Pe. Ivanir Antonio Rodighero[1]
O ato de caminhar juntos acontece desde as origens da fé cristã, como relata o Evangelho segundo Marcos: Jesus anunciou o projeto do Reino de Deus (1,14-15) que é vida justa para todos, aberta a um mais; depois Ele organizou o grupo dos primeiros discípulos (1,16-20), os quais continuaram a missão com o Mestre e, após a ressurreição, receberam o Espírito Santo (Jo 20,22). O ideal da vida em comunidade (At 2,42-48) retrata esta perspectiva sinodal nas comunidades cristãs.
A Faculdade de Teologia e Ciências Humanas – Itepa Faculdades nasceu num contexto marcado pela retomada da sinodalidade na Igreja, principalmente com o Concílio Vaticano II, a Conferência de Medellín e as orientações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Estas instâncias através de seus respectivos documentos, a cunharam como princípio da ação eclesial. A criação da Itepa Faculdades pelas dioceses de Erexim, Frederico Westphalen, Passo Fundo e Vacaria se deu com o objetivo de torná-la centro de formação que capacitasse intelectual e pastoralmente os futuros agentes de Evangelização – presbíteros, leigos e religiosos. No ato de criação desta Instituição e no posterior processo de formação não se utilizou propriamente o termo “sinodalidade”. Porém, na perspectiva dos fundadores e posteriormente na de seus docentes e discentes, o espírito do caminhar juntos, de tomar parte na ação, realizar atividades em equipe, ser sujeito entre outros sujeitos, etc. se consolidou como horizonte orientador do projeto teológico-formativo e pastoral. No processo deliberativo e na concretização do projeto de criação da Instituição, o caminho sinodal explicitou-se através das Constituições, vivências, reflexões e na elaboração de dois fascículos sobre o método participativo.
A Itepa Faculdades para exercer sua missão, organizou-se em três “instâncias de sinodalidade”. Estas distinguem-se pelas suas especificidades e, para manter o espírito que orientou a criação desta Instituição optaram pelo diálogo contínuo. A primeira instância contempla a institucionalidade e compõe-se pelos integrantes do corpo diretivo, pelos docentes e pelos acadêmicos. No projeto pedagógico estão previstas reuniões semanais da direção, reuniões mensais com os docentes e com a equipe técnica. Os discentes, com seu diretório, chamado de Daitepa. A exigência básica para que o processo mantenha seu caráter formativo originário é a preparação, a participação ativa e a elaboração de relatórios, memórias ou sínteses. O “Guia do estudante”, elaborado anualmente, reafirma as questões permanentes e explicita o novo que emerge no caminhar a partir das avaliações.
A segunda instância de sinodalidade se liga ao diálogo constante com as Igrejas particulares para relatar atividades realizadas e perspectivas futuras a fim de prosseguir no caminho formativo. A Itepa Faculdades prevê ouvir, regularmente, os bispos, coordenadores de pastoral e representantes dos presbíteros, uma vez que os novos apelos pastorais surgem no seio das dioceses. Esse processo de escuta realiza-se no início de cada ano letivo. O encontro com os coordenadores de pastoral e os responsáveis pelo estágio dos acadêmicos também é um espaço fecundo de reflexão sobre os processos da ação evangelizadora em sintonia com a disciplina de Metodologia e Prática Pastoral, a CNBB e o magistério da Igreja. Mais recentemente necessita-se dialogar com as instâncias do Ministério da Educação – MEC.
A terceira instância da sinodalidade se estabelece no diálogo com outras instituições de formação, tais como: Institutos e Faculdades de Teologia do Rio Grande do Sul, para troca de experiências e aprofundamentos teológico-pastorais; com outras instituições de ensino superior, com prioridade as localizadas em Passo Fundo, a Faculdade Meridional-IMED-Campus Passo Fundo; a Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Passo Fundo – UFFS e, principalmente, com a Universidade de Passo Fundo-UPF, espaços que incentivam a mútua colaboração no ensino, na extensão e na pesquisa.
Ao concluir, reafirma-se que a sinodalidade requer uma postura de humildade para escutar de forma permanente os apelos do Espírito que se manifestam na natureza, nos clamores dos pobres, nas crises do povo de Deus.
[1] Possui graduação em Filosofia pela Universidade de Passo Fundo (1982), graduação em Teologia pelo Instituto de Teologia e Pastoral de Passo Fundo (1986), especialização em Epistemologia das Ciências Sociais (1993) pela Universidade de Passo Fundo e mestrado em Teologia Dogmática pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção (1995).