JOSÉ DE NAZARÉ E O CURRÍCULO EVANGELIZADOR: APROXIMAÇÕES PEDAGÓGICO-PASTORAIS

Joseph of Nazareth and the evangelizing curriculum: pedagogical-pastoral approaches

DOI: https://doi.org/10.52451/7h49y562

Recebido em 25/01/2024

Aprovado em 20/04/2024

Humberto Herrera Contreras

Doutor em Educação. Graduado em Filosofia, Pedagogia e Teologia. Participa na Comissão para a Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). É membro da Rede Internacional de Filosofia Ecológica Integral e da Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos (SBCC). Contato: htoherrerac@gmail. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7521-5282

Resumo: O artigo apresenta uma contextualização sobre o testemunho de José de Nazaré, especificamente, de suas atitudes e afetos na relação com Jesus e Maria, à luz da Teologia da educação e dos estudos da Josefologia. Estabelece um diálogo entre essas marcas educativas josefinas e o currículo evangelizador, tecendo conexões com as proposições e compromissos do Pacto Educativo Global e do relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, Reimaginar Juntos nossos futuros: um novo contrato social para a educação (Unesco, 2022). Pautado nesses apontamentos, exemplifica possibilidades pedagógico-pastorais que as atitudes e afetos de José de Nazaré podem apoiar discussões sobre temas emergentes como o reconhecimento dos direitos, dignidade e inclusão equitativa da mulher, a responsabilidade da família na educação dos filhos, o cuidado da Casa comum, o acolhimento de imigrantes e refugiados e reimaginar abordagens pedagógicas que promovam a cooperação e a solidariedade.

Palavras-chave: José de Nazaré; Currículo evangelizador; Teologia da educação; Imigrantes.

Abstract: The article presents a contextualization of the testimony of Joseph of Nazareth, specifically, of their attitudes and affections in the relationship with Jesus and Mary, in the light of the Theology of education and Josephology studies. It establishes a dialogue between these Josephine educational brands and the evangelizing curriculum, weaving connections with the propositions and commitments of the Global Education Compact and the United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization report, Reimagining Together our futures: a new social contract for education (Unesco, 2022). Based on these notes, it exemplifies pedagogical-pastoral possibilities that the attitudes and affections of Joseph of Nazareth can support discussions on emerging themes such as the recognition of rights, dignity and equitable inclusion of women, the family’s responsibility for raising children, caring for the common home, welcoming immigrants and refugees and reimagining pedagogical approaches that promote cooperation and solidarity.

Keywords: Joseph of Nazareth;Evangelizing curriculum;Theology of education;Immigrants.

José de Nazaré: atitudes e afetos1

Vivia em Nazaré e era um tekton, que segundo a tradição tem-se traduzido como carpinteiro (cf. Mt 13,55; Mc 6,3). Seu nome em hebraico significa “o que vai em aumento”, “Deus acrescentará”, “aumente-me (Deus)” (Cf. Obata, 1986, p. 119). Provavelmente teria 18 a 20 anos de idade quando se casou com Maria e, motivado pela sua experiência de fé, assumiu a responsabilidade pela família. Seu filho, Jesus, nasceu em Belém, cidade na qual junto com Maria, sofreu a situação de refúgio, e posteriormente, de exílio para o Egito, marcada pela situação de uma família estrangeira: não falar o idioma, não ter o apoio dos familiares ou amigos, dificuldade de encontrar trabalho e situação de pobreza. Finalmente, retiram-se à região de Galileia (cf. Mt 2,22), regressando a Nazaré. É provável que José tenha falecido antes do começo da vida pública de Jesus (cf. OSJ, s/d).

Cabe destacar que, o período anterior à sua vida pública, Jesus cresceu “nos muros hospitaleiros desta casa”, em Nazaré (Pelczarski, 2022, p. 7). Como afirma Papa Francisco (2019) José, ao lado de Maria, é “o primeiro educador de Jesus, na sua infância e adolescência”. Rey (2012, p. 4), ao referir-se à paternidade de José, destaca que: “La paternidade de José es em primer lugar educativa. José ejerce la autoridad paternal sobre Jesús. El origen de la palabra “autoridad” significa ‘hacer crecer’”. Foi José que ofereceu a Jesus “o estado civil, a categoria social, a condição econômica, a experiência profissional, o ambiente familiar e a educação humana” (Paulo VI, 1964).

A tradição da educação cristã das famílias, indica a Sagrada Família como espelho, “na qual os vínculos entre os membros são caracterizados pelo respeito recíproco, pela diferença dos papéis (o pai como guia, a mãe como ajuda, os filhos submissos e respeitosos, mas também respeitados) e por uma íntima união amorosa” (Cambi, 1999, p. 133). Vale ressaltar, nesse interim de representação da família cristã, as marcas patriarcais e autoritárias, continuam presentes. No caso da família de José, Maria e Jesus, essas marcas mostram-se disruptivas à época, considerando os relatos aos quais temos acesso, especificamente, das atitudes e ideias que Jesus expressa em sua vida pública. Atualmente, o magistério da Igreja indica a família como a primeira escola na formação integral dos filhos na qual os pais são os primeiros e principais educadores (Celam, 2007, n. 118 e 339) que possuem o dever de educar as virtudes, corrigindo, advertindo e orientando os filhos na construção de seus projetos de vida (Celam, 2011). Como sintetiza Papa Francisco (2016, n. 274): “A família é a primeira escola dos valores humanos, naquela que se aprende o bom uso da liberdade” e se transmite a fé.

