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RUMO À ANIMAÇÃO BÍBLICA
DA VIDA E DA PASTORAL DA
IGREJA NO BRASIL
TOWARDS THE BIBLICAL ANIMATION
OF LIFE AND THE PASTORAL OF
THE CHURCH IN BRAZIL
Dom Jacinto Bergmann*
Resumo: O texto analisa a reviravolta Bíblica promovida pelo Concílio
Vaticano II, destacando alguns encaminhamentos. 1º) Antes do desse
Conclave o trabalho evangelizador com a Sagrada Escritura era entendido
como um movimento bíblico, tendo como finalidade distribuir e dar a
conhecer o livro da Bíblia. 2º) Com o Concílio, o trabalho com a Sagrada
Escritura passou a ser entendido como serviço pastoral da Igreja. O texto
destaca a atuação particular da CNBB, no Brasil e indica que chegou a
formular os se gu i nt e s objetivos pastorais: Valorizar a Palavra de Deus na
Bíblia como fonte de vivência comunitária e da missão da Igreja e chamar
toda a Igreja a fazer-se permanente ouvinte da Palavra de Deus,
assimilando-a e confrontando-a com a vida ( Docu me n to da CNBB 90). As
Diretrizes Gerais da Ação Pastoral 1991-1994, elaboradas então,
oportunamente afirmaram: O destaque dado à dimensão bíblica vem em
boa hora responder ao dinamismo d as comunidades eclesiais, dos grupos
apostólicos e movimentos que se aproximam da Sagrada Escritura, com
novos métodos e nova sensibilidade (Documento da CNBB 89) A
Constituição Dogmática Dei Verbum do Vaticano II, impulsionou grandes
avanços no âmbito da exegese e no uso pastoral, catequético, litúrgico e
transformador da Sagrada Escritura na Igreja no Brasil. O texto é concluído com
a indicão dos passos dados para difusão dotexto bíblico na Igreja do Brasil
Palavras-chave:Animação bíblica. Pastoral. Missão. Vaticano II.
v. 38, n. 130, Passo Fundo,
p. 7-18, Jan./Jun./2021,
ISSN on-line: 2763-5201
DOI: dx.doi.org/10.52451/teopraxis.v38i130.48
* Formado em filosofia pela Faculdade de
Filosofia Nossa Senhora da Conceição e em
teologia pelo Instituto de Teologia e Ciências
Religiosas da Pontifícia Universidade
Católica PUCRS . É mestre em Ciências
Bíblicas pelo Pontifico In st i tu t o Bíblico de
Roma, Itália e pela Escola Superior de
Teologia Sankt Georgen de Frankfurt,
Alemanha. Possui a tu ali zaç ão em Ciências
Bíblicas, Faculdade de Teologia de Trier,
Alemanha. Atuou como professor de Exegese
do Antigo Testamento no Instituto de
Teologia e Ciências Religiosas - PUCRS; no
Centro de Estudos Teológicos João Vianney
de Viamão - RS; no Instituto de Teologia
Paulo VI de Pelotas - RS; no Instituto
Missioneiro de Santo Ânge lo - RS; na Escola
Superior de Teologia e Espiritualidade
Franciscana de Porto Alegre - RS; no
Instituto de Teologia de Cas c ave l PR e no
Centro Edu c aci onal La Salle de Canoas - RS
(1986 a 199 6 ). Atualmente é arcebispo da
arquidiocese de Pelotas RS e desde 2009 é
referencial da Comissão Episcopal para a
Animação Bíblico-Catequética do Regional
Sul 3 de CNBB.
E-mail: domja@arquidiocesedepelotas.org.br
https://orcid.org/0000-0001-8142-3002
Recebido em 11/12/20
Aprovado em 06/02/21
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Abstract: The text analyzes the Biblic al turnaround promoted by the Second
Vatican Council, highlighting some guidelines. 1º) Before this Conclave, the
evangelizing work with Sacred Scripture was understood as a biblical movement,
with the purpose of distributin g and making known the book of the Bible. 2º)
With the Council, the work with Sacred Scripture came to be understood as a
pastoral service of the Church. The text highlights the particu lar work o f t he
CNBB in Brazil and indicates that it came to formulate the following pastoral
objectives: Valuing the Word of God in the Bible as a source of community
experience and of the Church's mission and calling the whole Church to be a
permanent listener of the Word of God, assimilating it and confronting it with life
(Document of CNBB 9 0 ). The General Guideli ne s for Pastoral Action - 1991-1994,
elaborated th e n, opportunely stated: The emphasis given to the biblical dimension
comes at a good time to respond to the dynamism of ecclesial communities,
apostolic groups and movements that approach Sacred Scripture, with new
methods and new sensitivity (Document of the CNBB 89) The Dogmatic
Constitution Dei Verbum of Vatican II, promoted great advances in the scope of
exegesis and in the pastoral, catechetical, liturgical and transformational use of
Sacred S cri pt u re in the Church in Brazil. The text concludes with an indication of
the steps taken to diss e mi nat e the biblical text in the Church of Brazil.
