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Revista Teopráxis, Passo Fundo, vol.37, n.129, Jul./Dez./2020, ISSN: 2763-5201
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naquele que é o vencedor da morte, pois ele há de conduzir a
sua companhia todos os que morreram na fé, em seu Filho Jesus
Cristo.
Ora, nestes angustiantes dias de pandemia, quando a dor e a
morte buscam seu domínio, quando o desespero parece querer
ser a voz mais forte, quando o mundo não suporta mais as
infindáveis trevas, ressoam os salmos da Igreja que canta com
seu Senhor: “Guardei minha fé, mesmo dizendo: ‘É demais o
sofrimento em minha vida!’ Confiei, quando dizia na aflição:
‘Todo homem é mentiroso! Todo homem’” (Sl 115,10-11 –
Comum dos Apóstolos, São Matias). Pela oração, a Igreja
pascaliza a vida, interpretando-a à luz dos mistérios de Cristo
que vive e age nela. Ela, dessa forma, como mãe, se solidariza
com toda a humanidade e, no sofrimento de seus filhos e filhas,
continua a acreditar na força da vida que venceu a morte.
Tudo isso nos remete à Eucaristia, sacramento por
excelência da celebração e participação da Igreja nos mistérios
da Páscoa de Cristo. A Liturgia das Horas, por sua vez, está tão
intimamente ligada à Celebração Eucarística que “alarga aos
diferentes momentos do dia o louvor e a ação de graças, a
memória dos mistérios da salvação, as súplicas, o antegozo da
glória celeste, contidos no mistério eucarístico...” (IGLH 12).
Por essa unidade com a Eucaristia, torna-se para a Igreja seu
“sacrifício vespertino” (Sl 140,2), evocando o próprio sacrifício
do Senhor quando, no cenáculo, confiou os santos mistérios a
seus apóstolos e o realizou logo depois, na cruz (Cf. IGLH 39).
Esta é a forma com a qual se pode falar de “sacrifício espiritual”,
participação espiritual ou “sacrifício de louvor”: como fruto dos
lábios que glorificam o nome do Senhor (Cf. Hb 13,15; IGLH 15).
Mais ainda: para a Igreja, “a própria celebração eucarística
tem na Liturgia das Horas sua melhor preparação, porque esta
suscita e nutre da melhor maneira as disposições necessárias para
uma frutuosa celebração da Eucaristia, quais são a fé, a esperança,
a caridade, a devoção, o espírito de sacrifício” (IGLH 12).