Um aspecto marcante da educação cristã (cristianismo primitivo) que fica evidente nos Evangelhos, é “que fala contra os hábitos correntes e quer provocar uma catástrofe interior, uma renovação espiritual, através de uma mensagem que inquieta e que desafia a tradição e a indiferença subjetiva” (Cambi, 1999, p. 123). Pauta-se na “imitação de Cristo” e na intenção de formar “o cristão segundo aquele Modelo, indicando-lhe percursos éticos e práticas religiosas” (Cambi, 1999, p. 127). É uma proposta educativa que apela “a sentimientos superindividuales como la fraternidad, la caridad y el amor ilimitado por el prójimo” (Abbagnano e Visalberghi, 1964, p. 133). Os evangelhos mostram esses exemplos e as parábolas abordam em sua riqueza de significados simbólicos esses ensinamentos. O acolhimento, a proximidade, o encontro pessoal e a escuta atenta da realidade são marcas da pedagogia de Jesus (Costa, 2014, p. 88-89).

A pedagogia de Jesus é o caminho para que a comunidade educacional ajude as novas gerações a elaborarem seu projeto de vida pessoal e comunitário. Como se desprende do diálogo de Cristo ressuscitado com os discípulos de Emaús (Lc 24), a Escola Católica deve pôr em prática uma pedagogia do encontro, do discernimento, do acompanhamento e do testemunho (Celam, 2011, p. 21).

Ao ler esta citação é possível antecipar à pedagogia de Jesus, a pedagogia de José e de Maria. Noutras palavras, é difícil imaginar ou repensar Jesus sem visualizar a figura profundamente humana de José (Di Lascio, 2013, p. 10), sua mistagogia advém da relação com Maria e José, com seus irmãos e irmãs da comunidade e da intimidade com Deus (Costa, 2014, p.91).

De acordo com João Paulo II, na Redemptoris Custos (1989, n. 7-16) José de Nazaré possui um papel inspirador na educação, que fica evidente em atitudes como: paciência (cf. Lc 1,39.56); Mt 2,19-21), de justiça e discrição (cf. Mt 1,19), de reflexão prudente (cf. Mt 1,20), de cumprimento às normas civis (cf. Lc 2,4), de busca de solução nas emergências (cf. Lc 2, 6s), de escuta silenciosa (cf. Lc 2, 17s), de modéstia para manter-se em segundo plano (cf. Mt 2,11), de fé contemplativa (cf. Lc 2, 33.38), de responsabilidade pela educação de seu filho (cf. Lc 2, 40.51), de ensinar a viver em sociedade, por exemplo, no acolher as visitas (cf. Lc 7, 44-46), entre outras (Ahumada, 2003, p. 127-128).

José de Nazaré, poder-se-ia chamar o “educador do silêncio”, pelo fato de não conhecermos palavras expressadas por ele, e somente suas atitudes e afetos no cuidado de Jesus, junto à sua esposa Maria. Santos (2009, p. 15) afirma: “[...] tudo em relação a José é silêncio: silêncio fecundo, reflexivo, envolvido por sonhos, carregado de incertezas, mas confiante em Deus”. Também, Guinzoni (p. 60;181) destaca o silêncio de José, como um “silêncio fecundo, solidário” que nos encoraja diante do medo que sentimos ao enfrentar os desafios da realidade. “O silêncio de José não manifesta um vazio interior, mas, ao contrário, a plenitude da fé que ele traz no coração e que guia todo o seu pensamento e ação” (Bento XVI, 2005).

Na carta encíclica Laudato Si’, o Papa Francisco (2015, n. 242) ressalta que São José pode nos ensinar a cuidar do mundo que Deus nos confiou:

No Evangelho, aparece descrito como um homem justo, trabalhador, forte; mas, da sua figura, emana também uma grande ternura, própria não de quem é fraco, mas de quem é verdadeiramente forte, atento à realidade para amar e servir humildemente”. [...] Ele nos pode ensinar a cuidar; pode motivar-nos a trabalhar com generosidade e ternura para proteger este mundo que Deus nos confiou.

Na carta Patris Corde (2020) o Papa Francisco elenca algumas atitudes educativas de José de Nazaré:

- José deixa de lado os seus raciocínios para dar lugar ao que sucede e, por mais misterioso que possa parecer a seus olhos, acolhe-o, assume a sua responsabilidade e reconcilia-se com a própria história. Se não nos reconciliamos com a nossa história, não conseguiremos dar nem mais um passo, porque ficaremos sempre reféns das nossas expectativas e consequentes desilusões.

Com base nesta síntese, no próximo item destacam-se essas atitudes e afetos com as proposições do currículo evangelizador, em sua interface com os compromissos do Pacto Educativo Global (2019) e do relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, Reimaginar Juntos nossos futuros: um novo contrato social para a educação (Unesco, 2022).

