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VI O SENHOR!
A dimensão feminina do relato da
primeira aparição de Jesus ressuscitado
no Quarto Evangelho e um Papa que
acolhe o testemunho das mulheres
I SAW THE LORD!
The feminine dimension of the account of
the rst apparition of the risen Jesus in the
Fourth Gospel and a Pope who welcomes
womens testimony
Luísa de Lucas*
Marcela Machado Vianna Torres**
Resumo: Este artigo estuda o texto de Jo 20,1-2.11-18 motivado pelos atuais
debates sobre o protagonismo feminino na Igreja e na sociedade. É
pertinente repensar o papel das mulheres nestas esferas a partir dos relatos
evangélicos, em especial, Maria Madalena reconhecida pela Tradição como
“Apóstola dos Apóstolos”. À luz da autoridade que Jesus confere a ela, em
2016, ano da Misericórdia, o Papa Francisco elevou a celebração de Santa
Maria Madalena, no dia 22 de julho, ao nível de festa no Missal Romano.
Este constitui um gesto simbólico que ilustra o debate sobre a importância
fundamental da mulher na vida sócio eclesial.
Palavras-chave: Maria Madalena. Quarto Evangelho. Papa Francisco.
Protagonismo feminino na Igreja.
Abstract: This article studies the text of Jo 20,1-2.11-18 motivated by the
current debates about the feminine frontline role in the Catholic Church
and in society. It is pertinent to rethink the women’s role in both these
spheres from the Gospel’s accounts, particularly, the one of Mary
Magdalene, recognized by Tradition as “Apostle of the Apostles”. In the
light of the authority that Jesus confers on her, Pope Francis raised, on July
22nd, 2016 the Year of Mercy, the celebration of Saint Mary Magdalene
to the level of a feast in the Roman Missal. This symbolic gesture illustrates
the debate on the fundamental importance of women in socio-ecclesial life.
Keywords: Mary Magdalene. Fourth Gospel. Pope Francis. Female
leadership in the Church.
v. 40, n. 135, Passo Fundo,
p. 51-66, Jul./Dez./2023,
ISSN on-line: 2763-5201
DOI:
dx.doi.org/10.52451/teopraxis.v40i135.190
*
Professora no Instituto de Teologia e
Pastoral (Itepa) na área da Mariologia.
Doutoranda em teologia na PUCRS (Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul).
Possui Mestrado em Teologia Sistemática pela
PUCRS e graduação em Pedagogia pela
Universidade Paulista (2005) Religiosa da
Congregação das Irmãs de Notre Dame. Tem
experiência na área de Educação, com ênfase
em Educação Musical, Ensino Religioso e
Orientação Vocacional, com aprofundamento
principalmente nos seguintes temas: Vida
Religiosa Consagrada, Pluralismo Religioso,
Santidade, Mulher, Juventudes e Cristianismo.
Email: marialuisa@notredame.org.br
https://orcid.org/0000-0003-1629-6814
** Bacharel em Direito pela Universidade
Cândido Mendes (RJ). Bacharelanda em
Teologia pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro. Mestranda em
Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Membro do Grupo de Pesquisa de Análise
Retórica Bíblica Semítica, constante no
Diretório do CNPq e da Rede de Teólogas
Brasileiras (RBT).
Email: marcelamvtorres@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-1922-3613
Recebido em 26/07/2023
Aprovado em 10/10/2023
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INTRODUÇÃO
O presente artigo foi realizado com base em pesquisa bibliográfica. Este se inicia
com a tradução do texto grego de Jo 20,1-2.11-18 para o português, cuja temática verte
sobre Maria Madalena e sua visita ao sepulcro e depois seu encontro com o Ressuscitado.
O Quarto Evangelho segue uma tradição independente dos sinóticos. Maria
Madalena aparece em todos os relatos pascais, porém no Quarto Evangelho, ela está em
relevo. Ela é apresentada
por João no final de seu Evangelho, em momentos decisivos da
missão de Jesus: na cruz (Jo 19,25-27) e na ressurreição (Jo 20,1-2.11-18).
Em seguida, comenta-se o contexto anterior próximo, formado de duas narrativas, e
o contexto posterior próximo. O primeiro contexto anterior próximo, Jo 19,38-42,
prepara o relato da aparição de Jesus por meio do tema do cuidado com o corpo, no qual,
se desenvolvem a narrativa sobre a retirada do corpo de Jesus da cruz e a preparação do
mesmo para o sepultamento. O segundo contexto anterior próximo, Jo 20,3-10, relata a
ida de Pedro e do discípulo amado ao sepulcro após receberem a notícia por parte de Maria
Madalena sobre o desaparecimento do corpo de Jesus. O contexto posterior próximo é a
narrativa da aparição do Ressuscitado à comunidade dos discípulos, sem a presença de
Tomé (Jo 20,19-23), ocorrido na tarde do primeiro dia da semana.
Em seguida, analisa-se os sentimentos e atitudes de Maria Madalena no relato de Jo
20,1-2.11-18 e a temática do corpo de Jesus. Posteriormente, estuda-se a intertextualidade
ad intra e na sequência, a intertextualidade ad extra ao texto de Jo 20,1-2.11-18.
Depois de abordar literariamente Maria Madalena e os aspectos narrativos do texto,
parte-se para um breve apanhado sobre
o desenvolvimento do tema do protagonismo
feminino no Pontificado
do Papa Francisco, que completou 10 anos em fevereiro de 2023.
A conclusão do artigo versa sobre a maneira pela qual Maria Madalena interpela e
influencia as mulheres junto à Igreja do século XXI.
Tradução e segmentação
1 O autor coloca a primeira pessoa do plural nos lábios de Maria Madalena “não sabemos”. Anteriormente ele descreve
que ela foi sozinha ao sepulcro no v.1a.
DE LUCAS, Luísa; TORRES, Marcela Machado Vianna
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Revista Teopráxis,
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2 O verbo se encontra no particípio perfeito, a tradução na língua de chegada “estava de pé” mantém a ideia de algo que
aconteceu e continua acontecendo.
3 (LN 15.201) βαστάζω:Mesmo campo semântico e tradução para “levar”, porém trata-se de remover algo relativamente
pesado.