Keywords: Biblical animation. Pastoral. Mission. Vatican II.
v. 38, n. 130, Passo Fundo,
p. 7-18, Jul./Dez./2021,
ISSN on-line: 2763-5201
DOI: dx.doi.org/10.52451/teopraxis.v38i130.48
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1 PONTO DE PARTIDA:A REVI R AV OL T A BÍBL I CA DO CONCÍLIO VATICANO II
Antes do Concílio Vaticano II, realizado em 1962-1965, o trabalho evangelizador
com a Sagrada Escritura era entendido mais com o um movimento bíblico cuja principal
finalidade era di st ri bu i r e dar a conhecer o livro da Bíblia aos fiéis católicos pelo escasso
conhecimento que tinham dele.
Com o Concílio Vaticano II, o trabalho com a Sagrada Escritu ra começa a ser
entendido c omo aquele serviço da Igreja, realizado ao estilo das outras pastorais
comunitárias, paroquiais, diocesanas: uma pastoral bíblica. Em relação ao movimento
bíblico, essa pastoral se encarregava, sobretudo, da formação bíblica mediante cursos e
retiros e da leitura e vivência bíblicas nos círculos e grupos bíblicos.
Com alegria devemos const at ar que na Igreja no Brasil a pastoral bíblica fez uma
caminhada intensa e muito importante. De maneira explícita, a 29a Assembleia Geral dos
Bispos do Brasil, em 1991, chegou a formular os seg u in te s objetivos pastorais: Valori zar a
Palavra d e Deus na Bíblia como fonte de vivência comunitária e da missão da Igreja e
chamar toda a Igreja a fazer-se permanente ouvinte da Palavra de Deus, assimilando-a e
confrontando-a com a vida (Documento da CNBB 90 ). As Diretrizes Gerais da Ação
Pastoral 1991-1994, elaboradas então, afirmaram oportuna me nt e : O destaque dado à
dimensão bíblica vem em boa hora responder ao dinamismo das comunidades eclesiai s,
dos grupos apostólicos e movim e nt os que se aproximam da Sagrada Escritura, com novos
métodos e nova sensibilidade (Documento da CNBB 89).
A Palavra de Deus, presente nas Sagrada Escrituras, ficou mais conhe ci da, rezada,
vivida e anunciada nas dioceses, paróquias e comunidades. A sua leitura encarnada
começou a transformar pe s soas e comunidades, tornando-se inspiração de vivência cris t ã,
de e n gaj ame nt o comunitário e de compromisso transformador. A Igreja no Brasil ficou
mais ate nt a em ouvir o Senhor, profética em anunciar sua Palavra e miseri c ordi os a em
servir a todos.
O movimento bíblico e a pastoral bíblic a foram passos necess ári os, importantes e
promissores na vida e missão evangelizadora da Igreja. No entanto, ainda não era este o
espírito pleno da Dei Verbum (Constituição Dog t ic a do Concílio Vaticano II), quando pedia
que toda a pregação da Igre ja, como a própria relig i ão cristã, seja alimentada e regida pela
Sagrada E sc ri tu ra (DV 21). A Bíblia, enquanto contém a Palavra de Deus q u e é viva e
eficaz, está chamada a nutrir a vocação, a formação e a missão de todo o discípulo
missionário e, por isso mesmo, de toda a sua ação evangelizadora a trav é s d e suas pastorais.
Graças a esta renovada percepção do espírito do Concílio Vaticano II, intuída sempre
mais em todos os continentes onde está presente a Igreja, foi possível conceber e propor uma
nova compreensão do trabalho evangelizador com a Bíblia. Atualmente se compreende que a
Palavra de Deus é a alma (coração, segundo Bento XVI, na Exortação Apostólica Pós-
Sinodal, Verbum Domini) de toda a pastoral, isto é, de toda a ação evangelizadora da Igreja.
Afirma-se aqui a dimensão blica de toda a pastoral, que recebeu vários nomes, mais
chamada de animação bíblica da pastoral. Para essa compreensão, muito colaborou a FEBIC
Federação Bíblica Católica, presente nos cinco continentes.
No marco de uma eclesiologia-pastoral de comunhão, a Sagrada Escritura
enquanto apresenta a Palavra de Deus viva e eficaz não pode ser conc e bi da como objeto
específico de uma única pastoral. Se a Palavra de Deus é vida nova e plena com q u e a
Cabeça nutre seu Corpo para que viva em comunhão com Ele e proclame o Rei no, o acesso
à Palavra de Deus não é privilégio dos que participam da e na pastoral bíblica, mas de
todo o povo de Deus, pastores e fiéis.
BERGMANN, Jacinto.
Rumo à animação bíblica da vida e da pastoral da Igreja no Brasil
Revista Teopráxis,
Passo Fundo, v.38, n.130, p. 7-18, Jan./Jun./2021. ISSN on-line:2763-5201.
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Daí a necessidade de que no contexto da eclesiologia-pastoral de comunh ão to da
a ação evangelizadora da I g re ja brote e se sustente na Palavra de Deus, respondendo à
consciência crescente do Povo de Deus com relação à função normativa da Sagrada
Escritura como c anal de revelação. Ela é fundamento de signifi caç ão da vida, de comunhão
com Jesus e de ardor miss ion ário : Desconhecer a Sagrada Escritura é desconhecer a
Cristo (São Jerônimo). Aqui vale lembrar a palavra forte do Papa Bento XVI na sua
Exortação A pos t ólic a Pós-Sinodal Verbum Domini, 124: Recordo a todos os cristãos que o
nosso relacionamento pessoal e comunitário com Deus depende do incremento da nossa
familiaridade com a Palavra divina.
