A Sacrosanctum Concilium, traz consigo uma proposta que é bem clara já em suas primeiras linhas: […] “propõem-se fomentar sempre mais a vida cristã entre os fiéis; […] favorecer tudo o que possa contribuir para a união dos que creem em Cristo” (S.C n. 1). Assim, é possível perceber um movimento que trouxe a vivência litúrgica para mais próximo de todos os fiéis.
Lançando um olhar mais aprofundado sobre o próprio termo “liturgein”, este significa “ação do povo”. Deduz-se que a liturgia está totalmente ligada a todo o povo de Deus; é relação próxima, não ficando em algo exterior. Isso é o mais amplo sentido da liturgia orante. Rezar a liturgia não é algo que se pode participar de forma distante. Por isso, o viver litúrgico geralmente se dá em um local em comum em que as pessoas se reúnem, ficam próximas, não são meros espectadores, mas vivem o que é partilhado e celebrado. Este local costumeiramente se chama comunidade, Igreja local, em que pessoas diversas vivem em unidade, celebrando o Mistério Pascal.
Rezar, a partir deste olhar, não é mais cumprir ritos e gestos por obrigação. Pelo contrário, somos convidados a compreender o que estamos rezando, compreender os gestos que se está praticando. É a inteligibilidade da fé, redescoberta com o Concílio Vaticano II. O contrário disso, poderíamos ter comunidades de tarefeiros, em que as pessoas participam porque têm uma atividade para fazer. E frente a esta situação é preciso louvar e agradecer o quão importante foi a mudança para a língua vernácula, possibilitando que o povo pudesse melhor compreender e melhor viver o que celebra.
A partir da Sacrosanctum Concilium, abriu-se este novo horizonte na forma de rezar e viver a liturgia. A beleza litúrgica está no ato de vivenciá-la, compreendendo que, verdadeiramente, o Cristo está presente nas ações litúrgicas. “A liturgia é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força. Pois os trabalhos apostólicos se ordenam a isso: que todos, feitos pela fé e pelo Batismo filhos de Deus, juntos se reúnam, louvem a Deus no meio da Igreja, participem do sacrifício e comam a ceia do Senhor” (S.C n. 10). É nesta participação vivencial, que se dá o verdadeiro encontro com o Cristo e a oração do seu povo reunido.
Pe. Rene Antonio Zanandrea
Mestre em Teologia
Professor da Itepa Faculdades
Cléber Vieira da Silva
Bacharel em Teologia pela Itepa Faculdades