DE LUCAS, Luísa; TORRES, Marcela Machado Vianna
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1 MARIA MADALENA NO QUARTO EVANGELHO
Maria Madalena é uma personagem bíblica e histórica, frequentemente confundida
com outras personagens, especialmente as outras Marias, nos Evangelhos. Maria de
Betânia e Maria Madalena foram confundidas e associadas à mulher que ungiu Jesus.
Maria de Betânia é mencionada em João 12,1-8, por isso ela foi associada à mulher que
ungiu Jesus nos Evangelhos, cujo nome não é mencionado. Maria de Magdala e Maria de
Betânia foram interpretadas por muitos como a mesma pessoa, apesar destes marcadores
geográficos distintos em seus nomes.
O Papa Gregório Magno proclamou em um sermão no ano de 591 d.C.: “Aquela que
Lucas chama de mulher pecadora, a quem João chama de Maria [de Betânia], acreditamos
ser Maria, da qual Marcos diz que foram expulsos sete demônios”. O Papa condensou três
personagens distintas, cujos nomes eram Maria e daí surgiu a confusão sobre a figura de
Maria Madalena. Esta exegese desatenta do Papa Gregório praticamente se tornou doutrina
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4 Irmãos está relacionado aos crentes, os discípulos (μαθηταῖς) presente no v. 18b.
5 O nome Μαριάμ/ Mariamaparece 10 vezes no Evangelho de João a partir do capítulo 11 até o capítulo 20. O nome
“Μαριὰμ Μαγδαληνὴ/ Mariam de Mágdalaaparece somente em 20,18. O nome Μαρια/ Maria” aparece 4 vezes
no quarto Evangelho, sendo que duas ocorrências grafado como Μαρία ἡ Μαγδαληνὴ/ Maria de Mágdala(Jo 19,25;
20,1). As outras duas ocorrências são localizadas Jo 19,25, Μαρία τοῦ Κλωπᾶ/ Maria de Cleófas”. Em 20,11 o nome
aparece grafado como “Μαρία/ Maria” referindo-se à Maria Madalena.
55
6 Samuel PEREZ-MILLOS questiona se três ou quatro mulheres aos pés da cruz. São citadas sua mãe, a irmã de sua
mãe, as outras duas são Maria, a esposa de Cleofas, e Maria Madalena. Porém alguns autores entendem que são
apenas três, desta forma, a irmã de sua mãe tinha que ser Maria, a esposa de Cleofas (19,25). Perez-Millos argumenta
que seria difícil duas irmãs possuírem o mesmo nome.
DE LUCAS, Luísa; TORRES, Marcela Machado Vianna
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e por consequência, Maria Madalena foi confundida com a pecadora que ungiu os pés de
Jesus narrada em Lc 7,36-50 e referida implicitamente como Maria de Betânia, irmã de
Lázaro e Marta (Jo 12,1-3) (CLARK-SOLES, 2013, p.626). Ao longo dos séculos, várias
interpretações surgiram a respeito de sua identidade e história. Ela é reconhecida como
uma discípula de Jesus e testemunha de eventos cruciais em sua vida, morte e ressurreição
.
A primeira menção à Maria Madalena no Quarto Evangelho ocorre no final do
mesmo, quando ela e as mulheres encontram-se de pé, próximas à cruz. Ela está junto com
Maria, a mãe de Jesus, Maria de Cléofas, irmã de sua e, e o discípulo amado (19,25)
(PÉREZ-MILLOS, 2016, p.1706)
6
.
Depois ela é citada em Jo 20,1.2.11-18. No v.1, ela vai sozinha ao sepulcro no primeiro
dia da semana, de madrugada. Ao chegar no local, depara-se com a pedra do sepulcro
rolada. No v.2 sai em disparada para comunicar este fato a Pedro e ao discípulo amado.
No v.11, ela é novamente citada, como protagonista da narrativa da aparição do
Ressuscitado. Não explicação de onde e nem por que voltou ao sepulcro, mas ela é
posicionada no mesmo local do v.1. A última menção à Maria Madalena no Evangelho de
João se dá no v.18, em que ela é comissionada por Jesus para ir ao encontro dos discípulos.
No Evangelho de João, Maria Madalena foi testemunha ocular da paixão, morte e
ressurreição de Jesus. Enquanto nos Evangelhos, a experiência com o Ressuscitado é
vivida primeiramente pelas mulheres e o anúncio da Boa Nova foi confiado primeiro a elas
(Mt 28,7-8.10; Mc 16,10; Lc 24, 9-10; Jo 20,18), no Quarto Evangelho ela está em relevo, é
a primeira testemunha do Ressuscitado, a escolhida por Jesus para anunciar aos discípulos
sobre a sua ressurreição. Deste modo, percebe-se que João tende a personalizar os
encontros de Jesus com seus interlocutores: Nicodemos (Jo 3,1-36); Samaritana (Jo 4,1-42);
Mulher adúltera (Jo 7,53–8,11); Maria Madalena (Jo 20,1.2.11-18) e, também destaca vários
personagens femininos (Maria, a Samaritana (Jo 4,1-27); as irmãs de Lázaro Marta (Jo
11,1.5.19.20.21.24.30.39; Lc 12.2) e Maria [de Betânia] (Jo 11,2.19.20.28.31.32.45; 12.3); a
mulher adúltera (Jo 7,53–8,11); Maria Madalena e as mulheres aos pés da cruz (Jo 19,25).
1.1 Contexto anterior próximo
O contexto anterior próximo é formado de duas narrativas distintas e interligadas
pelo tema do corpo. A primeira (19,38-42) relata que José de Arimateia pediu autorização
a Pilatos para retirar o corpo de Jesus da cruz. O corpo de Jesus foi envolvido em faixas de
linho e embalsamado com perfumes trazidos por Nicodemos (19,41). Ele e Jo de
Arimateia prepararam o corpo conforme o costume judaico (19,40). Jesus havia sido
crucificado e sepultado num jardim, num túmulo novo (19,41). Era dia de preparação dos
judeus para o grande sábado, isto é, o shabbat solene porque coincidia com a Páscoa judaica
(19,31). Os personagens desta narrativa são: o narrador, Pilatos, José de Arimateia,
Nicodemos e o corpo de Jesus. O local é o jardim e o tema é o sepultamento do corpo
conforme o costume dos judeus.