Assim a Sagrada Escritura se torna fonte e cume de conhecimento e interpre taç ão,
de oração e comunhão e de evangelização e proclamação da Palavra enquanto medi ação
insubstituível de encontro com o Verbo que se fez carne - Jesus Cristo vivo, para
continuar sua obra do Reino de Deus. A Palavra de Deus que a Sagrada Es cri t u ra oferece
deve ser inspiradora de todas as fases da ação evangelizadora nas comunidades, nas
paróquias e nas dioce s e s: a reflexão e o discernimento, a tomada de decisões e o
planejamento, a execução e a avaliação (DAp 371).
Dito com uma me fo ra: a Pa lavra de Deus não pode ser um ramo a mais do
conjunto da árvore que é a Igreja, mas a seiva que corre por seu tronco e nutre todos os
ramos. Os Bispos da América Latina e Caribe, reunidos em Aparecida , e m 2 0 07 , por sua
vez, aludem à metáfora do farol para falar da Sagrada Es cri t u ra que ilumina e guia o
caminho e a atuação da Igreja de Cristo (DAp 180). Onde evangelização deve estar a
seiva e a luz da Palavra de Deus que, com sua multiforme presença, a ni ma o anúncio e a
realização do Reino de Deus.
A Palavra de Deus conti da na Sagrada Escritura deve suscitar, formar e acompanhar
a vocação e a missão do discípulo missionário de Jesus Cristo e dar conte ú d o às ações
organizadas da Igreja em sua missão de ir e fazer discípulos a todos os povos (Mt 28,19).
Desta forma, além de ser a alma da teologia (DV 24), a Palavra de Deus está chamada a
converter-se em alma da ação evangelizadora da Igreja (DP 37 2 ; DA p 2 4 8; DV 1).
2 CENÁRIO ORIGIN ÁR IO DO MOVIMENTO BÍB L I CO, DA PASTORAL BÍBLICA E DA
ANIMAÇÃO BÍBLICA DA VIDA E DA PASTORAL
Na Igreja alguns passos foram decisivos para dar origem a um a pastoral bíblica na
sua vida e no seu trabalho evangelizador. B ast a lembrar, de forma s in t i ca, alguns passos e
que também caracterizam o cenário originário da pastoral bíblica na Igreja no Brasil: 1º)
A partir do séc. XIX, a Igreja vinha utilizando novos instrumentos para o conhecimento
e aprofundamento dos textos das Sagradas Escrituras. 2º) No i ci o do séc. XX foram
importantes as atenções dos Papas para as novas abordagens e perspectiv as sobre a Bíblia:
Papa Leão XII, a criaç ão da Pontifícia Comissão Bíblica 1902; Pio X, a criação do
Pontifício Instituto Bíblico - 1909; Pio XII, a publicação da Enc íc li ca Di vi no Af f la nt e Sp ir it u
1943; 3º) Na década de 1950-1960 (1950, a criação da CNBB Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil), a Igreja no Brasil é marcada por uma transformação e renovação na sua
maneira de conceber a evangelização em c ont ex tos de mudanças e b u sc as de respostas
urgentes: busca-se na Bíblia uma luz; 4º) Com a elaboração e implant açã o do Plano de
Emergência (PE) 1960-1964 e o Plano de Pastoral de Conjunto (PPC) 1 9 66 -1 9 70 , por
parte da CNBB, hou ve uma resposta pastoral emerge nt e e de conjunto para os novos
desafios, mediante um grande florescer bíblico, vi sl um brado : a) Pela descoberta da
centralidade da Palavra de Deus na vida cri s tã, tornando-se o grande eixo da re novaç ão da
BERGMANN, Jacinto.
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Igreja; b) Pela contribuição das duas vertentes bíblicas distintas m as com ple me nt are s: 1 ª )
Vertente erudita: com o movimento bíblico no Brasil, influe nc ian do enormemente a
renovação litúrgico-catequética; com a fundação e atuação da Liga de Estudos Bíblicos
(LEB) 1944, congregando os biblistas formados dentro da renovação bíblica europe i a; 2ª)
Vertente popular: com o Movimento da Ação Católica, usan do o método Ver-Iluminar-
Agir; com a prát i ca da Leitura da Bíblia, partindo da vida do povo; ) Com o Concílio
Vaticano II 1962-1965, especialmente com a Constituição Dogmática Dei Verbum sobre
a Revelação Divina, um decisivo e definitivo impul so para a pastoral bíblica.
3 A DEI VERBUM E O FRUTO DA PASTORAL BÍBLICA RUMO À ANIMAÇÃO BÍBLICA DA
VIDA E DA PASTORAL NA IGREJA NO BRASIL
A Constituição Dogmática D ei Verbum do Vaticano II, impulsionou grandes avanços
no âmbito da exegese e no uso pastoral, cate q u é ti co, litúrgico e transformador da Sagrada
Escritura n a Igreja no Brasil. Isso é bem visível: a) Na aceitação do método históri co-c t ic o e
o estudo dos gêneros literários (cf. DV 12); b) No reconhecimento de uma profunda unidade
entre o Antigo e o Novo Testamento (cf. DV 16); c) Na valorização da Palavra de Deus na
Celebração Eu ca s ti ca - as duas mesas (cf. DV 21); d) Na promoção da u n ida de entre os
cristãos separados mediante a Sagrada Escritura (cf. DV 22); e) Na desco b ert a das Sagradas
Escrituras pelo povo (cf. DV 22); f) Na primazia dos Livros Sagrados presentes em todas as
atividades pastorais da Igreja (cf. DV 24); g) Na importância da Sagrada Escritura para a
Teologia, a Catequese e a Pregação (cf. DV 24-25); h) Na Leitura Orante da Sagrada Escritura,
redescobrindo e usando especialmente o método da Lect i o Div i na (c f . DV 25).
