A Liturgia como dimensão formativa do Povo de Deus

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A liturgia é, ao mesmo tempo, fonte e ápice da vida da Igreja (cf. SC, 10), ou seja, dela é que tudo parte e a ela tudo converge. Nela, pela força do Espírito Santo, o Senhor Jesus toca cada batizado que se reúne para celebrar os sacramentos, de modo especial a Eucaristia, na qual a força salvadora da Páscoa nos alcança.

Cristo confiou à sua Igreja a missão de continuar no mundo, por suas palavras e ações, sua obra de Salvação, tornando presente hoje a História da Salvação, e o faz através da liturgia, que rompe os limites do tempo e do espaço e nos faz participantes da vida de Deus que nos atrai através daquele convite feito aos discípulos: “tenho desejado ardentemente comer convosco esta ceia pascal, antes de padecer” (Lc 22,15).

Neste admirável chamado estão presentes os discípulos de ontem, de hoje e de toda a eternidade, mesmo que ainda nem todos tenham se dado conta: “o mundo ainda não o sabe, mas todos são convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro (Ap 19,9)” (Desiderio Desideravi, n. 5), que sintetiza a missão da Igreja, seu impulso missionário que pretende levar aos confins do mundo o Evangelho para que todos possam, pela fé, se sentar à mesa da Ceia do sacrifício do Cordeiro, alimentar-se dele e viver com Ele, por Ele e n’Ele. Da e na Eucaristia nasce, alimenta-se e se consuma a missão da Igreja! Como não nos admirarmos diante de tão precioso dom? Afinal, este precioso dom não pode nos passar despercebido, como nos ensina o Papa Francisco: se faltasse a admiração, “o estupor diante do mistério Pascal que se faz presente na realidade dos sinais sacramentais, poderíamos realmente correr o risco de ser impermeáveis ao oceano de graça que inunda cada Celebração” (DD, 24).

Diante das maravilhas que celebramos na Sagrada Liturgia, precisamos nos empenhar decididamente e empreendermos um sólido e vital caminho de formação litúrgica. Trata-se de nos formarmos para a liturgia por meio de uma catequese que conduza ao mistério que celebramos (catequese mistagógica) e, também, de nos empenharmos na arte de celebrar, pois somos formados pela própria celebração e por sua ritualidade.

Tal recuperação em hipótese alguma pode acontecer de modo improvisado, pois “como qualquer arte requer aplicação constante… É necessária uma diligente dedicação às Celebrações, deixando que a própria Celebração nos transmita a sua arte” (DD, 50). Desse modo, cada um, de acordo com o ministério que exerce, vai se deixando plasmar pela liturgia que celebra, já que “cada gesto e cada palavra contêm uma ação precisa que é sempre nova, porque encontra um instante sempre novo de nossa vida” (DD, 53).

Por esta razão, mais do que nunca, é preciso redescobrir, custodiar e viver a verdade e a força da celebração cristã. Afirma Francisco: “gostaria que a beleza da Celebração cristã e suas necessárias consequências na vida da Igreja não fossem deturpadas por uma compreensão superficial e redutiva do seu valor, pior ainda, por uma instrumentalização a serviço de alguma visão ideológica, seja qual for” (DD, 16), sempre cuidando para que “todos os aspectos da celebração (espaço, tempo, gestos, palavras, objetos, vestimentas, cantos, música…) e cada rubrica [seja] observada: essa atenção seria suficiente para não furtar a assembleia  do que lhe é devido, isto é, o Mistério Pascal celebrado na modalidade ritual que a Igreja estabelece” (DD, 23).

Pe. Antonio Eduardo Pereira Pontes Oliveira
Presbítero da Diocese de Palmas – Franciso Beltrão/PR. Especialização em Liturgia e em Arte Sacra e Arquitetura do Espaço Litúrgico pela Faculdade São Basílio Magno – FASBAM – Curitiba/PR. Professor de Introdução à Teologia da Liturgia e de Fundamentos Bíblicos e Teológicos da Música Sacra Litúrgica na Especialização em Música Sacra Litúrgica da FASBAM.

Pe. Rene Zanandrea
Presbítero da Diocese de Vacaria/RS. Mestre em Teologia com Área de Concentração: Teologia Prática, EST, São Leopoldo/RS; Licenciado em Filosofia. UPF, Passo Fundo, RS; Graduado em Teologia e Pastoral, Itepa Faculdades, Passo Fundo/RS.

Claudir Antonio Catto
Seminarista da Diocse de Palmas – Francisco Beltrão/PR. Acadêmico do Bacharelado em Teologia pela Itepa Faculdades.