O segundo contexto anterior próximo narra a ida de Pedro e do discípulo amado ao
sepulcro após receberem a notícia por parte de Maria Madalena sobre o desaparecimento
do corpo de Jesus (20,3-10). Eles vão correndo para o local do sepultamento, sendo que o
amado chega antes de Pedro. Ele o espera do lado de fora, inclina-se para olhar dentro do
sepulcro e vê as faixas de linho no chão, mas não entra. Pedro então entra no sepulcro e
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observa as faixas de linho no chão e o pano que tinha coberto a cabeça de Jesus enrolado
num lugar à parte. O outro discípulo, o amado, entrou, viu e creu. Eles voltam para casa.
Esta narrativa se desenvolve a partir da iniciativa de Maria Madalena. Os personagens do
contexto imediatamente próximo dos vv.1-2 são o narrador, Pedro e o discípulo amado. O
local é o sepulcro e o tema é a procura do corpo de Jesus, a visão dos panos e a crença do
discípulo amado.
1.2 Contexto posterior próximo
O contexto posterior próximo é a narrativa da aparição do Ressuscitado sem a
presença de Tomé (Jo 20,19-23). Na tarde daquele dia, o primeiro dia da semana, os
discípulos encontravam-se fechados num lugar com medo dos judeus e Jesus coloca-se no
meio deles, oferecendo a paz como dom, mostra as mãos e o lado para os discípulos que se
alegraram em vê-lo. Jesus a paz mais uma vez, envia os discípulos e sopra sobre eles o
Espírito Santo, dando-lhes o poder de perdoar os pecados, bem como o de retê-los.
No sentido narrativo, parece que a notícia de Maria Madalena (v.18c) não teve
repercussão entre os discípulos que continuavam com medo no v.19. Nota-se, portanto,
que não continuidade entre o testemunho de Maria Madalena e o sentimento dos
discípulos no v.19. Entretanto, o tema da aparição do Ressuscitado é continuado.
2 MARIA MADALENA: SEUS SENTIMENTOS E ATITUDES NO RELATO DA PRIMEIRA
APARIÇÃO DE JESUS RESSUSCITADO
No v.1, Maria Madalena vai sozinha ao sepulcro no primeiro dia da semana, de
madrugada. Ela teve a iniciativa de ir para onde Jesus havia sido sepultado. O texto não diz
o motivo da ida ao sepulcro, mas pode-se imaginar que tenha ido visitar seu amado,
chorar sua morte ou mesmo estar perto do seu corpo, mesmo que do lado de fora (v.1). É
difícil se separar de quem se ama. Ao chegar no local, depara-se com a pedra do sepulcro
rolada e sai em disparada para comunicar este fato a Pedro e ao discípulo amado: “Levaram
o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram(v.2). Maria usa a primeira pessoa
do plural, entretanto, ela é apresentada sozinha nos vv.1-2. Os discípulos acreditam nela,
pois correm para o sepulcro. Ela torna a aparecer no texto no v.11 sem explicação de onde
ela voltou, mas é posicionada no mesmo local do v.1: ἔξω/forado sepulcro. O narrador
não diz porque ela se encontra ali após a visita dos dois discípulos
7
. A mesma raiz verbal é
utilizada no v.11 εἱστήκει/estivera de da mesma forma que esteve com as outras
mulheres na cruz em Jo 19,25 “εἱστήκεισαν/estiveram
8
.
A narrativa joanina neste ponto integra história e teologia em um relato no qual a
ação divina é apresentada aos leitores/ouvintes do relato, no entanto, não é claro se esta
mesma percepção é tida pelos personagens. Ela chora, abaixa-se para olhar dentro do
sepulcro e dois anjos de branco ladeando o local onde o corpo de Jesus havia sido
colocado. Um à cabeceira e outro aos pés, sinalizando que a presença divina testemunha
que o corpo de Jesus ali jazera. O ato de inclinar-se para olhar dentro do sepulcro pode
indicar ao mesmo tempo reverência por estar diante do sagrado, ou, que ficava num local
baixo, como afirma Brodie, próprio da sepultura dos pobres (BRODIE, 1993, p.561).
7 Existe um hiato narrativo no qual não se explica o que aconteceu com Maria Madalena após a visita dos discípulos ao
sepulcro. Não se diz, por exemplo, se ela segue os discípulos.
8 Εἱστήκεισαν δὲ παρὰ τῷ σταυρῷ τοῦ Ἰησοῦ ἡ μήτηρ αὐτοῦ καὶ ἡ ἀδελφὴ τῆς μητρὸς αὐτοῦ, Μαρία ἡ τοῦ Κλωπᾶ
καὶ Μαρία ἡ Μαγδαληνή (Jo 19,25).
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Maria Madalena é fiel a Jesus, ela não sai de perto do sepulcro, ao contrário dos
discípulos que voltam para casa, como afirma Clark-Soles, ela permanece (CLARK-
SOLES, 2013, p.636). Ela está angustiada, triste, chora porque descobre que o corpo de
Jesus desaparecera. Sua angústia é tamanha que nem mesmo a visão de seres celestiais no
sepulcro desviam o foco de sua preocupação ou mesmo ela está tão absorta em sua dor e
tristeza que não os percebe como anjos
9
.
Maria Madalena é uma personagem fragilizada pela dor, mas forte pelo amor que a
impele a buscar o corpo do Senhor. O texto grego enfatiza o verbo chorar, da mesma
forma que insiste em pontuar suas atitudes de protagonista diante de uma situação
desafiadora. Em determinadas situações, a dor pode despertar forças desconhecidas
naquele que sofre.
2.1 Maria Madalena e o corpo de Jesus
uma continuidade do tema do zelo com o corpo de Jesus que se inicia na
preparação e sepultamento realizados por Nicodemos e José de Arimateia (Jo 19,38-42).
Em Jo 20,1-2.11-15, Maria Madalena vai ao sepulcro por causa do seu amor por Jesus. A
sua motivação não é explicitada, porém ao atestar a pedra rolada e a ausência do corpo, a
motivação pela procura deste se torna prioridade.
