Chegamos ao final de mais um ano. Nessa época, ouve-se muito dizer: “mais um fim de ano!”; “como este ano passou depressa, nem vi o tempo passar!”; “que bom que as férias já estão à vista!”; e muitas outras exclamações nesse sentido. Mas, esse ano, não é um fim de ano qualquer. Também não é a entrada de um ano qualquer. O término desse ano nos faz voltar na história e nos projeta para um novo futuro. Da história quero apenas lembrar os últimos três anos. Através deles, o Papa João Paulo II, nos desafiou a refletirmos, estudarmos e, acima de tudo, celebrarmos nossa vida a partir das pessoas da Santíssima Trindade.
Em 1997 destacamos Jesus Cristo que, na pessoa do Filho, Deus torna—se carne, “sarx”, se faz condição humana e vem habitar entre nós para revelar o mistério desse Deus (cf. Jo 1,1-18). Por isso, o Concílio Vaticano II nos ensina que o mistério da vida de cada ser humano, se quiser sair de seu enigma e encontrar sentido, deve colocar-se à luz de Jesus Cristo. Daí o convite do Papa: a catequese deve judar “na redescoberta de Cristo Salvador e Evangelizador”(Tertio Millennio Adveniente).
Em 1998, dedicamos ao Espírito Santo e à sua presença santiíicadora no seio da Comunidade dos discípulos de Cristo (cf. TMA,44). Por isso, também, o empenho para “a redescoberta da presença e da ação do Espírito Santo”(TMA,45). O Espírito Santo é como o grande “pássaro” do universo que, com sua sombra, transformou o caos em harmonia na criação do Universo, que fecundou Maria para gestar o Salvador, que Ressuscitou Jesus da morte, continua pairando e fecundando a caminhada das Igrejas que promovem e defendem a Vida (cf. Frei Luis Carlos Susin no Retiro do Clero de Erechim/RS, em maio de 1998).
Esse ano, a Igreja procurou dar uma ênfase maior à figura do Pai. Procuramos identificar os nomes que damos a Deus; o espaço que damos a Ele; que relação temos com Ele o rosto do pobre, do abandonado,do drogado, da prostituta, do doente, do explorado, do preso, do faminto, do nu, do menor, da mulher,… Um Pai que sofre com os que sofrem, um Pai aliado dos perseguidos e dos injustiçados. Não é um Pai “masoquista”, mas um Deus que se revela como “o Pai de misericórdia”, e um Pai que está sempre a espera da volta do filho (cf Lc 15,I’1-32). Seu nome é: “Sou aquele que sou…” (Ex 3,14); Javé (em hebraico = YHWH, cf Ex 6,6-8).
Com esta rápida pincelada histórica-teológica, olhamos para o futuro. Nele já enxergamos o horizonte do Novo Milênio. E, no ano que vem, vamos celebrar o Jubileu sob a ótica da Santíssima Trindade. O Deus pelo qual fomos batizados e que agora professamos no Creio. O Deus que não quer divisões, mas relações recíprocas de irmãos e irmãs. O Deus que não queixa diminuição da vida, mas o respeito, a defesa e a dignidade humana. Por isso, estamos buscando a superação das divisões entre as Igrejas e buscando a Unidade entre nós, cristãos. E queremos juntar forças para promovermos a vida, tão ameaçada hoje em todos os sentidos. A Campanha da Fraternidade do ano 2000 — Dignidade Humana— e o Ecumenismo, são duas grandes motivações de esperança para a construção de um mundo melhor.
Com esta perspectiva viemos até você, amigo(a) leitor(a), trazendo alguns artigos que ajudarão a celebrar, de maneira mais consciente, o grande Jubileu do nascimento de Jesus Cristo.
[…]Desejo a você uma boa leitura, um abençoado Natal e uma feliz entrada do Novo Milênio.
Trecho retirado do editorial, por Pe. Clair Favreto
Nesta edição você encontrará:
- Entrevista com Jung Mo Sung, sobre “a Relação entre Teologia Cristã e Economia e a possibilidade de uma sociedade solidária”
- Aspectos de reflexão sobre conjuntura eclesial em vista do Jubileu do ano 2000 e novo milênio, texto de
Pe. Antonio Valentini Neto - Um padre virtual, texto de Pe. Valter Girelli
- O berrante do Jubileu, texto de Pe. Nelson Tonello
- Entre outros
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Informações técnicas
Título: Revista Caminhando com o Itepa
Autor: Faculdade de Teologia e Ciências Humanas – ITEPA FACULDADES
Número: 55
Mês/Ano: Novembro/1999
Páginas: 65