4 PAS SO S DADOS E CO NQ U IS T AS ALCANÇADAS NA IGREJA NO BRASIL RUMO À
ANIMAÇÃO BÍBLICA DA VIDA E PAST OR AL
Tendo passado um tempo razoável, desde o C onc íli o Vaticano II, podemos
vislumbrar uma boa caminhada bíblica na Igreja no Brasil. Consegue-se caracterizar
alguns passos importantes que foram feitos e, consequentemente, algumas conquistas
alcançadas. Vamos tentar aqui, de forma um pouco didática, apresentar esses passos e
conquistas.
4.1ADifu sãodotextobíblico
4.1.1 A LEB seu esforço da tradução literal da Bíblia
Logo depois da Segunda Guerra Mundial, um gru po de exegetas e professores de
Sagrada Escritura, desejoso de se encontrar para abordar problemas relacionados com a
Bíblia, confrontar e xpe riê n ci as sobre os métodos de pesquisa e do ensino da Sagrada
Escritura nos seminários e, principalmente , preocupado com o emprego da Sagrada
Escritura na instrução dos fiéis e nas vári as modalidades da pastoral, c onc re ti zou esse
desejo com a realização da Primeira Semana Bíblica Nacional. Essa realização era uma
resposta dos exegetas brasileiros ao desafio que o Papa Pio XII acabava de lançar com a sua
Encíclica Magis tr al Divino Afflante Spiritu, promulgada no dia da festa de São Jerônimo, em
1943. A Primeira Semana Bíblica Nacional, destinada a espec ial is ta s em Ciências Bíbl ic as,
redigiu uma circular intitulada: Resoluções da Primeira Semana Bíblica Nacional, que
continha entre as divers as conclusões, a tradução literal da Bíblia para a língua portuguesa.
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Uma grande largada para as tradu ç õe s em língua portuguesa destinadas à Igreja Católica no
Brasil.
4.1.2 O empenho da CNBB
Especialmente na década de 1960-197 0, somando com o esforço da LEB Liga de
Estudos Bíblicos, o Secretariado da CNBB empenhou-se diretament e para a concretização
de traduções a partir do texto original.
4.1.3 O surgimento de diversas traduções
Surgem então várias traduções. Entre as de maior destaque, temos: a) A Bíblia da Ave
Maria, traduzida do francês - Bíblia dos Monges de Maredsous, Bélgica - por frei João José
Pedreira de Castro e publicada pela Editora Av e Maria; b) A blia Vulgata, traduzida do
latim pe lo Pe. Matos Soares e editada pelas Edições Paulinas; c) A Bíb lia de Jerusalém,
editada pela Paulus com tradução baseada na Edição de La Sainte Bible, edição de 1973,
sob a responsabilidade da Ecole Biblique de Jérusalem; d) A Bíblia da Editora Vozes,
traduzida diretamente dos textos originais hebraicos e gregos ; e) A Bíblia Pastoral, editada
pela Paulus com tradução diretame nt e dos originais, numa linguagem simples e acessível,
com introduções e notas qu e ajudam na interpretação do texto a partir da opção
preferencial pelos pobres, ac e nt ua da nas Conferências de Medellín e Puebla; f) A Tradução
Ecumênica da Bíblia, traduzida e publicada pe las Edições Loyola, baseada na Traduction
ecuménique de la Bible; g) A Bíblia S a g rada Edição da CNBB, tradução com o objetivo de
auxiliar os agentes de pastoral na liturgia e na catequese; h) A Bíblia do Peregrino, tradução
da Editora Paulus com cunho missionário.
4.1.4 As semanas bíblicas nacionais
Por iniciativa dos exeg e t as e professores de Sagrada Escritura, fundando a LEB - Liga
de Estudos Bíblicos, inic i aram-s e as Se mana s Bíblicas Nacionais. A Primeira Semana
Bíblica Nacional realizou-se de 3 a 8 de fevereiro de 1947, no Mosteiro de São Bento, em
São Paulo. Cerca de quarenta participantes, vindos de muitos Estados do Brasil,
compuseram a Semana. No seu encerramento foi redigida uma circu lar in ti t u lada:
Resoluções da Primeira Semana Bíblica Nacional, que continha as seguint e s conclusões:
a) Fundaç ão da Liga de Estudos Bíblicos LEB; b) Instituição do Domingo da Bíblia; c)
Incentivo de publicação de literatura bíblica nacional; d) Tradução literal da Bíblia para a
língua portuguesa.
Assim, a partir de 1947 desencadeou-se um processo de Semanas Bíblicas Nacionais.
Aconteceram pelo Brasil afora, tendo muitas Dioceses como anfitriãs. Foram realizadas
nada mais e nada menos, mais 20 edições. Essas Semanas Bíblicas Nacionais, que sempre
mais foram responsáve i s de fazer chegar a Bíblia ao povo católico, provocaram também o
desejo e a realização de Semanas Bíblicas Populares. A Primeira Semana Bíblica Popular
aconteceu na Diocese de Nat al, Rio Grande do Norte. Depois tiveram lugar Semanas
Bíblicas Populares por inúm er as Dioceses do Brasil, revelando como a Bíblia começava a
ocupar um lugar e um papel importante na vida e na ação das pessoas e das comunidades
católicas.
