No início do percurso sinodal, afirmara o Papa Francisco: “Vivamos este Sínodo no espírito da ardente oração que Jesus dirigiu ao Pai pelos seus: “Para que todos sejam um só” (Jo 17, 21). É a isto que somos chamados: à unidade, à comunhão, à fraternidade que nasce de nos sentirmos abraçados pelo único amor de Deus” (Discurso do Papa Francisco, 09 de outubro de 2021). De fato, em meio à indiferença perpetrada, sobretudo, por causa do egoísmo humano, é preciso resgatar o cerne de nossa fé cristã: o amor de Deus que nos fez todos irmãos e irmãs.
Em contiguidade à vivência sinodal é importante rememorar a Constituição Dogmática Lumen Gentium (LG). Este texto trata da natureza da Igreja e enfatiza a importância da participação ativa de todos os seus membros na vivência eclesial. Por isso, atualmente, ela nos inspira à dinâmica da unidade em detrimento de uma cultura egocêntrica que tende à vivência de uma fé individualista e indiferente, o que, em sua essência, é extremamente equivocada.
Neste belíssimo texto somos exortados à vivência afetiva e efetiva da unidade, na certeza de que “O filho de Deus, vencendo, na natureza humana a Si unida, a morte, com a Sua morte e ressurreição, remiu o homem e transformou-o em nova criatura (cf. Gál. 6,15; 2 Cor. 5,17). Pois, comunicando o Seu Espírito, fez misteriosamente de todos os Seus irmãos, chamados de entre todos os povos, como que o Seu Corpo” (LG, n. 7).
Não há como viver a missão em nossas comunidades eclesiais se, antes, não pressupormos tal certeza: somos um só corpo e, portanto, uma só família. A LG, neste sentido, provoca-nos à sensibilidade em relação aos nossos irmãos e irmãs, isto porque o espírito sinodal promove a comunhão e a colaboração entre os membros da Igreja, reconhecendo que todos têm um papel vital a desempenhar na missão evangelizadora. Por isso, somos chamados a viver em comunhão uns com os outros, compartilhando os dons e talentos para o bem comum.
Ao olhar para a Lumen Gentium como fonte de inspiração, lembremo-nos de que uma das referências à Igreja é a compreensão de Povo de Deus. Neste sentido, somos, enquanto comunidades, exortados à uma cultura missionária de participação e comunhão, enquanto único Povo. Que o espírito sinodal se torne, cada vez mais, realidade viva e palpável, fortalecendo nossas comunidades eclesiais.
Estamos vivendo nossa missão comunitária através da comunhão e participação? Quais atitudes podem contribuir para a vivência da unidade?
Pe. Felipe Varela
Formador – Diocese de Lages
Silvonei Luiz Roling
Graduado em Teologia pela Itepa Faculdades