de Assis, queremos nos comprometer com uma Igreja e uma sociedade nova. Por isso, onde houver ódio, esperançar o amor; onde houver ofensa, esperançar o perdão; onde houver discórdia, esperançar a união; onde houver dúvida, esperançar a fé; onde houver erro, esperançar a verdade; onde houver desespero, esperançar a esperança; onde houver tristeza, esperançar a alegria; e onde houver trevas, esperançar a luz do Cristo. Essa missão de esperançar/transformar é um convite à ação concreta no dia a dia, refletindo a presença de Cristo no mundo.
À medida que nos aproximamos do Natal, recordamos o esperançar que vem de Deus para com a humanidade. Outrora, o povo caminhava em trevas, mas a promessa da manifestação da luz trazia esperança. Como diz o profeta Isaías: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre os que habitavam na terra da sombra da morte, resplandeceu a luz” (Is 9,2). Com a Encarnação do Deus Menino, contemplamos a realização dessa profecia, celebrando o nascimento de Cristo, que ilumina nossas vidas e renova nossa fé.
Esse tempo litúrgico é um convite a recordar a promessa de salvação e o infinito amor de Deus por toda a humanidade. Ao vivermos e partilharmos esses valores, tornamo-nos peregrinos do esperançar. Que, com o coração aberto e as mãos estendidas, sejamos capazes de acolher o chamado à caridade e à fraternidade, transformando o Natal em uma esperança/experiência viva de paz, alegria, caridade e renovação espiritual.
Prof. Pe. Rogério L. Zanini
Professor da Itepa Faculdades
Evandro Antonio Fruet
Acadêmico de Teologia, da Itepa Faculdades
Imagem: Logo do Jubileu 2025 – Vatican News
Fotos: Arquivos Itepa Faculdades