A periferia como lugar de atenção da Igreja de Passo Fundo

periferia Passo Fundo

Os representantes das 12 Paróquias da cidade de Passo Fundo, agentes de pastoral leigos e ministros ordenados, estão refletindo a presença da Igreja Católica nas comunidades de periferia. O Projeto ainda em discussão tem como título; “Rede de evangelização nas Comunidades de periferia”. Tem sido uma reflexão muito proveitosa que começa com o desafio de conhecermos melhor as periferias de Passo Fundo, lugar de muita luta e enfrentamentos na busca da sobrevivência, mas também de criatividade, solidariedade e cuidado com a vida.

Os dados justificam a proposta de trabalho. Dos mais de 200 mil habitantes da cidade de Passo Fundo, cerca de 45% moram nas periferias. Por periferia, na perspectiva geográfica, compreende-se os locais afastados do centro da cidade. Muitas vezes são lugares marcados pela negligencia quanto a oferta de serviços urbanos, garantidores de uma vida melhor.

A ocupação das áreas urbanas nem sempre acontece em condições de sobrevivência acessíveis a todos, com acesso aos diferentes serviços, que hipoteticamente permitiriam uma vida digna e cidadã. Estas dificuldades são potencializadas nas áreas de periferia. A precariedade das moradias e da infraestrutura externa denuncia uma forma de vida marcada por grandes problemas. A situação de desemprego, subemprego ou trabalho informal, aliadas a violência e outras dificuldades, afeta a vida das famílias.  Em muitas casas falta inclusive a alimentação diária, realidade que se pensava superada.

É tarefa da Igreja presente na cidade de Passo Fundo olhar mais atentamente para a periferia e fazer-se aliada deste contingente numeroso de pessoas, muitas vezes em situação de invisibilidade social. Esta presença já é visível através de inúmeras ações embasadas na intenção evangelizadora, sobretudo priorizando aspecto social. Contudo aquilo é que é objeto de amor sempre exige mais e há de se aprofundar a reflexão sobre esta presença carinhosa e atenciosa.

A pratica de Jesus é a grande referência para este objetivo. O Filho de Deus optou por começar a sua missão na periferia da Palestina, na região da Galileia, que era objeto de preconceito por parte do restante do país. A partir da Galileia Jesus foi anunciando o Reino de Deus, a grande novidade para todo o povo.  O Papa Francisco tem insistido em uma Igreja “em saída missionária”. Segundo ele a Igreja não pode ficar presa a sacristia sob o risco de adoecer. Na saída encontrará o seu sentido, a sua essência missionária. Recentemente foi publicado o novo documento que orientará a ação evangelizadora da Igreja no Brasil. O texto sugere um olhar atencioso para a pastoral urbana sobretudo para as realidades de pobreza, ou seja, ausência do mínimo necessário para viver com dignidade (DGAE, 58).

A presença da Igreja na cidade considera como prioridade a ação na periferia sem desconhecer as outras dimensões. Quando se pensou a proposta da “Rede de evangelização nas comunidades de periferia” compreendia-se a necessidade de somar esforços em vista de uma presença mais efetiva e qualificada da Igreja nestes locais, não no sentido proselitista, mas para viver mais plenamente a fidelidade ao evangelho de Jesus Cristo, que convida seus seguidores a fazerem-se servidores da humanidade (cf. Jo 13,112-17), especialmente os mais pobres.

Esperamos que esta proposta em discussão se faça realidade e oriente o agir eclesial na cidade de Passo Fundo. Que o Espirito Santo continue nos inspirando no que devemos pensar e fazer.

Pe Ari Antonio dos Reis