Marcas educativas josefinas e o currículo evangelizador

O currículo evangelizador é um caminho de identidade (cf. Lc 24) que imprime as marcas de uma educação da fé de maneira integral e transversal, que humaniza e personaliza, comprometida com os valores éticos e a dimensão de serviço (Celam, 2007, n. 338;329;341). A passagem bíblica de Emaús indica com maestria a significatividade que o currículo evangelizador representa para a pedagogia cristã: é lugar, espaço-tempo, relação, percurso, autobiografia, documento de identidade (cf. SILVA, 2005). “Emaús” descreve uma pedagogia do encontro, do diálogo, da memória, do discernimento e do testemunho. Jesus acompanha esses jovens, lhes pergunta, lhes acolhe, constroem afetos e fortalecem seus projetos/sentidos de vida.

A escola católica reconhece-se nessa identidade e decide pela promoção integral de cada ser humano (Francisco, 2013, n.182), que reafirma “no compromisso em prol e com as gerações jovens, renovando a paixão por uma educação mais aberta e inclusiva, de escuta paciente, diálogo construtivo e mútua compreensão” (Francisco, 2019; Congregação para a Educação Católica, 2022, n. 97). Seu compromisso realiza-se pautado no Evangelho, que assume como bússola orientadora, no caminho da formação integral, que se resume no conhecer-se a si mesmo, ao outro, à criação e ao Transcendente (Francisco, 2021).

O Pacto Educativo Global adverte-nos sobre a “profunda pobreza de interioridade” (crescente dificuldade a parar, a refletir, a escutar e escutar-se). O Papa Francisco convida-nos a “educar as demandas dos jovens, prioritárias em relação ao fornecer respostas: trata-se de dedicar tempo e espaço ao desenvolvimento das grandes questões e dos grandes desejos que habitam no coração das novas gerações, que de uma serena relação consigo mesmas, possam levar à busca do transcendente” (Congregação para a Educação Católica, 2019, p. 8).

O currículo evangelizador atualiza essa preocupação e dispõe-se em atitude de em saída (Francisco, 2013, n.24;33) comprometido com a fraternidade e amizade social (Francisco, 2020). É um currículo notadamente inclusivo e comprometido com a realidade. A partir desse pressuposto e com base nas marcas educativas josefinas sobre as que discorremos no capítulo anterior, escolhemos quatro temas que consideramos desafios atuais: 1. O reconhecimento dos direitos, dignidade e inclusão equitativa da mulher; 2. A responsabilidade da família na educação dos filhos; 3. O cuidado da Casa comum; e 4. O acolhimento de imigrantes e refugiados.

Para cada tema apresentamos um quadro que conecta as atitudes e afetos de José de Nazaré, com os compromissos do Pacto Educativo Global e com as proposições do Relatório da Unesco (2022). A intenção dessa sistematização, situa-se em indicar de como essas marcas educativas josefinas podem inspirar os educadores (católicos) a sugerir abordagens pedagógicas que promovam a cooperação e a solidariedade. Após os quadros, apresenta-se uma figura síntese dos quatro temas.

Quadro 1 - O reconhecimento dos direitos, dignidade e inclusão equitativa da mulher

Atitudes e afetos de José de Nazaré

- Acolhe e protege Maria na situação de gravidez anterior ao casamento, considerando seu contexto sociocultural. Apresenta uma atitude de enfrentamento às regras da época que a condenariam e assume uma posição de respeito e de defesa da integridade dela.

- Essa decisão implicou questionar os valores da época (exemplo, a sua honra) e assumir uma posição diante do cuidado da vida de Maria e de Jesus. Destaca-se sua decisão em acolher Jesus como filho, superando fatores genéticos, sociais, culturais e religiosos determinantes.

- Essa experiência, possibilita-lhe repensar a compreensão patriarcal de modelo de família e opta por entender/assumir a família como experiência de amor, cuidado e de responsabilidade mútuas.

Compromissos do Pacto Educativo Global (2019)

- O compromisso n.3 do PEG indica “Promover a mulher”, especificamente, favorecer a participação plena das meninas e das jovens na educação.

- O PEG afirma como valores ligados a este compromisso: 1. O reconhecimento dos mesmos direitos, dignidade e igualdade entre homens e mulher; 2. Maior participação das meninas e jovens na educação, através de políticas concretas de inclusão; e 3. Inclusão equitativa das mulheres nos órgãos colegiais de decisão.

- Este compromisso sugere condenar todas as formas de discriminação e violência contra as mulheres.

- Sobre este desafio o Papa Francisco (2020, n.20) declara: “a organização das sociedades em todo o mundo ainda está longe de refletir claramente que as mulheres têm exatamente a mesma dignidade e direitos que os homens. Em palavras são ditas certas coisas, mas as decisões e a realidade gritam outra mensagem. É um fato que duplamente pobres são as mulheres que sofrem de situações de exclusão, maus tratos e violência, pois muitas vezes se encontram com menos oportunidade de defender seus direitos”.

