Nestes primeiros dias de maio acompanhamos, apesar da falta de informações da grande mídia, a 57ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, organizada pela CNBB. Apesar dos percalços e da migração de membros, a Igreja Católica ainda é a principal instituição religiosa do Brasil pela visibilidade social e pelo número de adeptos.
A invisibilidade nos noticiários se dá pelo fato das posições proféticas da Igreja nem sempre estarem afeitas ao que a grande mídia, profundamente conectada com mentalidade neoliberal, considera importante. Falar de justiça social, cuidado com os pobres, solidariedade aos povos indígenas e quilombolas, preservação ambiental, estão entres as questões consideradas importantes para a Igreja, sinal do compromisso com o Evangelho de Jesus Cristo, mas de importância mínima para o neoliberalismo. Portanto não vira notícia.
Contudo, decisões importantes foram tomadas e posicionamentos proféticos foram reiterados, dentre os quais a mensagem aos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, apoio ao pontificado do Papa Francisco e carta ao povo brasileiro. Nestes pronunciamentos a Igreja reforça seu compromisso de advogada da justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sócias e econômicas que clamam ao céu (DAp 395).
Quanto às decisões tomadas, lembra-se a proposta das novas diretrizes para a ação evangelizadora no Brasil, válidas para os próximos quatro anos, com uma orientação explicita de diálogo e ação missionária no mundo urbano. Esta orientação vem revigorar as iniciativas já tomadas nos últimos anos, embasadas na preocupação evangélica com os homens e mulheres que habitam os centros urbanos em suas diferentes situações.
Também foi escolhida a nova presidência da CNBB: presidente, dois vice-presidentes e secretário geral. A responsabilidade deste grupo, na perspectiva do serviço à Igreja, é fazer com que as diretrizes da ação evangelizadora, acordadas na Assembleia se encarnem na ação pastoral da Igreja, nas suas diferentes comunidades espalhadas por todo o Brasil. Estes pastores logo que eleitos fizeram questão de manifestar a comunhão e fidelidade ao pontificado do Papa Francisco naquilo que tem proposto para a Igreja.
Até sexta-feira serão escolhidos os presidentes das Comissões Episcopais, voltadas aos públicos específicos, aos quais a Igreja dedica uma atenção especial. Os bispos presidentes das Comissões Episcopais comporão o CONSEP – Conselho de Pastoral, e terão uma missão valiosa segundo o princípio do diálogo e da colegialidade, pois ajudarão, nos encontros periódicos, refletir e dar direcionamento ao trabalho evangelizador da Igreja.
O futuro da missão evangelizadora da Igreja está sendo refletido nestes dias. Isto acontece no espirito de colegialidade e comunhão, característica da CNBB. As diferentes posturas eclesiológicas não podem macular o que é princípio da tradição cristã, a fidelidade convicta ao evangelho de Jesus Cristo e o compromisso com o Reino por ele anunciado. Que o Espirito Santo inspire e ilumine nossos pastores nestes dias de encontro que apontam um caminho de esperança para a nossa Igreja.
Pe Ari Antonio dos Reis