BERGMANN, Jacinto.
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4.1.5 Os Círculos Bíblicos Grupos Bíblicos
Junto com o movime n to das traduções bíblicas na língua portuguesa, fazendo com
que o cristão católico começasse a ter a Bíblia nas mãos, e o movimento das Semanas
Bíblicas Nacionais e Se ma nas Bíblicas Populares Nacionais, tamb ém começou um trabalho
de ler, meditar, rezar e concretizar a Bíblia em forma de pequenos grupos bíblicos. Fi c aram
muito conhecidos os g ru pos chamados Círculos bíblicos. Esses tiveram a marca da fig u ra
Carismática do Frei Carlos Mesters, exegeta e pastoralista bíblico belga. Ele exerceu certo
pioneirismo em relão a esses grupos e muitos subsídios saíram das os dele e de sua equipe.
Nos rculos blicos fazia-se (faz-se) a leitura da Bíblia a partir da vida concreta das
pessoas, das comunidades, da convivência social - da realidade, ligando essa vida com a
Palavra de Deus, descobrindo e concretizando a vontade de Deus, trazendo-O presente no
dia-a-dia, celebrando-Oatuante e transformandoa vida ea realidade pessoal, comuniria e social.
Na atualidade existem, espalhados pelo Brasi l, praticamente em todas as dioceses,
inúmeros grupos bíblic os, espelhados nos C írc ul os Bíblicos, sob as mais diversas
denominações. Neles se faz a Leitura Orante da Palavra de Deus, especialmente usando-se
o método da Lectio Divina. Por meio dos grupos bíblicos a Bíblia foi ocupando espaç o em
todas as comunidades eclesiai s . Assim a vida do povo de Deu s, a Palavra de Deus e as
comunidades eclesiais caminham juntos.
4.1.6 O domingo da Bíblia e o mês da Bíblia
Como resolução da Primeira Semana Bíblica Nacional, que acontece u em 1947,
começou a ser celebrado anualmente o Domingo da Bíblia, sempre no último domingo
de setembro, devido à proximidade da Festa Litúrgi ca de São Jerônimo, tradutor da
Vulgata. Tinha como finalidade criar uma ocasião para instruir os fiéis católicos sobre a
Palavra de Deus, difu ndi r mais amplamente a Bíblia e dar ensejo a que a homilia na Missa
abordasse o assunto Bíblia. Ess e Domingo da bli a começou a s e r celebrado em todo o
Brasil e logo foi inserido, em cater oficial, no Diretório Lirgico da Igreja Calica do Brasil.
A ide i a de celebrar um Mês da Bíblia, no mês de setembro, em âmbito nac i onal, foi
lançada na Décima Semana Bíblica Nacional, realizada em 1974, em Belo Horizonte. Foi
que os participan te s tiveram a iniciativa de propor a transformaç ão do Domingo da
Bíblia num verdadei ro Mês da Bíblia. A Arquidiocese de Belo Horizonte assumiu, no
mesmo ano, com entusiasmo, es sa instituição. Em 1976, todo o Reg i onal Leste II da CNBB
também aderiu ao Mês da Bíblia, e, em 1976, ele foi oficializado em todas as dioceses do
Brasil por decisão da CNBB Nacional.
Sempre no Mês da Bíblia são propostos um estudo e uma reflexão bli ca .
Primeiramente giraram em torno de temas bíblicos e depois, e até hoje, em torno de livros
bíblicos. São também elaborados e ofe rt ados subsídios, primeiramente pelo SAB Serviço
de Animação Bíblica das Irmãs Paulinas juntamente c om a Arquidiocese de Belo
Horizonte, e depois, e até hoje, por várias Entidade s bíblicas e Dioceses, coordenados pela
Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-cateq u é ti ca da CNBB Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil.
Em termos de pastoral bíblica rumo à animação bíblica da vida e da pastoral, na
Igreja Católica no Brasil, primeiramente, o Domingo da Bíblia e, depois, o Mês da
Bíblia foram revolucionários. Eles ajudaram e ajudam decididamente para fazer a Palavra
de De u s ser conhecida e interpretada, ser orada e promotora de comunhão, ser meio de
evangelização e transformação de vidas pessoais, comunit ári as e sociais.
BERGMANN, Jacinto.
Rumoà animação bíblicadavida e da pastoraldaIgrejanoBrasil
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4.1.7 A Bíblia e as Campanhas da Fraternidade
Em plena realização do Concílio Vaticano II, a partir de 1964, a Igreja no Brasil
iniciou a prática das Campanhas da Fraternidade no Tempo Litúrgico da Quaresma em
preparação à Páscoa. Elas sempre abordam temas eclesiais e sociais a partir de um te xt o
bíblico inspirador e de um a fundamentação baseada na Palavra de Deus, famil iari za ndo a
conversão quaresmal com a vontade de Deus expressa na Sagrada E sc ri tu ra.
4.1.8 A dimensão Bíblica no Planejame nto Pastoral da CNBB
No Plano de Emergência (PE) em 1962 e no Plano de Conjunto (PPC) e m 1965 da
CNBB, estava contemplada a Linha de Ação 3: Dimensão Catequética. Em 1983 , na 21ª
Assembleia Geral dos Bispos do Brasil passou -se para a Dimensão Catequética e Bíblica.