Proposições do Relatório da Unesco (2022)

- O Relatório afirma que as desigualdades têm gênero, são as mulheres e meninas as que mais sofrem (p. VII). São sub-representadas em perspectivas, linguagens e conhecimentos (p. 10), e discriminadas, quando assumem posições feministas e/ou participam de movimentos ativistas em defesa dos seus direitos são discriminadas (p.7).

- São discriminadas com base em gênero, raça, etnia, língua, religião ou sexualidade, e, em muitos contextos, sujeitas à violência, a abusos verbais e físicos, e veem suas possibilidades de viver e prosperar severamente reduzidas (p. 71). Ainda que a participação das mulheres no mercado do trabalho tenha aumento e a disparidade de gênero diminuído, os resultados ainda são preocupantes (p. 39).

- São vítimas do fracasso global em garantir o direito à educação, especificamente, às condições de educabilidade. A pobreza continua a ser um fator determinante no acesso a oportunidades educacionais. É um fator agravante que intensifica as disparidades para estudantes meninas e mulheres (p.22). Tais disparidades aumentam pelos efeitos da crise climática, privando-lhes em sua liberdade e perspectivas de vida. Ao mesmo tempo, o Relatório reconhece que elas desempenham papéis importantes como agentes de mudança para a justiça climática (p.31).

- Mesmo sendo evidente que mulheres e meninas carregam om maior peso em termos de apoio a famílias, comunidades, saúde, segurança alimentar e ecologia integral, recebem pouco reconhecimento ou apoio por suas enormes e essenciais contribuições (p.112).

Fonte: Acervo do autor, 2024.

Quadro 2 - A responsabilidade da família na educação dos filhos

Atitudes e afetos de José de Nazaré

- Assume com responsabilidade o cuidado de seu filho, considerando as dificuldades sociais e situações de violência que marcaram seu papel desde a gravidez de Maria, passando pelo nascimento de Jesus, infância e adolescência.

- Dirige, junto à sua esposa, a educação de Jesus, em termos morais, sociais e religiosos. Ensina-lhes valores que considera essenciais para seu crescimento pessoal e comunitário e oferece-lhes condições para seu desenvolvimento integral (cf. Lc 2,52).

- Exerce uma autoridade paterna, que pautada no respeito, orienta os comportamentos de Jesus criança e adolescente, conferindo-lhe autonomia na construção de seu projeto de vida (cf. Lc 2,48).

Compromissos do Pacto Educativo Global (2019)

- O compromisso n.4 do PEG indica “Responsabilizar a família”, isto é, ver na família o primeiro e indispensável sujeito educador.

- Entre as sugestões que o PEG sugere aos educadores estão: 1. Envolver sempre as famílias nas atividades educativas da sua instituição/organização; 2. Garantir a presença dos representantes pais nos órgãos consultivos e deliberativos da sua instituição/organização; 3. Construir pactos educativos comunitários entre as escolas e a família, para responder às necessidades do território; e 4. Incentivar programas de formação e autoformação dos pais.

- Papa Francisco (2020, n. 97) alerta para as periferias existenciais que estão próximas de nós, e que podem estar na própria família, bem como, das desigualdades que enfrentam em termos de condições sociais insuficientes para o desenvolvimento integral de seus filhos, privando-os de sua liberdade (n.109). Sugere reconhecer a família como “o primeiro lugar onde se vivem e transmitem os valores do amor e da fraternidade, da convivência e da partilha, da atenção e do cuidado pelo outro” (n. 114), em especial, dos avós. Ver a família como experiência de verdadeira solidariedade construída artesanalmente pela reciprocidade e reconciliação partilhadas (n.230).

Proposições do Relatório da Unesco (2022)

- O Relatório afirma que as famílias desempenham um papel fundamental e devem ser apoiadas para conseguirem ajudar as crianças a prosperar e melhorar seu desenvolvimento físico, socioemocional e cognitivo (p.55). Esse apoio aos estudantes por parte dos sistemas inclui garantia à saúde e nutrição, serviços sociais, saúde mental e necessidades especiais de aprendizagem. E, nessas garantias de apoio, o engajamento efetivo das famílias é crucial (p.79-80).

- Sinaliza a situação de desigualdade que crianças e adolescentes enfrentam em seus processos de escolaridade, que têm na condição social e cultural das famílias um de seus fatores marcantes na garantia e acompanhamento escolares de qualidade (p.55).

- Reconhece que as famílias, em conjunto com os líderes de governo, gestores educacionais, professores, estudantes, comunidades e organizações da sociedade civil definir e implementar a renovação da educação (p.13). As famílias precisam colaborar e ser solidárias no processo de transformação do ensino, apoiando às escolas a pensar ideias para o futuro (p.7).

- Salienta que a educação é um processo relacional – entre estudantes, professores, famílias e comunidades – e como tal devemos buscar o conhecimento relacional e não hierárquico (p. 123). Faz um chamado às famílias a reconhecer a importância do trabalho dos professores e a serem solidárias na melhoria das condições laborais deles (p.78).