No que tange às obscuridades encontradas no relato sobre o sepulcro vazio, García
(GARCÍA, 2015, p.57) destaca que no v.1a o narrador diz que Maria Madalena foi ao
sepulcro de madrugada, no primeiro dia da semana (v.1a) e a pedra rolada (v.1b), mas
não diz que ela olhou para dentro do sepulcro ou que entrou nele. No v.2a ela corre e vai a
Pedro e o amado (2b) contar que removeram o Senhor do sepulcro (2cd). O autor chama a
atenção de que se ela não havia olhado dentro do sepulcro, portanto, soa estranho que
aos discípulos e afirme categoricamente sobre o desaparecimento do corpo de Jesus. As
palavras de Maria “não sabemos” (2e) “onde o puseram” (v.2f) sinalizam incongruência
entre esta conjugação de terceira pessoa do plural e todo o restante do relato que Maria
fala em primeira pessoa do singular.
A temática do corpo de Jesus nessas passagens enfatiza tanto sua humanidade quanto
sua ressurreição. O corpo de Jesus foi crucificado e sofreu, mas agora ele está ausente do
túmulo, indicando sua vitória sobre a morte. A ressurreição de Jesus é uma afirmação
poderosa de sua divindade e do cumprimento de sua missão redentora. Por sua vez, a
busca de Maria Madalena pelo corpo se faz de duas maneiras narrativas que se
desenvolvem da mesma forma na qual o Ressuscitado é revelado. Em um primeiro
momento, Maria busca um cadáver, deseja manter o vínculo físico, com o Jesus histórico,
seu Mestre, a quem seguiu, viveu tantas experiências e aprendizados, como último
elemento que os vincula. Em um segundo momento, ela encontra aquilo que busca, mas
não um corpo morto e sim, o Vivente. Uma nova perspectiva de vida se abre na percepção
de Maria Madalena que entende que Jesus vive, além desta história, mas continua presente
na força de seus atos e palavras dos quais ela é agora portadora.
9
O narrador mostra aos leitores que a angeologia do relato evidencia um acontecimento sobrenatural, no qual a
personagem Maria Madalena não necessariamente percebe ou compreende. Os motivos podem ser a insipiência de
sua fé pascal ou, seu estado emocional diante da cena, ou ainda uma estratégia retórica de preparação para a
revelação do Ressuscitado.
DE LUCAS, Luísa; TORRES, Marcela Machado Vianna
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2.2 Intertextualidade ad intra
Como dito, o Evangelho de João apresenta diversas personagens femininas que têm
um encontro pessoal com Jesus. Algumas narrativas nas quais elas o protagonistas, se
assemelham narrativamente e tematicamente com Jo 20,1-2.11-18.
Um primeiro relato narra o encontro de Jesus com uma mulher samaritana no poço
de Jacó, onde ele conversa a sós com ela (Jo 4,1-42). O diálogo se inicia em torno do
assunto da água e do poço e se desenvolve no debate sobre qual seria a verdadeira cidade
de culto, Samaria ou Jerusalém. A mulher se fixa em torno dos conflitos históricos, mas
Jesus lhe revela que quem bebe da água da vida não tem mais sede. Depois, a conversa
converge para a questão esponsal, na qual ela o reconhece como um profeta. Jesus então
diz a ela que há um novo jeito de adorar a Deus, independente do lugar em que o santuário
se encontra, isto é, em Espírito e Verdade. Em seguida, ela indaga sobre a questão
messiânica e então, Jesus se revela como o Messias. Neste ponto da narrativa, a mulher sai
para anunciar, esquecendo o cântaro cheio da água. Muitos creram nela em sua aldeia (Jo
4,39), indicando que houve uma boa acolhida pelos samaritanos, elemento que se contrasta
com o ambiente hostil de Jerusalém (MAZZAROLLO, 2015, p.123).
Percebe-se que no sentido de estrutura literária, alguns elementos importantes
transparecem nesta narrativa assim como no relato da aparição do Ressuscitado à Maria
Madalena: Jesus encontra-se dialogando a sós com uma mulher, um ensinamento, uma
revelação, um anúncio e um elemento de intimidade.
Da mesma forma, como na narrativa da samaritana, percebe-se a presença de
elementos comuns entre o episódio da reanimação de zaro e da aparição de Jesus à
Maria Madalena. O contexto é de morte e vida em ambas as narrativas. Primeiro, o tema
do corpo de Lázaro que morreu e foi sepultado e o corpo de Jesus que desaparecera do
sepulcro; assim como Maria Madalena vai ao sepulcro e toma a iniciativa de achar o corpo
de Jesus, Marta e Maria têm a iniciativa de mandar um recado a Jesus sobre a doença de
seu irmão (Jo 11,3); as emoções de Maria Madalena são evidenciadas da mesma maneira
que os sentimentos de Jesus, como o amor que ele sente por Lázaro (Jo 11,3), por Marta (Jo
11,5), a reação comovida ao choro de Maria (Jo 11,33), o seu choro (Jo 11,35) e a
cumplicidade diante da morte de seu amado amigo (Jo 11,36). O diálogo de Jesus com
Marta (Jo 11,21-27) desencadeia num ensinamento de que ele é a ressurreição e a vida (Jo
11,25-26), o que parece ser uma prolepse do que ocorrerá no encontro do Ressuscitado
com Maria Madalena. Assim como Marta professa sua no Messias (Jo 11,27), Maria
Madalena reconhece Jesus como Senhor e o anuncia (v.18). semelhança na postura de
Maria que se prostrou aos pés de Jesus (Jo 11,32) e Maria Madalena que se inclinou para
olhar dentro do sepulcro (v.11) e na visão de alguns exegetas, Jesus teria evitado seu toque
porque ela teria se jogado aos seus pés, tentando tocá-lo (v.17a). Maria e Jesus choram por
Lázaro (Jo 11,33.35) e Maria Madalena chora por Jesus (v.1.11). Ambas narrativas se
encontram próximas ao contexto pascal. No fim predomina a vida e não a morte.
