Os temas da Prova de Admissão para o Bacharelado em Teologia, na Itepa Faculdades, abordaram as questões da “guerra e o apelo do Papa Francisco em prol da paz” e “da economia no mundo atual”.
A Prova aconteceu na manhã de segunda-feira, 2 de dezembro, na Sala 2 da Itepa Faculdades.
Os candidatos foram acolhidos pelo Diretor da Itepa Faculdades, Pe. Ivanir Antonio Rampon e, pelo Coordenador do Diretório Acadêmico da Itepa, o acadêmico Evandro Fruet.
A Coordenadora do Processo de Admissão 2025, Prof. Selina Dal Moro afirmou que o Itepa – hoje Itepa Faculdades – desde 1982, está comprometida com o fazer teológico-pastoral-social da comunidade regional e que, desde 2009, é credenciada ao Ministério da Educação (MEC).
A lista de aprovados da Prova de Admissão será publicada na página eletrônica da Itepa Faculdades e será afixada no mural oficial da Instituição no dia 10 de dezembro de 2024, a partir das 8h.
Publicamos abaixo, os dois textos utilizados na Prova de Admissão
Texto 1 – Fratelli Tutti, números 261-262
Toda a guerra deixa o mundo pior do que o encontrou. A guerra é um fracasso da política e da humanidade, uma rendição vergonhosa, uma derrota perante as forças do mal. Não fiquemos em discussões teóricas, tomemos contato com as feridas, toquemos a carne de quem paga os danos. Voltemos o olhar para tantos civis massacrados como “danos colaterais”. Interroguemos as vítimas. Prestemos atenção aos prófugos, àqueles que sofreram as radiações atômicas ou os ataques químicos, às mulheres que perderam os filhos, às crianças mutiladas ou privadas da sua infância. Consideremos a verdade destas vítimas da violência, olhemos a realidade com os seus olhos e escutemos as suas histórias com o coração aberto. Assim poderemos reconhecer o abismo do mal no coração da guerra, e não nos turvará o fato de nos tratarem como ingênuos porque escolhemos a paz.
Tampouco serão suficientes as normas, se se pensa que a solução para os problemas atuais consiste em dissuadir os outros através do medo, ameaçando-os com o uso de armas nucleares, químicas ou biológicas. Com efeito, “se tomarmos em consideração as principais ameaças contra a paz e a segurança com as suas múltiplas dimensões neste mundo multipolar do século XXI, como, por exemplo, o terrorismo, os conflitos assimétricos, a segurança informática, os problemas ambientais, a pobreza, muitas dúvidas emergem acerca da insuficiência da dissuasão nuclear para responder de modo eficaz a tais desafios. Estas preocupações assumem ainda mais consistência quando consideramos as catastróficas consequências humanitárias e ambientais que derivam de qualquer utilização das armas nucleares com efeitos devastadores indiscriminados e incontroláveis no tempo e no espaço. (…) Devemos perguntar-nos também quanto seja sustentável um equilíbrio baseado no medo, quando de fato ele tende a aumentar o temor e a ameaçar as relações de confiança entre os povos. A paz e a estabilidade internacionais não podem ser fundadas num falso sentido de segurança, na ameaça de uma destruição recíproca ou de um aniquilamento total, na manutenção de um equilíbrio de poder. (…) Em tal contexto, o objetivo final da eliminação total das armas nucleares torna-se um desafio mas também um imperativo moral e humanitário. (…) A crescente interdependência e a globalização significam que a resposta que se der à ameaça de armas nucleares deve ser coletiva e planeada, baseada na confiança recíproca, que só pode ser construída através do diálogo sinceramente dirigido para o bem comum e não para a tutela de interesses velados ou particulares”. E, com o dinheiro usado em armas e noutras despesas militares, constituamos um Fundo mundial, para acabar de vez com a fome e para o desenvolvimento dos países mais pobres, a fim de que os seus habitantes não recorram a soluções violentas ou enganadoras, nem precisem de abandonar os seus países à procura duma vida mais digna.
Francisco, Carta Encíclica Fratelli Tutti – sobre a fraternidade e amizade social, 3.10.2020, https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20201003_enciclica-fratelli-tutti.html
Texto 2: Uma economia a serviço das pessoas
Há inúmeras maneiras de nominar ou diagnosticar o momento histórico em que vivemos enquanto humanidade. A sensação de que vivemos uma crise (ou um conjunto delas) profunda, civilizatória, ou que estamos à beira de um colapso. Não há como negar que no centro desta crise está o modo como pensamos a economia. A economia passou a ser pauta cotidiana, mobilizada por diferentes razões e perspectivas.
Por um lado, parece que a economia é uma realidade supra-humana e que tem autonomia e autogoverno. Os economistas os deuses “futuristas”. Mas de que economia estamos falando quando o acesso e a concentração do dinheiro e dos bens produzidos é restrito a um grupo, enquanto grande parte da população não têm o mínimo para sobreviver e/ou viver dignamente? (…)
A economia – que em sua origem etimológica está ligada à casa (oikos) e à administração (nomos) – contemporânea não tem como objetivo a administração da casa comum e não se coloca a serviço da vida. O Papa Francisco tem chamado atenção para se pensar uma nova economia, “economia diferente, que faz viver e não mata, inclui e não exclui, humaniza e não desumaniza, cuida da criação e não a depreda” (2019).
Já na Carta Encíclica Laudato Si’: sobre o cuidado da Casa Comum, o Papa provocava a pensar sobre a conexão e salvaguarda do ambiente e a realidade dos pobres, e que não se pode separar a busca pela justiça, da qualidade de vida dos pobres e de soluções estruturais para a economia mundial. “É necessário, portanto, corrigir os modelos de crescimento incapazes de garantir o respeito ao meio ambiente, o acolhimento da vida, o cuidado da família, a equidade social, a dignidade dos trabalhadores e os direitos das futuras gerações (Papa Francisco, 2015, nº 137). (…)
A economia de mercado está baseada nas diferentes maneiras de gerar riqueza rentabilidade e não na organização de uma estrutura econômica capaz de gerar renda, emprego e condições de vida ao maior número de pessoas. A expressão “capitalismo improdutivo, é do estudioso do tema da economia Ladislau Dowbor e expressa a noção hegemônica na economia atual. O rentismo ou a aplicação do dinheiro para gerar mais dinheiro é uma das formas mais rentáveis de investimento.
Para se ter uma ideia, utilizando uma referência bem geral, enquanto a tendência do investimento produtivo, investimento em indústria, por exemplo, cresce numa faixa de 2,5%, o investimento em mercados de aplicação rende a uma margem de 7,5%. O questionamento que o Dowbor faz diz respeito à viabilidade deste modelo econômico a longo prazo, além do crescimento desigual e da amplificação das desigualdades, com todas as suas consequências ao conjunto da população.
MEZADRI, Neri e Grupo de Pesquisa Teologia, Educação e Justiça Social (Economia de Francisco), Itepa Faculdades, 17.8.2024 https://itepa.com.br/2024/08/17/uma-economia-a-servico-das-pessoas/