- O documento destaca a importância das escolas e dos sistemas educacionais ouvirem as famílias e as comunidades (p.145), e responsabilizá-las na necessidade de compartilhar e valorizar a diversidade e o pluralismo ao lado de seus filhos, o que é essencial para desaprender vieses, preconceitos e divisões nos ambientes e relacionamentos que os estudantes encontram (p.146).

Fonte: Acervo do autor, 2024.

Quadro 3 - O cuidado da Casa comum

Atitudes e afetos de José de Nazaré

- Vivencia uma experiência permanente de cuidado, marcada por desafios, que implicam atitudes corajosas para garantir proteção à sua família. Demonstra comportamentos resilientes que mitigam riscos que dependendo de suas decisões poderiam ter que enfrentar.

- Assume uma posição comprometida com a ecologia humana e cultural, que se traduz em assumir um modo de viver sustentável, que preserva a sua identidade e os seus valores. A cotidianidade familiar em Nazaré mostra-se um ambiente ecológico, mais dignificante, que influi no ver, sentir e agir de Jesus (cf. Laudato Si’, n. 147-155).

- Suas atitudes condizem com o princípio do bem comum, que pressupõe o respeito pela pessoa humana, bem-estar e segurança social. Suas decisões sinalizam colaborar para a cultura de paz e solidariedade. Pressupomos tais atitudes pelos registros que os Evangelhos expressam sobre a vida pública de Jesus (cf. Laudato Si’, n. 156-162).

Compromissos do Pacto Educativo Global (2019)

- O compromisso n.7 do PEG indica “Cuidar da Casa comum”, protegendo seus bens naturais, adotando estilos de vida mais sóbrios e visando energias renováveis e respeitosas da Natureza.

- Sugere estilos “amistosos” com o ambiente, com a comunidade da vida, incentiva proteger e multiplicar os espaços verdes no seu território e nas escolas, e promover atividades em defesa da Natureza e dos seus direitos.

- Neste ponto o PEG destaca para fins de reflexão que a dimensão global da crise atual “Não se trata apenas de uma crise ambiental, financeira, política, social: é uma crise interna, que se projeta externamente em todas as dimensões do ser humano. O que está em jogo, então, é existencial, diz respeito à posição que o homem atribui a si mesmo na realidade, à maneira como ele percebe sua existência no mundo”.

- Papa Francisco (2020, n.1) chama-nos a uma “fraternidade aberta”, ampliada, capaz de escutar a voz da Natureza. Alerta-nos “de que não estamos a reagir de modo satisfatório, pois este mundo que nos acolhe, está-se esboroando e talvez aproximando dum ponto de ruptura” (2023, n.2). Chama-nos a “Cuidar do mundo que nos rodeia e sustenta significa cuidar de nós mesmos. Mas precisamos de nos constituirmos como um ‘nós’ que habita a casa comum” (2020, n.17). Afirma que “hoje somos obrigados a reconhecer que só é possível defender um ‘antropocentrismo situado’, ou seja, reconhecer que a vida humana não se pode compreender nem sustentar sem as outras criaturas” (2023, n.67).

Proposições do Relatório da Unesco (2022)

- O Relatório aponta que um novo contrato social deve abranger uma ética de cuidado, reciprocidade e solidariedade. Deve fortalecer a educação como um esforço público e um bem comum. Para isso, “devemos conectar os locais de aprendizagem naturais, construídos e virtuais, aproveitando de forma cuidadosa os melhores potenciais de cada um deles” (p. XIV). “Os currículos devem abraçar uma compreensão ecológica da humanidade que reequilibre a maneira pela qual nós nos relacionamos com a Terra como um planeta vivo e como o nosso único lar”. (p.14)

- “Precisamos de pedagogias que nos ajudem a aprender no e c om o mundo e a melhorá-lo. Tais pedagogias exigem que continuemos a aprender sobre a dignidade de cada pessoa e a grande conquista que o direito à consciência e à liberdade de pensamento representam, mas desaprender o excepcionalismo humano e o individualismo possessivo. Elas devem basear-se na ética da reciprocidade e do cuidado, bem como reconhecer as interdependências entre indivíduos, grupos e espécies. Elas devem nos encorajar a entender a importância do que compartilhamos em comum e as interdependências sistêmicas que nos unem uns aos outros e ao planeta” (p.49).

- Questiona-nos: ‘Como podemos viver bem juntos em um planeta que está sob crescente estresse? A educação precisa responder à mudança climática e à destruição ambiental, preparando os estudantes para se adaptar, mitigar e reverter essa mudança” (p.64). “A justiça social é inseparável da justiça ecológica. Não podemos aprender a cuidar do planeta vivo sem também aprender a cuidar uns dos outros” (p.65).

- Destaca que “o conhecimento e os ensinamentos indígenas fundamentados na terra e na água, bem como muitas cosmologias africanas e asiáticas, postulam relações nas quais os não humanos são entendidos não apenas como seres com seus próprios direitos, mas como educadores e professores com os quais os humanos podem aprender em relação” (p. 110).

- Convida-nos a reconhecer “a biosfera – suas terras, águas, vida, minerais, atmosferas, sistemas e interações – deve ser entendida como um espaço vital de aprendizagem. Está entre os nossos primeiros educadores” (p.151).