As narrativas do encontro de Jesus com a samaritana e da reanimação de zaro
desencadeiam à adesão da comunidade, o anúncio de Maria Madalena aos “irmãos”
parece não ter repercussão direta na narrativa, uma vez que nada é dito sobre isto nos
episódios seguintes. Dada a importância do relato da aparição de Jesus à Maria Madalena
parece que o objetivo principal está conectado mais ao ouvinte-leitor do que à narrativa
em si mesma, pois ela não tem repercussão posterior.
DE LUCAS, Luísa; TORRES, Marcela Machado Vianna
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2.3 Interxtualidade ad extra
A busca de Maria Madalena pelo Senhor Jesus (20,1.11ss) é comparada por alguns
estudiosos à procura do amado pela amada em Ct 3,1-4, que retoma o tema nupcial do
livro. A voz da amada responde à do amado no jardim (Jo 20,16). Segundo Mateos e
Barreto, Maria Madalena, no seu papel de esposa, representaria a comunidade da nova
aliança, que começa na cruz (Jo 20,15) (MATEOS; BARRETO, 1989, p.35).
Metaforicamente, a dimensão do diálogo entre o amado e a amada em Cântico dos
Cânticos pode ser relida, como um pano de fundo, no diálogo estabelecido entre Maria e
Jesus no jardim. Maria escuta a voz de Jesus e o confunde com o jardineiro (Jo 20,15), no
entanto, o reconhece quando ele a chama por seu nome (Jo 20,16). Nesta comparação, o
amado diz “Maria” (Jo 20,16a) e a amada responde Rabouni(Jo 20,16c) com alegria (Ct
3,29), sendo este um sinal da restauração da vida/união anunciada.
Segundo Mateos e Barreto, Jesus e Maria Madalena representariam o casal
primordial que início à uma nova humanidade. Ao reconhecer a voz de Jesus, Maria é
impelida a segui-lo (Jo 20,16a), ela chama-o de “Meu Mestre” e pensa que este primeiro
encontro significaria a união definitiva, a etapa final. No entanto, com uma catequese
dirigida a ela, mostra que seu lugar é junto do Pai a partir daquele momento. Jesus a envia
para anunciar a sua mensagem (20,17s) (MATEOS; BARRETO, 1989, p. 200). E ela vai,
como sinal de um recomeço.
Segundo Léon-Dufour, alguns estudiosos relacionam o jardim onde Jesus foi morto
e sepultado (Jo 19,41) ao jardim do Éden (LÉON-DUFOUR, 1998, p. 157). Mazzarollo
amplia ainda mais a conexão com o Éden ao afirmar que ali era um lugar criado com vida e
abundância, um local agradável de se estar; no centro deste jardim havia a árvore da vida,
árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2,9); o pecado entrou no jardim, a vida foi
ameaçada, por causa da desobediência do primeiro casal. Para este autor, a cruz no quarto
Evangelho é o lenho verde plantado no Éden. Este lenho verde é capaz de sustentar novos
ramos que produzem muitos frutos (Jo 15,1-17). O Pai, através do Filho, restaurou a
criação, fazendo brotar outra vez a vida (MAZZAROLLO, 2015, p.302.306).
Ao relacionar a narrativa de Maria Madalena e o encontro com o Ressuscitado,
percebem-se ecos da tradição veterotestamentária que podem ter sido apresentados como
pano de fundo para o desenvolvimento da narrativa. De modo geral, as imagens dialogam
com a temática do amor, da busca e do encontro. A dificuldade de Maria Madalena era
distinguir a morte da vida. Ela buscava um corpo, mas encontra o Ressuscitado.
3 O PAPA FRANCISCO E O PROTAGONISMO FEMININO NA IGREJA DO SÉCULO XXI
Com o Concílio Vaticano II (1961-1965), a Igreja pretendeu entrar numa nova fase
de diálogo com a sociedade moderna. A partir das reformas do Concílio, houve uma
redescoberta de Maria Madalena, que, por muitos séculos, foi celebrada na liturgia da
Igreja como pecadora arrependida por causa da interpretação equivocada do Papa
Gregório Magno. Ao longo da história foi sendo criada uma personagem estranha à
seguidora fiel, corajosa e amorosa de Jesus (MAIA, 2023, p.15).
Em 2019, o Papa Francisco elevou a celebração, memória de Santa Maria Madalena ao
nível de festa no Missal Romano, ressaltando sua importância como primeira testemunha da
ressurreição e o papel das mulheres na evangelização. A decisão foi tomada durante o Jubileu
da Misericórdia, no ano de 2016, e destaca o amor de Maria Madalena por Cristo. Um novo
prefácio foi elaborado e inserido no missal romano, próprio para a festa em que Maria
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“Vi o Senhor!: a dimensão feminina do relato da primeira aparição de Jesus ressuscitado no Quarto Evangelho [....]
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Madalena recebeu o título de Apóstola dos apóstolos, que Santo Tomás de Aquino (1225-
1274) havia aplicado a ela MAIA, 2023, p.15). A festa promoveu uma reflexão mais
profunda sobre a dignidade da mulher, a nova evangelização e a misericórdia divina. A data
da celebração continua sendo no dia 22 de julho (ANDREATTA, ROCCA, 2019).
Segundo a teóloga Elizabeth Johnson, ao elevar o status do dia de Maria Madalena
para uma festa importante, o Papa Francisco destaca sua relevância como testemunha
primordial da Ressurreição e enfatiza como sua história foi subvertida e seu papel de
liderança injustamente retirado. Corrigir essa injustiça permite que Maria Madalena seja
vista como um modelo de seguidora fiel, líder forte e independente na Igreja primitiva.
Seu protagonismo desafia a Igreja a permitir a participação igualitária das mulheres como
discípulas no século XXI (JOHNSON, 2016).
Nos seus 10 anos de pontificado, o Papa Francisco tem enfatizado o papel das
mulheres na Igreja e na sociedade e tem se pronunciado em favor da valorização, inclusão e
participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida eclesial. Ele tem abordado o
papel das mulheres na Igreja em diversas ocasiões, tanto em seus discursos públicos como
em documentos oficiais. Francisco também tem feito críticas à exploração e à subordinação
das mulheres, defendendo o respeito por sua dignidade e serviço em todos os níveis. Ele
vem pedindo a oferta de novos espaços às mulheres na Igreja e na sociedade, promovendo
sua participação e envolvimento em responsabilidades pastorais. O Papa destaca que a
mulher é portadora de harmonia na Igreja e no mundo, e ressalta a importância do
testemunho das mulheres na transmissão da fé. Sua mensagem enfatiza a valorização do
papel das mulheres e a busca pela igualdade e justiça (GISOTTI; SILVONEI, 2018).