Em 1991, na 29ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasi l, constitui-se a Comiss ão da
Dimensão Catequética e Bíblica. Nessa progressão percebe-se a consciência da presença da
Bíblia no planejamento da ação pastoral da Igreja no Brasil. Fica t ambé m isso claro com
alguns passos desenvolvidos ao longo desse planejamento:
a) A criação do Grupo de Reflexão Bíblica Nacional GREBIN;
b) A realização de Seminários Nacionais de Pastoral Bíblica e/ou Animação Bíblica:
Seminário em 199 2 com o tema: O uso da Bíblia na Pastoral; 2 º Seminário em 1993
com o tema: Lei t u ra Fundamentalista da Bíblia; Seminário em 2002 com o tema:
Olhar! Dialogar! Levantar-s e e Andar! (At 3,1-10); Seminário em 2006 com o tema:
Educação Bíblica na Tradição Judaica e Cristã;
c) No Seminário, com a orientação da FEBIC Federação Bíblica Católica e da
FEBIC-LAC Federação Bíblica Católica Latino-americana e Caribenha, deu-se o primeiro
passo da passagem de uma Pastoral Bíblica para a Animação bíblica d a past oral;
d) Por ocasião da cele b ração dos 40 anos da Constituição Dogmática Dei Verbum, em
2005, realizou-se o Encontro Bíblico Cate q u é ti c o Nacional com o tema: Ouvir e
proclamar a Palavra e o lema: Seguir Jesus no Caminho (Mc 1 0, 52 );
e) Produç ão de Materiais Bíbli c os: Coleção Verde de Estudos da CNBB: Crescer na
Leitura da Bíblia, 2 6 e Ouvir e Proclamar a Palavra: seguir Jesus no Caminho, no 91; Versão
Popular do Documento da Pontifícia Comissão Bíblica da Santa Sé: Como nossa Igreja a
Bíblia; Versão Popular da Dei Verbum: Ler a Bíblia com a Igreja; Versão popular do
Documento O Povo Judeu e as suas Sagradas Escrituras na Bíblia C ri st ã: Conhecer nossas
raízes. Jesus Judeu; Cole çã o: Catequese à luz do Diretório Nacional de Catequese: A Palavra
de Deus na História; Uma mensagem dos bispos para toda Igreja; Palavra de Deus, fonte da catequese.
Na 39ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil em 2001, quando foi feita a mudança
dos Estatutos da CNBB, a Comissão da Dimensão Catequétic a e Bíblica passou a ser a
Comissão Episcopal para a Ani maç ão Bíblico-catequética. Uma mudança muito
significativa na compreensão da presença da Bíblia na ação evangelizadora da Igreja
Católica: ela deve ser a alma de tudo o que somos e fazemos. Sem a Palavra de Deus não
formação, espiritualidade e vivência da cristã. Essa grande inspiração compreensiva, que
a FEBIC Federação Bíblica Católica em todos os continente s foi fa ze ndo emergir,
começava com toda a força ser concreta na Igreja no Brasil. Graças a essa nova fase, em
2011 aconteceu a fusão do Grupo de Reflexão Bíblica Nacional - GREB IN com o Grupo de
Reflexão de C ate q u e se GRECAT num único Grupo de Reflexão Bíblico-catequético
GREBICAT. Isso sinalizou que a Bíblia, definit i vam en te ocupou uma posição de prioridade
para a formação, a espiritualidade e a ação evangelizadora em todos os níveis eclesiais.
BERGMANN, Jacinto.
Rumoà animação bíblicadavida e da pastoraldaIgrejanoBrasil
Revista Teopráxis,
Passo Fundo, v.38, n.130, p. 7-18, Jan./Jun./2021. ISSN on-line:2763-5201.
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4.1.9 Articulação da Comissão E pis copa l Pastoral para a animação Bíblico-
Catequética com as Instituições Bíblicas presentes no Brasil
Uma das principais tarefas que a Comissão Episcopal Pastoral para a Animação
Bíblico-catequética da CNBB assu m e nesta sua fase é levar avante a concepção de tornar a
Bíblia a alma de tudo o que somos e fazemos uma verdadeira ani maç ão bíblica da vida e
da pastoral. É a art i cu laç ão necess ári a com as principais Instituições Bíblicas Católicas que
foram sempre mais surgindo em todas as partes do Brasil. a título de lembrança, algumas
das Entidades Bíblicas devem ser citadas pela sua importância: a) O Servi ço de Animação
Bíblica (SAB) - Paulinas; b) O Movimento da Boa Nova (MOBON) - Diocese de Caratinga/MG;
c) O Centro De Estudos b licos (CEBI) - Grupo Ec u ni c o; d)O Movimento Bíblico Nova
Jerusalém (MBNJ) - Instituto Religioso Nova Jerusalém - Fortaleza/CE; e) O Centro Bíblico
Verbo (CBV) - Verbitas; f) O Projeto Tu a Palavra é Vida - Con f e nci a dos Religiosos do
Brasil (CRB); g) A Associação Brasileira de Pesqu i sa B í blica (A BI B) - G ru po de Biblistas.