Fonte: Acervo do autor, 2024.

Quadro 4 - O acolhimento de imigrantes e refugiados

Atitudes e afetos de José de Nazaré

- José experimenta a situação de imigrante, sofre aporofobia, sente, junto à sua família, as dificuldades de procurar refúgio, segurança e abrigo. Como imigrante e refugiado é vítima de atitudes de aversão por ser estrangeiro e experimenta o que significa “deixar tudo e ter que partir”.

- Mesmo no rigor da situação que enfrenta demonstra uma atitude de sensibilidade e proteção às crianças (Jesus) e da mulher (Maria) diante dos sofrimentos que implica viver a situação de imigração e refúgio.

- Em sentindo macro, desenvolve na experiência de não acolhimento da qual é vítima, uma atitude corajosa de acolhimento para com a sua própria realidade (interioridade) e para com os que lhe estão próximos (fraternidade).

Compromissos do Pacto Educativo Global (2019)

- O compromisso n.5 do PEG indica “Se abrir à acolhida”, que consiste em educar e educar-nos à acolhida, abrindo-nos aos mais vulneráveis e marginalizados.

- Sugere uma educação na abertura e no encontro do outro, que se comprometa com as políticas de inclusão, que supere a cultura do descarte e que promova programas de sensibilização numa perspectiva intercultural e inter-religiosa. É um chamado à gratuidade fraterna, que acolhe, pelo simples fato de que acolher é um ato bom (cf. Fratelli Tutti, 2020, n.139-140).

- No contexto das pessoas que enfrentam a situação de imigrantes, o Papa Francisco (2020, n.129) apela a que nossos esforços se resumam em: acolher, proteger, promover e integrar. Lembra-nos que “as pessoas que emigram experimentam a separação do seu contexto de origem e, muitas vezes, também de um desenraizamento cultural e religioso”, marcado por rupturas com as suas comunidades de origem, e no caso de algumas famílias quando um ou ambos dos progenitores emigram, deixando os filhos no país de origem, na promessa/esperança de voltar e/ou trazê-los para novamente estarem unidos (n. 38).

- Soma-se a esse problema os impactos da crise climática que prejudicam a vida de muitas pessoas, e um de seus efeitos, é as migrações forçadas (cf. Laudate Deum, n.2).

- No caso específico dos refugiados indica-nos ser favoráveis a respostas que incrementem e simplifiquem a concessão de vistos, que promovam a abertura de corredores humanitários, que assegurem acesso aos serviços essenciais, assistência consular, que possibilitem-lhes trabalhar, que lhes assegurem acesso à educação, que garantam sua liberdade religiosa, que favoreçam a reunificação familiar e preparem as comunidades locais para os processos de integração (cf. Fratelli Tutti, 2020, n.130).

Proposições do Relatório da Unesco (2022)

- O Relatório assume uma perspectiva inclusiva e sugere que “as necessidades educacionais de solicitantes de asilo, refugiados, apátridas e migrantes, em particular, devem ser apoiadas por meio da cooperação internacional e do trabalho de instituições internacionais” (p. XV). “Com a migração forçada aumentando em todo o mundo – em particular o deslocamento de populações humanas devido às pressões da mudança climática – atenção especial deve ser dada aos refugiados que não desfrutam da proteção de um Estado. Organizações internacionais e maior cooperação internacional são essenciais para garantir o direito à educação em tais situações, que é possível que se tornem cada vez mais comuns”. (p.108)

- “A globalização acelerada e a mobilidade humana cada vez maior, sobretudo a migração e o deslocamento forçados, muitas vezes exacerbam os efeitos desumanizadores de racismo, fanatismo, intolerância e discriminação. Tais formas de violência contra a dignidade humana são expressões de estruturas de poder que procuram dominar e controlar, em vez de cooperar e libertar. Frequentemente, aqueles que desfrutam de privilégios e se beneficiam de sistemas hegemônicos discriminam com base em gênero, raça, etnia, língua, religião ou sexualidade. Além disso, eles oprimem grupos que consideram ser uma ameaça, sejam eles indígenas, mulheres, refugiados, migrantes, feministas, defensores dos direitos humanos, ativistas ambientais ou dissidentes políticos” (p.7)

- Indica que ao definir futuros educacionais comuns é preciso garantir o direito à educação e às necessidades educacionais de refugiados e migrantes involuntários (p. 136) e promover mais pesquisas e debates sobre o papel da educação em responder “sobre a melhor forma de abordar as externalidades transfronteiriças decorrentes da migração e da mudança climática” (p.138)

Fonte: Acervo do autor, 2024.

O paralelo que o conteúdo dos quadros possibilita permite-nos identificar que os quatro temas propostos à luz das atitudes a afetos de José de Nazaré, mostram-se emergências educativas que o Pacto Educativo Global e o Relatório da Unesco afirmam como compromissos essenciais para reimaginar futuros mais fraternos, justos e solidários entre os humanos e com os demais seres vivos. A figura a seguir apresenta uma síntese desse chamado social que coloca as suas esperanças num pacto/contrato educativo, que permita-nos reordenar nossos propósitos de vida, pautados numa ética de cuidado, reciprocidade e solidariedade.