Na Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium/Alegria do Evangelho”, de 2013, o Papa
Francisco reconhece a contribuição indispensável das mulheres na sociedade, destacando
sua sensibilidade, intuição e capacidades peculiares. Ele ressalta a importância da presença
feminina em todos os âmbitos, incluindo o trabalho e as decisões importantes na Igreja e na
sociedade (EG 103). O Papa também expressa preocupação com os maus-tratos e a
desvalorização das mulheres, pedindo defesa de seus direitos. Ele reconhece a necessidade
de ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja. No entanto, o
Papa reafirma que o sacerdócio reservado aos homens o está em discussão, mas destaca
que a dignidade e a santidade vêm do batismo, acessível a todos. Ele enfatiza que as funções
não justificam a superioridade, e a autoridade do sacerdócio é um serviço ao povo. O Papa
desafia os pastores e os teólogos a refletirem sobre o possível lugar das mulheres nas
decisões importantes nos diferentes âmbitos da Igreja (EG 104).
No discurso aos participantes na Plenária do Pontifício Conselho para a Cultura, em
7 de fevereiro de 2015, o Papa Francisco destaca a importância de estudar critérios e
modalidades que permitam às mulheres serem plenamente participantes na vida social e
eclesial, sem se sentirem apenas como hóspedes. Ele ressalta a necessidade de superar os
modelos de subordinação e igualdade absoluta, buscando um novo paradigma de
reciprocidade na equivalência e na diferença entre homens e mulheres. Ele destaca a
importância de eliminar a violência e a degradação sofridas pelas mulheres, além de
promover uma presença feminina mais difundida e incisiva nas comunidades e nas
responsabilidades pastorais. Francisco reconhece o papel insubstituível da mulher na
família, enfatizando suas qualidades de delicadeza, sensibilidade e ternura, que contribuem
para a serenidade e harmonia familiar. Ele encoraja a presença eficaz das mulheres em
diferentes esferas públicas, no mundo do trabalho e nas tomadas de decisões importantes,
ao mesmo tempo em que ressalta a importância da família. Ele pede que todas as
instituições, incluindo a comunidade eclesial, garantam a liberdade de escolha para as
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mulheres, para que possam assumir responsabilidades sociais e eclesiais em harmonia com
a vida familiar
(FRANCISCO, 2015).
Na Audiência Geral de 15 de abril de 2015, o Papa Francisco destacou a importância
de ouvir a voz das mulheres e reconhecer sua autoridade tanto na sociedade como na
Igreja. O Pontífice enfatizou a necessidade de compreender profundamente o que as
mulheres podem oferecer à sociedade. Ele encorajou a explorar essa perspectiva com mais
criatividade e audácia (FRANCISCO, 2015).
Na Exortação Apostólica pós Sínodo da Família, “Amoris Laetitia/ Sobre o Amor na
Família”, publicado em 2016, o Papa Francisco discute a família e o papel das mulheres
dentro dela e enfatiza a sua importância como es e esposas, bem como a necessidade de
sua participação na vida da Igreja. O documento, no parágrafo 54, aborda os direitos das
mulheres e a importância de sua participação no espaço público.
Numa entrevista, a teóloga Ivone Gebara foi questionada sobre sua posição à
reflexão do documento no tange às mulheres. Ela afirma que o uso do termo “mulher” de
maneira abstrata é problemático, pois ignora a diversidade de experiências vividas por
mulheres (AL 54). Além disso, ela aponta para o fato de que a teologia e a ideologia cristã
têm contribuído para essa hierarquia de gênero ao longo da história. O texto da AL 54
(FRANCISCO, 2016, p.49). menciona formas inadequadas de feminismo, mas não oferece
informações sobre as formas adequadas ou o que essas formas pedem do governo da Igreja
(GEBARA, 2016).
No discurso para os membros da União Internacional das Superioras Gerais em
2016, o Papa expressou sua gratidão pela presença e serviço das religiosas na Igreja. Ele as
encorajou promover uma maior participação das mulheres nos Conselhos Pastorais e
Comissões Diocesanas, a fim de ampliar sua contribuição nas tomadas de decisões
(FRANCISCO, 2016).
Em 2017, o Papa enfatizou que ao falar das mulheres, não devemos considerá-las
apenas em termos de funcionalidade. A mulher traz uma riqueza única, algo que os
homens, a criação como um todo o possuem. Explorar a mulher é uma forma de
destruição que vai além de um simples delito (FRANCISCO, 2017).
O Papa Francisco institucionalizou o acesso das mulheres aos ministérios do
leitorado e acolitado na Igreja por meio da Carta Apostólica Spiritus Domini(2020). Ele
modificou o cânon 230 do Código de Direito Canônico para permitir que homens e
mulheres exerçam essas funções de forma estável e com um mandato especial.
Anteriormente, esses ministérios eram reservados apenas para seminaristas durante sua
preparação para o ministério ordenado. Com essa mudança, o Papa abriu oficialmente essas
posições para leigos, tanto homens como mulheres (PERETTI, C.; QUEIROZ, 2021,
p.146).
Na Encíclica “Fratelli Tutti/Todos Irmãos” - Sobre a fraternidade e a amizade social
(2020), Francisco ressalta a necessidade de promover a igualdade de gênero e a participação
das mulheres em todos os níveis da vida social. O Papa reconhece que as mulheres ainda
enfrentam desigualdade, exclusão, abusos e violência e afirma que a igualdade não é
alcançada apenas com palavras, mas requer ações concretas. A Encíclica recebeu críticas por
não incluir vozes femininas nas notas de rodapé e por não mencionar mulheres escritoras,
pensadoras e ativistas como fontes de inspiração. Isso suscitou preocupações sobre a falta de
representatividade, como disse a Irmã Mary John (JOHN, 2021). Apesar disso, o Papa
utiliza uma linguagem inclusiva ao se dirigir aos leitores como “irmãos e irmãs”, mostrando
abertura e inclusão. A escolha do título foi considerada por alguns como discriminatório,
no entanto, foi explicado que a palavra “irmãos” é uma citação exata de o Francisco que
quer entender tanto os irmãos como as irmãs (COLAGRANDE, 2016). Ele reconhece o
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papel e a dignidade das mulheres bem como a sua importância na construção de uma
sociedade mais justa e fraterna. Embora encíclicas anteriores tenham sido direcionadas
principalmente a homens, a Fratelli Tutti busca compensar o título controverso e
reconhecer o papel e a dignidade das mulheres (JOHN, 2021).
