Partilha dos missionários reuniu alunos da 3ª turma da Pós-Graduação em Espiritualidade da Itepa Faculdades
Desde o último ano, a partir da proclamação feita pelo Papa Francisco, do Mês Missionário Extraordinário, a Itepa Faculdades reflete os desafios de ampliar a consciência missionária entre os alunos e professores. Para isso, a instituição assumiu duas propostas: elaborar um número da Revista Caminhando com o Itepa sobre o tema; e trabalhar para criar mais consciência de que nossa fé é missionária.
Dentro destas propostas, a Itepa promoveu na última quinta-feira (18), um encontro de partilha com missionários de Moçambique. O momento marcou especialmente a celebração dos 25 anos do Projeto Igrejas Solidárias, uma parceria entre a Igreja do Rio Grande do Sul e a Arquidiocese de Nampula, no norte do país africano.
Na ocasião, padre Ivanir Rampon, coordenador de pastoral da Arquidiocese de Passo Fundo, destacou os três grandes objetivos do Mês Missionário Extraordinário: Comemorar os 100 anos da publicação do documento Grande e Sublime Missão; fazer com que a missão se torne o paradigma de toda a ação da Igreja; e despertar, de novo, a missão ad gentes, para reavivar o intercambio missionário.
O encontro contou com a participação dos missionários José Paulo da Gama e Jorge Silane, leigos animadores das paróquias atendidas pela missão de Moçambique. Além deles, também estava presente a leiga Victória Holzbach, que viveu em Moçambique de 2016 até o início deste mês.
Para Victória, a missão é feita essencialmente de encontros. “A experiência missionária passa pelo encontro com Deus nas pessoas. A imagem de Deus recebe novo significado, porque agora ele tem rosto, sabor, cheiro, gosto e voz”, afirma a jovem.
José e Jorge relataram a organização das paróquias e destacaram a importância da presença da equipe missionária no local. “A missão é muito bem vinda porque nos ajuda e educa na fé cristã. Na consciência de nossos antepassados até nossos filhos, o branco era quem vinha para repreender, castigar. Com os missionários, compreendemos que tanto os negros como os brancos são para a liberdade. Precisamos da presença desta Igreja do Brasil que nos ajuda em muitas dimensões”, ressaltaram.
Os moçambicanos reforçaram ainda a importância da inculturação por parte dos missionários. Segundo eles é fundamental que se aprenda a língua macua e se respeite a cultura e a maneira de celebrar do povo. “As missas normalmente acontecem embaixo de árvores e contam com danças, cantos locais e muitas ofertas. São presentes que as pessoas trazem para oferecer, repartir e agradecer a Deus. É feito com alaridos, cantos e danças”, explicam os missionários.
Realidade Social e Eclesial
O último censo, de 2017, apontou que Moçambique possui quase 28 milhões de habitantes. Destes, 55% são muçulmanos e 45% cristãos. Quanto a moradia, 33,4% da população moçambicana vive em região urbana, enquanto 66,6% vive na zona rural. Na área da educação, a taxa de analfabetismo no país é de 39%. Atualmente, 38,6% das crianças estão fora da escola.
Os missionários, hoje dois padres e duas leigas, atendem duas Paróquias: São Miguel Arcanjo de Micane, com 106 comunidades; São Paulo Apóstolo, Larde, com 43 comunidades. Além disso, desenvolve dois projetos sociais: uma biblioteca comunitária e um espaço de alfabetização e reforço escolar para crianças e adolescentes.
Texto: Victória Holzbach