Já se passaram cinco anos do lançamento da Encíclica Laudato Si pelo Papa Francisco (24 de maio de 2015). No documento, o Papa discorre sobre a necessidade de toda a humanidade assumir, com convicção, o caminho de cuidado e zelo pelo Planeta Terra que está gravemente enfermo. A terra, chamada nossa irmã, “clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou” (LS 2).Francisco faz um apelo a toda humanidade: “o urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar”. (LS 13)
Desde longos tempos passados a humanidade vem assumindo caminhos contraditórios quanto à questão ecológica. Ainda não se chegou a um acordo mundial sobre o limite da emissão de poluentes. Os encontros internacionais não têm conseguido avançar nos acordos devido à resistência das grandes potências mundiais.
No Brasil, estamos sendo governados por um grupo político que tem se posicionado contrário a tudo o que se sugere sobre a preservação ambiental ou manejo responsável dos bens da natureza. O combate às queimadas na região Amazônica, no ano passado, só teve interferência mais objetiva do governo devido à pressão internacional. Recentemente foram publicados dados que demostram o aumento da destruição da Floresta Amazônica. As constantes interferências nos órgãos de fiscalização federais contribuem para limitar o combate à criminalidade ambiental. Enquanto isso madeireiros e garimpeiros continuam agindo de forma ilegal, destruindo o ecossistema e ameaçando os povos da floresta.
Lembremos também os desastres de Paulo Bento e Brumadinho (MG), regiões de mineração. Muita dor e destruição. A terra rasgada e ferida lembra a alma ferida daquelas pessoas que perderam seus entes queridos, tragados pelas águas das barragens que se romperam.
Quando o Papa se referia à enfermidade do Planeta dizia da sua relação com a enfermidade da humanidade. Tudo está interligado. Hoje, a humanidade teme o avanço da corona vírus ou COVID 19. Impressiona o número de mortos no mundo. Ainda estamos correndo atrás de algum medicamento que freie esta doença ou iniba seus efeitos devastadores. Se não percebíamos a doença do Planeta Terra, agora percebemos a doença da humanidade. Nossa casa comum ficou tão “bagunçada” que sobreveio a enfermidade também para os seus moradores. “Bagunçou” a nossa vida de uma forma muito dolorida. Tem nos deixado inseguros e temerosos quanto ao futuro. Muitas vezes aprendemos com a dor e o sofrimento. Que esses nos deixem mais responsáveis, cuidadosos, zeloso; possam nos ajudar a cuidar da nossa casa e da humanidade que mora nela. Temos um caminho a percorrer. Somos responsáveis pelo percurso.
A celebração dos cinco anos do lançamento da Encíclica Laudado Si convida à reflexão crítica sobre o que continuamos fazendo com a nossa mãe Terra. O Documento aponta um caminho, sugere algumas atitudes a partir da ideia da ecologia integral (capítulo IV). Convida à conversão ecológica que consiste em “examinar as nossas vidas e reconhecer de que modo ofendemos a criação de Deus com as nossas ações e com a nossa incapacidade de agir. Devemos fazer a experiência de uma conversão, de uma mudança de coração” (LS 218).
Mas o documento convida também à renovação da esperança militante. Nesta semana de celebração e compromisso renovemos a opção de cuidar da casa comum. Estaremos, assim, cuidando também das nossas vidas e do futuro das próximas gerações.
Pe. Ari Antonio dos Reis