Na década de 1960, tempo em que a América Latina gemia pressionada pela subtração da democracia, dos direitos sócio-políticos e humanos, a Igreja Católica, reunida em torno de seu Pontífice no Concílio Vaticano II (1965-1968), sob a inspiração do Espírito Santo e num retorno às suas fontes primeiras, passou apresentar-se ao mundo com nova identidade e a estender a cidadania eclesial plena a todos os seus fiéis: bispos, presbíteros, diáconos, religiosos e leigos, compreendo-os, em virtude do batismo, como constituintes e plenos da dignidade de Povo de Deus, membros ligados ao Corpo místico de Cristo.
Um dos aspetos mais inovadores trazidos pelo Concílio, inscritos na Lumen Gentium, é dado pela recuperação da doutrina sobre o “sacerdócio comum dos fiéis” (LG 10), pelo qual se volta a compreender, como assim era entendido nas primícias da Igreja, a importância central dos leigos na vida de uma Igreja de escuta sinodal.
A Sinodalidade, apoiada na valorização do sacerdócio comum dos fiéis e no batismo como fonte de toda vocação da Igreja, expressa um traço fundamental da identidade eclesial: a sua dimensão comunitária primária, a sua missão evangelizadora essencial, colocada sob a orientação do Espírito Santo. “É a forma pela qual se historicizam a vocação originária e a missão intrínseca da Igreja: reunir todas as pessoas da terra, de todos os tempos e épocas, para torná-las participantes da salvação e da alegria de Cristo”[1].
Decorre dessa nova identidade de Igreja a conscientização de que todo o Povo de Deus deve ser um sujeito participativo e co-responsável, chamado à participação ativa na missão dessa Igreja, como dever indispensável e necessário, formando, assim, uma Igreja apta a cumprir sua missão salvífica.
Para Papa Francisco (…) “todos os membros da Igreja “são sujeitos ativos de evangelização e “discípulos missionários” (EG 120). E acresce: “caminhar juntos é a via constitutiva da Igreja; a peculiaridade que nos permite interpretar a realidade com os olhos e o coração de Deus; a condição para seguir o Senhor Jesus e ser servos da vida neste tempo ferido. Fôlego e passo sinodal revelam o que somos e o dinamismo da comunhão que anima as nossas decisões”[2].
Eliene Honorio Moraes
Acadêmica em Teologia
Itepa Faculdades
Prof. Selina Maria Dal Moro
Itepa Faculdades
[1] CZERNY, Cardeal Michael S.J. Lumen gentium e a pirâmide invertida (parte 1), https://pom.org.br/rumo-a-igreja-sinodal. Acesso em 26 de março de 2024.
[2] Papa FRANCISCO, Discurso por ocasião da abertura da 70ª Assembleia Geral da Conferência Episcopal Italiana, 22 de maio de 2017, https://www.ihu.unisinos.br/noticias/. Acesso em 15 de maio de 2024.
Fotos: Arquivo Itepa Faculdades
Foto 1: Reinício das aulas – 2º semestre 2024, sobre as Constituições do Vaticano II.
Foto 2: Seminário de IVC – maio de 2024.