Há inúmeras maneiras de nominar ou diagnosticar o momento histórico em que vivemos enquanto humanidade. A sensação de que vivemos uma crise (ou um conjunto delas) profunda, civilizatória, ou que estamos à beira de um colapso. Não há como negar que no centro desta crise está o modo como pensamos a economia. A economia passou a ser pauta cotidiana, mobilizada por diferentes razões e perspectivas.
Por um lado, parece que a economia é uma realidade supra-humana e que tem autonomia e autogoverno. Os economistas os deuses “futuristas”. Mas de que economia estamos falando quando o acesso e a concentração do dinheiro e dos bens produzidos é restrito a um grupo, enquanto grande parte da população não têm o mínimo para sobreviver e/ou viver dignamente?
Economia em vista do bem comum
A economia – que em sua origem etimológica está ligada à casa (oikos) e à administração (nomos) – contemporânea não tem como objetivo a administração da casa comum e não se coloca a serviço da vida. O Papa Francisco tem chamado atenção para se pensar uma nova economia, “economia diferente, que faz viver e não mata, inclui e não exclui, humaniza e não desumaniza, cuida da criação e não a depreda” (2019).
Já na Carta Encíclica Laudato Si’: sobre o cuidado da Casa Comum, o Papa provocava a pensar sobre a conexão e salvaguarda do ambiente e a realidade dos pobres, e que não se pode separar a busca pela justiça, da qualidade de vida dos pobres e de soluções estruturais para a economia mundial. “É necessário, portanto, corrigir os modelos de crescimento incapazes de garantir o respeito ao meio ambiente, o acolhimento da vida, o cuidado da família, a equidade social, a dignidade dos trabalhadores e os direitos das futuras gerações (Papa Francisco, 2015, nº 137)
Os limites da “economia improdutiva”
A economia de mercado está baseada nas diferentes maneiras de gerar riqueza rentabilidade e não na organização de uma estrutura econômica capaz de gerar renda, emprego e condições de vida ao maio número de pessoas. A expressão “capitalismo improdutivo, é do estudioso do tema da economia Ladislau Dowbor e expressa a noção hegemônica na economia atual. O rentismo ou a aplicação do dinheiro para gerar mais dinheiro é uma das formas mais rentáveis de investimento.
Para se ter uma ideia, utilizando uma referência bem geral, enquanto a tendência do investimento produtivo, investimento em indústria, por exemplo, cresce numa faixa de 2,5%, o investimento em mercados de aplicação rende a uma margem de 7,5%. O questionamento que o Dowbor faz diz respeito à viabilidade deste modelo econômico a longo prazo, além do crescimento desigual e da amplificação das desigualdades, com todas as suas consequências ao conjunto da população.
Questões para responder:
1) É possível pensar uma economia que tenha como critério o ser humano?
2) Quem sustenta este modelo econômico como hegemônico? Como mudar?
Imagem: Vatican News
Foto: Grupo de Pesquisa Teologia, educação e justiça social (Economia de Clara e Francisco)