O Papa escreveu o prefácio do livro “Mais liderança feminina para um mundo melhor:
o cuidado como motor para a nossa casa comum”, organizado por Anna Maria Tarantola. O
Papa comentou: “este livro fala de mulheres, dos seus talentos, das suas habilidades e
competências, e das desigualdades, violências e preconceitos que ainda caracterizam o
mundo feminino. As questões da mulher são particularmente importantes para mim.”
Francisco enfatizou no prefácio, “é justo que elas possam expressar essas habilidades em
todos os âmbitos, não apenas naquele familiar, e possam ser remuneradas igualmente com
os homens por papéis iguais, compromisso e responsabilidade” (COLLET, 2023).
Em de junho de 2023, o Pontífice teve uma audiência histórica com mulheres
indígenas da Amazônia, representantes da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) e
da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM). Durante o encontro, as mulheres indígenas
compartilharam suas preocupações sobre a situação na Amazônia, incluindo questões
ambientais, direitos indígenas e o papel das mulheres na região. Elas enfatizaram a
importância de dar voz aos territórios indígenas e expressaram sua gratidão pelo apoio do
Papa Francisco (MODINO, 2023).
Entretanto, a teóloga Mary Hunt critica o Papa Francisco afirmando que ele tem uma
compreensão limitada das mulheres e se sente mais confortável lidando com questões
relacionadas a homens gays. Ela questiona se o Papa realmente compreende a situação das
mulheres e argumenta que ele não tem se reunido com lésbicas, famílias lésbicas ou freiras
norte-americanas com problemas no Vaticano. Hunt reconhece algumas melhorias durante
o pontificado de Francisco, mas não uma mudança significativa nas relações de poder
entre o Vaticano e as Congregações Religiosas. Ela critica a visão pontifícia de perceber as
mulheres como dóceis e acredita que isso marginaliza aquelas que não se encaixam nesse
estereótipo, tais como as mulheres migrantes, mães solteiras e mulheres pobres. Ela defende
uma perspectiva feminista que busca igualdade de gênero, raça, salários e preocupações
ambientais. Hunt não apoia a ordenação de mulheres, mas sim um modelo mais horizontal
de liderança nas comunidades de base. Ela destaca a existência de grupos que ordenam
mulheres, mas expressa preocupação com a possibilidade de uma reinvenção do
clericalismo. Hunt sugere a nomeação de mulheres cardeais como um gesto simbólico de
compartilhamento de poder. Ela argumenta que permitir que as mulheres ocupem espaços
de tomada de decisão seria fundamental para abordar os problemas estruturais e morais da
Igreja (MACHADO, 2018).
A teóloga Francilaide Ronsi afirma que o Papa Francisco tem insistido na
necessidade de reflexão e mudança em relação ao papel das mulheres na Igreja. Ele
reconhece a importância da presença feminina e a igual dignidade entre homens e
mulheres. Houve avanços, como a nomeação de mulheres para cargos importantes e a
criação de comissões de estudo. No entanto, ainda é necessário que os apelos do Pontífice
sejam ouvidos e acolhidos em toda a Igreja, promovendo uma maior participação e
valorização das mulheres em todos os âmbitos da vida eclesial e social. O objetivo é que as
mulheres se sintam plenamente integradas e ativas na vida da Igreja e da sociedade
(RONSI, 2020, p.71).
As teólogas Clélia Peretti e Ivoneide Queiroz destacam a importância de oferecer
espaços às mulheres na Igreja, valorizando sua presença e reflexão teológica. Elas
reconhecem que Francisco se esforça em propor mudanças para que as mulheres possam
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assumir responsabilidades sociais e eclesiais. Segundo elas, a ordenação feminina é vista
como um gesto corajoso e inclusivo, mas a mudança mais significativa deve ocorrer na
compreensão e exercício do poder, incorporando valores e formas diferentes. O fazer
teológico feminista é essencial, pois as contribuições das mulheres muitas vezes são
invisibilizadas. As mulheres desempenham papéis importantes não apenas na Igreja, mas
também em movimentos sociais, buscando justiça e igualdade. Sua atuação é fundamental
na construção de um mundo mais justo e fraterno. Segundo as autoras, a Teologia
Feminista surge ao reconhecer o cotidiano como um lugar teológico significativo. Ele é
visto como um espaço onde as contradições da vida podem ser compreendidas e superadas,
desafiando visões dualísticas e dicotômicas (PERETTI; QUEIROZ, 2021, p.146-147).
Para a teóloga Maria Clara Bingemer, o Papa Francisco reconhece a importância de
ampliar a presença e visibilidade das mulheres na Igreja, inclusive em posições de
autoridade e tomada de decisões. Ele valoriza o gênio feminino e reconhece a contribuição
vital das mulheres para a missão da Igreja. A autora comenta que o Papa adota uma postura
acolhedora, buscando a inclusão e a participação das mulheres na comunidade eclesial e
reconhece que o machismo tem sido um obstáculo e adverte contra uma filosofia feminista
que poderia prejudicar a riqueza da diferença entre homens e mulheres. O Papa Francisco
deseja que a Igreja seja uma mãe fecunda que acolhe e cuida da vida, e ressalta a importância
de comportamentos positivos e de uma reflexão teológica mais profunda sobre a mulher na
Igreja. No entanto, a teóloga acredita que de Francisco não se deve esperar mudanças
estruturais que transformem radicalmente a letra da lei da Igreja, mas sim uma mudança de
atitude e perspectiva em relação às mulheres. Ele procura exorcizar a culpabilização e a
suspeita eterna que historicamente recaíram sobre as mulheres em relação ao pecado e à
sexualidade. Deste modo, para a teóloga, Francisco inaugura uma nova era de carinho,
proximidade e colaboração mútua na missão da Igreja. Jesus de Nazaré também tratava as
mulheres com respeito e carinho, e o Papa Francisco promete que a Igreja será um espaço
onde as mulheres possam expressar seu gênio, criatividade e sabedoria no projeto da
construção do Reino de Deus (BINGEMER, 2015, pp.199.203.206-209).
