Em seu primeiro capítulo a Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christus Vivit, nos testemunha que a Palavra de Deus também é direcionada ao coração dos jovens. Deus encontra no jovem a sinceridade de abertura para a novidade do outro e a busca por um mundo melhor. O coração de Deus e do jovem estão abertos a uma profunda e verdadeira sintonia. “Isso significa que a verdadeira juventude é ter um coração capaz de amar” (n. 13).
Deus fala ao coração do jovem
Recordado a figura de Gedeão, personagem do período dos juízes da história de Israel, a Exortação nos recorda que Deus chama o jovem, pois sabe: “que a sinceridade dos jovens, que não acostumam adocicar a realidade” (n. 7). Deus se revela ao jovem pois reconhece nele o assombro por todas as realidades de injustiça.
No coração do jovem se reflete os anseios por um mundo mais humano. Porque, “é próprio do coração jovem se dispor a mudar, ser capaz de se levantar e se deixar ensinar pela vida” (n. 12). Em seu coração não há espaço para a indiferença, mas é o lugar do encontro com o mundo. Neste encontro que acontece no mais profundo do seu ser, se reflete o sonho e a esperança por tempos novos. “Um jovem não pode estar desanimado, é próprio dele sonhar coisas grandes, buscando horizontes amplos, ousar mais, querer conquistar o mundo, ser capaz de aceitar propostas desafiadoras e querer dar o melhor de si para construir algo melhor.” (n. 15).
O jovem é a esperança
Ao mesmo tempo que o jovem reflete o horizonte da novidade, nunca pode perder a consciência histórica. É pela experiência dos acertos e dos erros do passado, que o jovem é chamado a discernir os caminhos do futuro. “Um jovem sábio se abre ao futuro, mas sempre é capaz de resgatar algo da experiência dos outros” (n. 16). A audácia da juventude deve nos mover para pedirmos o dom da sabedoria e a força de Deus. Um exemplo impactante das sagradas escrituras é a generosidade de Rute, que permanece com sua sogra, mesmo em tempos de desgraça (Rt 1,1-18). Os jovens são a alegria e a esperança dos anciões.
As Sagradas Escrituras também exortam aos adultos a não olhar com desprezo os jovens. Pois, diante do olhar dos discípulos, Jesus apresenta o jovem como exemplo de serviço: “O maior entre vós seja como o mais jovem” (Lc 22,26b). Jesus nos chama a sempre estarmos abertos a novidade do Espírito Santo. Por isso, insiste o Papa Francisco: “que não se deixem roubar a esperança, e a cada um repito: ‘Ninguém te menospreze por seres jovem’ (1Tm 4,12a)” (n. 15).
Como também a Palavra do Evangelho observa que a juventude não pode ser motivo de um egoísmo idolátrico, de indiferença e de desprezo aos outros. Cuidado para não desgastar a própria juventude pelo próprio egoísmo. “Porque a pessoa pode passar sua juventude distraída, voando pela superfície da vida, entorpecida, incapaz de cultivar relacionamentos profundos e entrar nas profundezas da vida. Desse modo, prepara um futuro pobre, sem substância” (n. 19). Um exemplo é o jovem rico que aparece na narrativa de Mateus 19,16-30: “se aproxima de Jesus para pedir algo a mais, com aquele espírito aberto dos jovens, que busca novos horizontes e grandes desafios. Na realidade, seu espírito não era tão jovem, porque estava agarrado às riquezas e ao conforto. […] Havia renunciado à sua juventude.” (n 18).
Jesus a esperança sempre jovem
A Exortação também nos ajuda a reconhecer que “Jesus, é o eternamente jovem, quer nos dar um coração sempre jovem” (n.13). Ele nos convida a sermos revestido pelo “homem novo” (Cl 3.9-10), “isso significa que a verdadeira juventude é ter um coração capaz de amar” (n.13). Jesus nos provoca a trilhar um caminho, onde “pode gastar sua juventude para cultivar coisas belas e grandes, e assim preparar um futuro cheio de vida e de riqueza interior” (n.19). Ele caminha conosco, sendo eternamente jovem, nos convidando a mergulharmos em águas mais profundas em nossa relação com o Pai e com o mundo. “Jesus se apresenta diante de ti como se apresentou ante o filho da viúva que havia morrido e com todo o seu poder de Ressuscitado, o Senhor te exorta: ‘Jovem, eu te digo, levanta-te!” (Lc 7,14)”. (n. 20). Ele é a riqueza perene de toda juventude.
Pe. Tiago André Guimarães