INÍCIO DAS AULAS | PROXIMIDADE DA VACINA | TEMPOS DE ESPERANÇAR E SONHAR COM OS PÉS NO CHÃO

Na graça e na paz saudamos todos os membros da família Itepa Faculdades. Depois de um período de férias estamos prestes a reiniciar as atividades do ano 2021. Esperamos que tenham renovado as energias e estejam esperançosos para darmos sequência ao fazer teológico, seguindo os passos de Jesus. Deixaram tudo para seguir a Jesus … Nesta disposição e na certeza que o Senhor nos acompanha neste novo ano retomamos nossas atividades, enquanto comunidade acadêmica. Acolhemos a todos: acadêmicos, equipe técnica e professores. Particularmente, nossa fraterna acolhida aos acadêmicos das Dioceses de Palmas e Lages que passam a fazer parte de nossa Faculdade. Sejam bem-vindos a esta Faculdade e, utilizando uma expressão do Papa Francisco, “não se acanhem”.

O caminho que temos pela frente se faz esperançoso, por sua vez, não sem preocupação. A tão esperada vacina se aproxima e, paulatinamente, conforme os critérios adotados pelos órgãos governamentais da saúde, todos serão imunizados. Neste sentido, manifestamos nossa alegria com todas as pessoas e governos que investiram e apostaram na ciência visando a descoberta da vacina. Expressamos nossa solidariedade com milhares de famílias enlutadas, particularmente as que fazem parte da Itepa Faculdades. O cenário mostra-se esperançoso, porém, nossos cuidados devem continuar. No Evangelho de São Mateus encontramos a expressão forte de Jesus: sejam vigilantes, pois se o proprietário soubesse a hora em que viria o ladrão não deixaria que sua casa fosse roubada (Mt 24,43). Portanto, trata-se de uma atitude evangélica que provoca e desafia a seguir no caminho do diálogo e do discernimento coletivo.

Por isso, almejamos que o retorno das aulas do ano 2021 seja com espírito renovado e de esperança, mas cientes de que o caminho se faz caminhando. A expectativa é de confiança, mas também de cuidado e prudência, pois o cenário se apresenta ainda muito complexo. O Papa Francisco tem insistido em fazer deste tempo uma oportunidade, um tempo de conversão, de recomeçar construindo outro estilo de vida. Somos desafiados a reaprender e ressignificar a forma como gerimos/norteamos a vida, de como nos relacionamos com Deus, com nossos semelhantes e com a casa comum. Neste sentido, chama nossa atenção o cardeal Tolentino: “Não podemos abandonar a pandemia, mas devemos tornar a pandemia terra de missão. O aqui e o agora são sempre lugares onde Deus fala” (Cardeal Tolentino novembro de 2020).

Se a pandemia é “terra de missão”, nas palavras de Tolentino, faz-se necessário refletir de que forma nos colocamos frente a pandemia. É tempo de retornar ao normal? É hora de assumir os riscos? Queremos aulas presenciais em nossa Faculdade de Teologia? Seria uma atitude prudente?

Discernir e avaliar com responsabilidade este momento é fundamental para não colhermos frutos amargos. Nesta hora que se vislumbra perspectivas animadoras de solução para a Covid-19, que tanto afligiu e aflige a humanidade, não podemos ser irresponsáveis. Aqui podemos inclusive refletir sobre o ocorrido na comunidade dos Tessalonicenses, quando da espera imediata do Senhor. Diante da expectativa iminente da volta de Jesus, ou seja, a Parusia, a comunidade começou a se perder. Lendo esta carta descobrimos que o apóstolo São Paulo chamou atenção aos Tessalonicenses que estavam inclusive parando de trabalhar, porque tudo estava próximo. Paulo, de forma muito incisiva, criticou tal postura: “Quando estávamos entre vós, já damos esta ordem: quem não quer trabalhar também não há de comer. Ora, ouvimos dizer que alguns dentre vós levam vida à-toa, muito atarefados sem nada fazer” (2Ts 3,10).

Esta questão colocada por Paulo ajuda a pensar e refletir o momento da Pandemia. As expectativas da vacina e a vacinação dos grupos de frente e outras pessoas de maior risco não significa tranquilidade para o restante da população. Aqui valeria os conselhos das mães: “filho falta pouco, vá com calma que você chega também”; “quem tem pressa come cru”; ou, como diz a música, “ando devagar porque já tive pressa…”.

A pandemia como “terra de missão” significa oportunidade de conversão em vista de uma nova humanidade. O Papa Francisco tem chamado este caminho de “novo estilo de vida”. Mais do que um problema localizado, a pandemia, na expressão do Papa, escancarou um mundo já doente e debilitado.

Nestes momentos de profunda fragilidade temos a oportunidade de refletir sobre o essencial. E aqui olhando para Jesus chegamos à conclusão que o essencial é o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6,33). Não percamos a esperança, vivamos com prudência, agindo com responsabilidade e solidariedade. É a chance de aprendizado e de recomeçar a partir de outro estilo de vida. Se após este processo longo, restritivo e doloroso para milhares de famílias, que perderam seus ente queridos, ou que tenham passado pela doença, ainda estamos esperando para que tudo “volte ao que era antes”, não teremos aprendido nada infelizmente. Não deixemos escapar esta oportunidade, “sigamos em frente”, na expressão do Papa Francisco. Como estou disposto a seguir neste caminho?

Tendo por norte estas considerações, e por objetivo maior que é o cuidado do bem mais precioso que nos foi confiado, a vida, é que em nome da direção contamos com a solidariedade e contribuição para continuar o caminho teológico nos cuidando. Como família Itepa Faculdades precisamos fazer esta trajetória com fé em Cristo “caminho, verdade e vida” (Jo 14,6). Amparados na autorização do MEC e no diálogo participativo, enquanto coordenação decidimos manter as aulas na modalidade presencial online até passar a ‘tempestade’.

Com esperança, continuamos unidos, atentos aos sinais dos tempos e fazendo da pandemia uma terra de missão.

Direção da Itepa Faculdades