4.1.10 Bíblia no Diálogo Ecumênico
A Igreja Católica no Brasil, de maneira efetiva, foi se abrindo e se aproximando das
Igrejas Irmãs Cristãs. Com satisfação muitos frutos foram colh id os com essa abertura e
aproximação, tanto na linha do e s tu d o bíblico como na linha da pastoral bíblica. Hoje
temos Publicações conjuntas (Re vi st as Bíblicas, Comen tár ios Bíblicos...), realizamos três
Campanhas da Fraternidade Ecumênicas, celebramos Semanas de Oração pela Unidade dos
Cristãos, para citar algumas ações comuns, onde a Bíblia é a grande inspiração de unidade.
4.1.11 Valorização da Leitura Orante da Bíblia
Cada vez mais a Igreja no Brasil foi entendendo que a Pal avra de Deus devia oc up ar
um lugar central na vida pess oal de cristãos e na vida de Igreja. Atualmente, a Igreja, em
todos os continentes, está falando que a Palavra de Deus deve ser a alma de tudo o que
somos e de tudo o que fazemos. A Palavra de Deus nos apresenta a vontade de Deus a
nosso respeito. Deus nos qu e r falar o qu e devemos ser e fazer para sermos felizes. Mas
como descobrir a vontade de Deus na sua P alavra ? Temos que ter fami li arid ade com as
Sagradas Escrituras - a Bíblia (o Papa Be nt o XVI fala dessa familiaridade na sua Carta
Apostólica Pós-Sinodal Verbu m Domini). E ss a familiaridade acontece quando fazemos a
Leitura Orante das Sagradas Escrituras, que conté m a Pal avra d e Deus.
O que é Leitura Orante ? Leitura Orante é tomarmos e lermos em forma de oração as
Sagradas Escrituras - a Bíblia - para encontrar nelas a Palavra de Deu s, possibi lit and o um
diálogo de Deu s conosco e de nós com Ele. Oração é diálogo. Deus nos quer mostrar sua
vontade para sermos felizes. Nós precisamos conhecer sua vontade para sermos felizes.
Quem faz a Leitura Orante das Sagradas Escrituras, de sc obre a vontade de Deu s e é feliz!
Para fazermos a Leitura Orante das Sagradas Escrit u ras - a Bíblia -, temos vários
métodos à dis posi ção . Um método muito bom é o da Lectio Divina. Quem começou com
esse mét odo da Lectio Divina foi um monge chamado Guigo, que viveu em torno do ano de
1150 d. C . Ele, refletindo sobre o sonho que o patriarca Jacó teve (cf. Gn 28), chegou à
conclusão que os degraus que levavam ao céu poderiam também s e r degraus para
encontrar a Palavra de Deus presente nas Sagradas Escrituras. Descobriu quatro degraus,
que ele chamou de quatro passos. São eles: Pas so: a Leitura; Passo: a Me d it ão; 3 º
Passo: a Oração; Passo: a Contemplação/ação.
BERGMANN, Jacinto.
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Em palavras simples, hoje , podemos assim entender o método da Lectio Di vi na lendo
as Sagradas Escrituras para encontrar nelas a Palavra de Deus: Passo: a Leitura- o que o
texto bíblico diz em si?; Passo: a Meditação- o que o texto bíblico diz para mim/para
nós?; 3 º Passo: a Oração- o que o texto bíblic o me faz/nos faz dize r a Deus?; Passo: a
Contemplação/ação- o q u e o texto bíblico me faz/nos faz contemplar como vontade de
Deus e agir conforme essa vontade de Deus? Assim a Leitu ra: faz-nos entrar na Palavra de
Deus; a Me di ta ção faz a Palavra de Deus entrar em nós; a Oração faz-nos falar a Deus a
partir de sua Palavra; a Contemplação/ação: faz-nos olhar a realidade e agir nela a partir da
Palavra de Deus.
A Leitu ra Orante, especialmente usando o mét odo da Lectio Divina, começou
fortemente com os círculos Bíblicos, está presente atualmente nos grupos bíb li cos
espalhados em todas a di oce s e s e sendo, aos poucos, ponto inicial de pauta das reuniões
em todas as instâncias pastorais.
4.1.12 Uso da Bíblia na Catequese e na L i tu rg i a
Nos dias de hoje é praticamente impensável na Ig re ja Católica no Brasil o agir
catequético e litúrgico, como também, a elaboração de subsídios catequéticos e litúrgicos
que não sejam bíblicos.
4.1.13 Projetos Nacionais de Evangelização da CNBB
Um destaque especial deve ser dado ao Projeto Rumo ao Novo Milênio para o
triênio de preparação e para a celebração do Jubileu do Ano 2000, proposto pelo Papa João
Paulo II. Na Igreja Católica no Brasil, além de ser assumido o Projeto Rumo ao Novo
Milênio, também se g u i ram mais dois Projetos: 1º) O Projeto Se r Igreja no Novo Milênio
2001-2003 e 2º) O Projeto Que re mos Ver Jesus Caminho, Verdade e Vida 2004-
2007. Os três Projetos, com todos os subsídios de reflexão, as propostas de celebração e
apontamentos de ações, tinham como fonte e desenvolvime nt o a bli a.
4.1.14 Acolhida da Inspiração Bíblica d as Conferências Latino-Americanas
Na Igreja no Brasil foram acolhidas, sempre com muita abertura, o que as
Conferências Episcopai s Latino-Americanas propun ham em relação à Bíblia. Assim: A
Conferência do Rio de Janeiro acentu ou a Bíblia na formação; a Conferência de Medellín
indicou a Bíblia como força renovadora; a Conferência de Puebla apresentou a Bíblia na ótica
dos pobres; e a Conf e nc ia de Apare c id a consagrou a Bíblia no processo formativo do discípulo
missionário.
