Muitos pensam que a oração do Santo Rosário ou até mesmo do Santo Terço é uma prática antiquada e monótona por ser repetitiva. Diante desta compreensão nos propomos refletir um pouco sobre essa questão da repetição, tomando como referência as obras de Deus que para sua continuidade seguem o fator da repetição..
Ano após ano, passamos a cada três meses por uma estação climática. A primavera, depois o verão, em seguida o outono e depois o inverno, para a partir de então, recomeçarmos da primavera, sempre assim, repetidamente e continuamente.
Tantas outras coisas em nossa vida e ao nosso redor seguem o plano divino, muitas das quais, ninguém a seu respeito as intitulou de monótonas. Pode-se dizer que é porque são essenciais para a vida humana.
Pois muito bem, da mesma forma precisa ser nossa vida espiritual. Já que somos um composto de corpo e alma, temos a mesma necessidade de repetir continuamente as mesmas orações, os mesmos atos de fé, de esperança e de caridade para termos vida, visto que a nossa vida é uma participação continuada da vida de Deus. Quando os discípulos pediram a Jesus que os ensinasse a rezar e receberam do mestre a belíssima oração do Pai Nosso, Ele não colocou prazo de validade a esta oração, ensinando que ela deveria ser substituída quando passados um número de vezes em que ela foi recitada porque ela teria se tornado antiga e monótona. Não foi isso que aconteceu.
Os que rezam diariamente o seu Rosário repetem o ritmo dos encontros familiares cotidianos para uma troca de notícias, para externar agradecimento, ajudar, trocar experiências e ensinamentos. Nesses encontros acontece o intercâmbio e a troca do amor, de um para com todos, de todos para com cada um e entre todos. Na família, o reencontro no lar, depois de um dia de muitos acontecimentos não é uma coisa qualquer. É motivo de celebração e agradecimento porque ao sairmos cedo de casa não sabíamos se todos iríamos nos reencontrar no fim do dia.
O Rosário coloca uma direção e propicia o reencontro cotidiano com a Mãe de Deus e nossa Mãe, exigindo uma disciplina mental e espiritual para quem o recita. O foco é Jesus e nessa meditação sobre seu evangelho vai-se recorrendo a Maria Santíssima para que ela nos ajude a nos configurarmos ao seu filho, fazermos tudo que Ele nos pedir e, assim, vivermos segundo a vontade do Pai.
Letícia Andrade da Silva, acadêmica do curso de Graduação em Teologia