Imagem: síntese do pacto/contrato educativo.

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Fonte: Acervo do autor, 2024.

O lado esquerdo da figura, que sintetiza aquilo que chamamos de marcas educativas josefinas, projeta-se no testemunho de Jesus (cf. At 10,38) e reafirma a conexão entre as atitudes e afetos de José e de Jesus, seu filho. Essa ligação adquire sentido no âmbito da inspiração, do carisma que escolas e educadores podem imprimir em suas motivações pedagógicas, seja na dimensão pessoal (espiritualidade) bem como na dimensão coletiva, quando participam de um projeto pedagógico que dispõe a espiritualidade josefina como sua referência, seu estilo educativo.

No contexto dessa inspiração josefina indicamos três atitudes educativas que consideramos que podem ajudar a responder com audácia às necessidades emergentes:

a. Pensar, sentir e agir, progressivamente, mais abertos e inclusivos

José de Nazaré é descrito na história como alguém que se coloca em saída, diante da realidade, dos acontecimentos, do cotidiano de sua vida. Ele não dispõe do necessário para responder de forma mecânica às demandas que a vida lhe coloca diante de si, mas encontra, produz respostas, sentidos. Constrói resiliência para enfrentar as adversidades. A experiência de José, não é distante, em sua essência, quando transpõe-se para os dias atuais: precisamos encontrar e produzir respostas, sentidos de vida.

No âmbito educativo, para construir essas respostas, indica-se optar por alternativas colaborativas, cooperativas e solidárias. Acolher as inquietações da realidade social/escolar e responder com sinceridade. De acordo com a Unesco (2022) reimaginar os nossos futuros passa por três questões essenciais a serem feitas acerca da educação: o que devemos continuar a fazer? O que devemos abandonar? O que deve ser reinventado de maneira criativa? No caso do Pacto Educativo Global, os compromissos situam-se nessa perspectiva e afirmam que essa construção precisa ser do local ao global (OIEC; UISG; Congregação para a Educação Católica, 2021).

Essas inquietações convida-nos a valorizar e apoiar a diversidade, a desaprender preconceitos e divisões, a ser inclusivos, interculturais, intergeracionais e antirracistas. Para isso, é fundamental incluir diversas perspectivas epistemológicas e favorecer espaços de diálogo e participação pautados numa ação multicêntrica, sinodal, que lhes permita produzir propósitos compartilhados e soluções comuns para os desafios educacionais. Além dessas características, pedagogias cooperativas e solidárias, prescindem de engajamento na comunidade e de aprendizado de serviço, de um desenho inclusivo e equitativo que valorize a neurodiversidade, as diferenças de aprendizagem e se comprometa com os estudos de deficiência e educação especial. Integra essa posição inclusiva o reconhecimento de que podemos aprender com o planeta vivo, que a biosfera é um espaço educacional vital para o nosso desenvolvimento (Unesco, 2022).

b. Escutar e acolher as necessidades dos estudantes

Iniciar e gerir processos que coloquem os estudantes no centro, isto é, que permitam aos educadores reconhecer que “a realidade é mais importante do que a ideia” (cf. Francisco, 2013, n.231), e que a mediação pedagógica se realiza nos encontros que oportunizamos. Daí que favorecer espaço-tempos e metodologias de escuta, reconhecer os afetos como guias (cf. Moriceau, 2020), é fundamental, para “juntos” discernir, refletir e cooperar nas decisões e ações que consideramos que vão apoiar/fortalecer os estudantes em suas necessidades de aprendizagem, interesses, possibilidades e sentidos de vida. Neste ponto, escutar os professores e as famílias é fundamental, tanto para acolher as suas necessidades sociais, de saúde, quanto para engajá-los nos propósitos educativos. Aquilo que, muitas vezes, identificamos nos estudantes a nível de necessidade, também está presente na vida dos professores e das famílias.

A experiência de interioridade de José de Nazaré sensibiliza-nos a acolher a crescente dificuldade dos adolescentes (e de suas famílias) a parar, a refletir, a escutar e escutar-se. Inundados por informações conseguir clareza é fundamental para tornar-se consciente de suas decisões, da construção dinâmica de seus projetos de vida2. Nesse sentido, educar para o silêncio, dirige-se a criar ambientes de genuína escuta, escutar-se, escutar os outros (escuta social), escutar a Natureza, escutar Deus (teografia3). É um silêncio que nos movimenta, nos reposiciona, produz horizonte e concretiza nossa confiança (Correia; Durau, 2020).