4.1.15 Acolhida da Inspiração da Animação bíblica da pastoral da FE BI C E FEBIC-
LAC
A FEBIC Fed e ração Bíblica Católica e a FEBIC-LAC Federação bli ca Católica
Latino-Americana e Caribenha f oram responsáveis, em nível mundial e, especialmente em
nível latino-americano e cari be nh o pela grande inspiração e concretização da animação
bíblica da pastoral. Provoca-se a passag e m da pas tora l bíblica para a animação bíblica da
pastoral. A Palavra de Deus é e deve tornar-se a alma de tudo o que somos e fazemos.
Um passo decis iv o em relação ao lugar e ao papel das Sagradas Escrituras em toda a vida e
ação eclesial. Essa concepção, inclusive, ajudou ao Papa Bento XVI a conclamar e realizar a
BERGMANN, Jacinto.
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13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na Vida e
na Missão da I g re ja, em 2008, com a consequente Exortação Apostólica pós-sinodal
Verbum Domini, em 2010.
A Igreja Católica no Brasil acolheu este passo decisivo. Mais, assumiu plen ame nt e a
proposta da ani maç ão bíblica da vida e da pastoral. Isso pode ser vislumbrado
especificamente nos Docum e nto s Oficiais da CNBB. 1) As DGAE Diretrizes Gerais da
Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015, 2015-2018 e 2019-2023, assumiram
como Urgência na Ação Evangelizadora a Igreja: lugar de animação bíblica da vida e
pastoral (Doc u me nt os da CNBB 89, 102 e 109); 2) A realização do I Congresso Brasileiro
de Animação bíblica da pastoral, dias 08 a 11 de outubro de 2011, com o Doc u me nt o da
Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética da CNBB: Animação
bíblica da pastoral; 3) A reali zaç ão de vári os Congressos Regionais de Animação Bíblica da
Vida e da Pastoral, assumindo a animação bíblica da vida e da pastoral como prioridade
evangelizadora; 4) As Assembleias Gerais da CNBB - 48ª de 2010 e 50ª de 2012 (a 5 8 ª de
2020 que não foi realizada por causa da pandemia da COVID-19), assumindo como T e ma
Central a Animação Bíblica da Vida e da Pastoral e oferecendo às Igrejas Particulares de
todo o território brasileiro o Documento da CNBB 97: Discípulos e Servidore s da Palavra
de Deus na Missão da Igreja.
4.1.16 Acolhida do Sínodo dos Bispos sobre a palavra de Deus na vida e na missão
da Igr ej a e da e xort ão apostólica pós-sinodal Verbum Domini
O Papa Bento XVI conclamou e realizou a 13ª Assemblei a Geral Ordinária do
Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igre j a, em 2008, com a
publicação consequente de sua Exortação Apostólica Pós-si nod al Verbum Domini, em 2010.
A Igreja no Brasil acolheu e fez eco, na sua realidade, o Sínodo e a Exortação. A CNBB
assumiu como Tema Central da 48ª - 2010 e da 50ª - 2012 (e da 58ª - 2020 que não foi
realizada devido a COVID-19) Assembleias Gerais da CNBB: Animação Bíblica da Vida e
da Pastoral como pronta resposta acolhedora do Sínodo e a Exortação e ofereceu à toda a
Igreja no Brasil sua palavra oficial at rav é s do Documento da CNBB 97: Discípulos e
Servidores da Palavra de Deus na Missão da Igreja.
5P AL AV RA FINAL
Valho-me aqui de algumas ideias redigidas por mim e emprestadas para a elaboração
do Documento da CNBB 97: Discípulos e Servidores da Palavra de Deus na Mi ss ão da
Igreja: Constatamos, com gratidão e alegria, que a caminhada bíblica na Igreja no Brasil
constituiu um novo Pentecostes. A Bíblia influiu eficazmente na sua vida e missão,
particularmente na catequese, na liturgia e no testem u nho da caridade, contribuindo,
assim, para a vivência profunda da fé, da esperança e do amor, pois sabemos que a Igreja
funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela (c f . V D 3 ).
Somos, na verdade, como cri st ãos, consagrados e enviados para anunciar a t odos a
Palavra que é Cristo. Tendo-a escutado, respondamos com a obediência da (cf. Rm
1,5;16,26) e o ou v id o do coração (cf. Reg ra de São Bento, Prólogo 1) a fim de que as
nossas palavras, opções e atitudes s e jam cada ve z mais u ma transparência, um anúncio e
um testemunho do Evangelho (cf. DV 26), e vivamos por Ele (cf. 1Jo 4 ,9 ).
Temos, sem vi da, uma Boa Nova para anunciar ao mundo de hoje: a Palavra de
Deus, Jesus Cristo, que está presente entre nós . Ele é mensagem de salvaç ão e de vida. Com
BERGMANN, Jacinto.
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São Pa ul o, não queremos saber nem pregar outra coisa, a não ser Jesus Cristo, para nós
sabedoria e poder de Deus (cf. 1Cor 2,2).
Que a escuta da Palavra continue e ela faça sempre mais crescer nossa fé; pela fé,
esperemos, e esperando, amemos (cf. S. Agostinho, Decatechizandisrudibus IV, 8 Pl, 40, 316).
BERGMANN, Jacinto.
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