Necessidades como a falta de harmonia no uso/interação nas tecnologias e redes sociais, o modo de conceber e vivenciar seus relacionamentos, situações de cyberbullying, cancelamento...; a falta de interação das crianças com a Natureza, dos adolescentes com as artes e humanidades; dificuldades de lidar com situações difíceis, de frustração, violência, abuso, perda ou sensação de isolamento, de imediatismo, entre outras, são marcadas por diagnósticos de uma saúde mental fragilizada, que gera sofrimento, raiva, culpa e impede-lhes gerar autoconfiança, construir sentidos de vida. Aumento dos casos de tentativas de automutilação e de suicídio são uma realidade que devemos enfrentar e prevenir.

c. Assumir uma posição radical a favor do cuidado da vida, da Casa comum

O planeta Terra é a Casa comum na qual tudo está interligado. Nele, coabitamos e coexistimos. O desafio é afirmar a solidariedade como princípio que sustenta essa interligação, a consciência de uma origem comum, da recíproca pertença e de futuros compartilhados. Daí o sentido profundo de reconhecer e defender um antropocentrismo situado, ou seja, “reconhecer que a vida humana não se pode compreender nem sustentar sem as outras criaturas” (Francisco, 2023, n.67).

Essa percepção da Terra como a Casa comum ajuda-nos a perceber a escola como também como uma dimensão dessa casa, na qual precisamos reordenar os itinerários pedagógicos em coerência com uma ética de cuidado, de reciprocidade, de solidariedade. As infâncias, os adolescentes, os educadores precisam interagir com a Natureza, tomar consciência que coabitam uma Casa comum e que cuidar dos outros é um princípio de responsabilidade para a própria subsistência e de Bem viver4. Se consideramos a situação socioambiental que vivemos, essa interação, essa atitude ecológica, deve ser um processo intencional e permanente5. O simples nomear as árvores, arbustos e flores da escola, plantar árvores ou adotar uma praça, implementar um programa de reciclagem, uma auditoria de resíduos, até integrar as dimensões da ecologia integral no currículo são passos necessários se queremos ser uma casa/escola que cuida.

Uma educação para a cidadania ecológica, na atual crise climática que enfrentamos, decide abordar essa realidade como objeto de conhecimento, afeto e atitude, e dirige-se a uma tomada de consciência, que provoca os estudantes e os educadores a assumirem posições ativistas pela justiça climática. Posições estas, imprescindíveis, se optarmos pela hospitalidade, pela vida.

4. Palavras finais

Duas frases de autores indígenas são suficientes:

O restante, que Deus acrescente.

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1 Para fins de entendimento de “afetos” no contexto deste estudo, utilizamos a seguinte definição: “O afeto é, em primeiro lugar, uma exposição, uma capacidade de se deixar impressionar por aquilo que se manifesta. É nossa maneira de entrar em contato, não por meio de explicações, mas pela experiência.[...]. O afeto nos coloca em uma posição vulnerável de abertura e de recepção. Ele é a sensibilidade que nos abre ao outro, a outros sentidos. O encontro sensível com o outro, para Lingis (Letiche & Moriceau, 2018), é um dom. Ele nos faz pensar, sentir, experimentar, nos mostra ou nos ensina o que não sabíamos, o que não conhecíamos. O dom de repensar, de recontactar. O afeto não nos coloca diante de algo já conhecido, ele nos desloca diante do estranho e do estrangeiro. Estes nos convidam a percorrer um outro mundo, ou melhor, algo se constitui em uma interferência. O que Lingis nos ensina, em consonância com Lévinas, é que esse contato é ético antes de ser epistêmico” (Guidi, Moriceau e Paes, 2019, p. 11).

2 Processo no qual construímos, dinâmica e permanentemente, a nossa identidade, exercitando um olhar intencional para nossa história de vida (passado), para o nosso estado de vida (presente), para nossas perspectivas (futuro). É uma narrativa que construímos sobre nós mesmos, o itinerário de nossos passos. Não se limita ao tempo futuro, ao contrário, convida-nos a viver intensamente o agora. Ao tornar-se consciente dessas “grafias de vida”, podemos acolher nossas inquietações e tomar melhores decisões para orientar a nossa vida. (Correia; Durau, 2020).

3 A escrita de Deus ou o modo como Deus atua deixando “marcas” que podem ser lidas e discernidas. Teografia é fazer memória das marcas, como memória da experiência do encontro com Deus. Algumas marcas nos fazem sentir a “ausência de Deus” (Correia; Durau, 2020).

4 O Bem viver “es un dinamismo relacional y libertador (y no un acomodamiento estático). Se trata de la ética de bien-estar con otros y otras, sin exclusiones. Se opone de modo tajante al egoísmo aburguesado; éste inventa un estar bien a costa de la infelicidad de los empobrecidos. Por eso al hablar d

e ‘vivir-bien’ me refiero a hacer el bien, celebrar la vida, interactuar con equidad y justicia. Lo bueno no es pues algo narcisista, auto-centrado, materialmente exitoso. Más bien es la práxis de bondad y ternura, de alegría y celebración, de relaciones fructíferas” (Irarrazaval, 2022, p. 26).

5 “Os currículos devem permitir reaprender como estamos interconectados com um planeta vivo e prejudicado e desaprender a arrogância humana que resultou na perda maciça da biodiversidade, na destruição de ecossistemas inteiros e na mudança climática irreversível. Podemos considerar os currículos “renaturalizados” como desenvolvendo uma conectividade profunda com o mundo natural e abraçando a biosfera como um espaço educacional” (UNESCO, 2022, p. 64).