Kate Mc Elwee é diretora-executiva da “Women's Ordination Conference/Conferência
de Ordenação de Mulheres”, um movimento de base que promove ativismo, diálogo e
testemunho de oração para pedir a ordenação de mulheres e igualdade de gênero na Igreja
Católica Romana. Comentando os 10 anos de pontificado de Francisco, ela publicou um
artigo intitulado “A evolução do Papa Francisco sobre as mulheres: algum movimento, mas
mais necessário, na National Catholic Reporter em 07 de março de 2023. Mc Elwee destaca
que o Papa é sinodal e tem mostrado uma liderança que escuta e está aberta a mudanças.
Embora sua abordagem tenha sido criticada por ser obscura, confusa e insatisfatória para
muitas pessoas, ele demonstrou uma capacidade de mudar de ideia e adotar uma liderança
sensível a este tema. Ele tem mostrado um crescente entusiasmo em dar às mulheres papéis
de liderança e tomada de decisão na administração da Igreja. Embora as nomeações de
mulheres tenham sido fragmentadas, mais mulheres estão ocupando posições de liderança
no Vaticano. Quanto ao ministério, Francisco fez mudanças canônicas para permitir maior
envolvimento das mulheres em ministérios dentro da Igreja. No entanto, sua posição em
relação à ordenação de mulheres ao sacerdócio tem sido uma fonte de frustração para
muitos, pois ele tem mantido a posição estabelecida pela Igreja de não permitir a ordenação
de mulheres como padres. Sua compreensão da teologia mariana também tem sido criticada
por reduzir as mulheres a metáforas abstratas e colocá-las em um pedestal, negando sua
plena humanidade. Apesar das críticas, há sinais de progresso e oportunidades crescentes para
que as vozes das mulheres sejam ouvidas sob o papado de Francisco (MC ELWEE, 2023).
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Em suma, o Papa Francisco tem expressado a importância da inclusão e valorização
das mulheres na Igreja, reconhecendo sua contribuição única. Para Francisco Jesus tinha
uma visão muito especial e respeitosa em relação às mulheres. Sua abordagem lançava uma
luz poderosa sobre elas, destacando sua importância e valor. Essa visão iluminava um
caminho que tinha um alcance significativo, mas do qual conhecemos apenas uma pequena
parte até agora. Apesar desses apelos, ainda há desafios a serem enfrentados para alcançar a
plena participação das mulheres na vida eclesial.
CONCLUSÃO
Como a narrativa da aparição de Jesus à Maria Madalena pode nos iluminar na
compreensão do papel das mulheres na Igreja? Maria Madalena viveu no obscurantismo
por muitos culos. Nem mesmo os equívocos com outras personagens bíblicas que a
“confundiram” com uma prostituta, apagaram a força do seu testemunho “Vi o Senhor!”.
Segundo Elizabeth Johnson, Maria Madalena “é tanto uma discípula (alguém que segue)
quanto umaapóstola (alguém que é enviado). Com base em sua relação com Jesus, sua
liderança em ambos os papéis deu uma contribuição destacada na origem do
cristianismo” (JOHNSON, 2016).
Na lógica aplicada por Elizabeth Johnson, Maria Madalena é modelo feminino na
Igreja primitiva, uma vez que seu apostolado reúne os aspectos essenciais do seguimento
de Jesus. Ela é a primeira enviada por Jesus aos seus discípulos, tornando-se apóstola
daqueles que serão mais tarde enviados, tornando-se assim “Apóstola dos Apóstolos”.
Ela foi a escolhida pelo Senhor para anunciar a Boa Nova. Jesus restaura nela a
dignidade da mulher numa sociedade patriarcal em que seu testemunho não era válido
segundo a Lei Mosaica. Sabendo de sua situação frente à Lei, ela busca duas testemunhas
legalmente válidas para atestarem que o mulo se encontrava vazio
11
. No entanto, ela é
elevada à qualidade de primeira testemunha da ressurreição, pelo próprio Jesus Ressuscitado.
Deste modo, em Maria Madalena, Jesus valoriza as mulheres e as qualifica para a missão.
Jesus demonstra que as mulheres são dignas para servir a Igreja sem serem subservientes.
Serviço sim, submissão, não, diz o Papa Francisco (GISOTTI; SILVONEI, 2018).
Ao se deparar com a pedra rolada no mulo, a primeira evidência da Ressurreição,
Maria Madalena vai correndo relatar o desaparecimento do corpo a Pedro, líder da
comunidade dos discípulos, e ao amado, o discípulo ideal. Pedro representa a autoridade, a
instituição, é mais lento. de se admitir que o se pode esperar de Francisco algo que
dependa de toda uma estrutura que traz séculos de bagagem patriarcal. As mudanças
estruturais sempre demoram a acontecer, talvez por isso em Jo 20,4, Pedro seja mais lento
do que o amado para chegar ao mulo; entretanto, apesar de ser “cabeça dura”, a ele é
confiado o rebanho do Senhor. Assim é a Igreja que Francisco nos mostra e oferece como
proposta de vivência do Reino de Deus, que se inicia neste mundo. A fim de viver esta
tensão escatológica, Francisco propõe uma Igreja em saída, um lugar cheio de pontes que
liguem as pessoas em sua pluralidade. A mudança de perspectiva e atitude com relação às
mulheres, nos revela que Francisco promove comportamentos éticos e evangélicos para o
mundo atual (GEBARA, 2016). de se pensar nas mulheres em toda a sua diversidade,
sem excluir aquelas que não são perfeitas, que o correspondem à mulher valorosa de
Provérbios 31, pois, a exemplo de Jesus, o apostolado se faz de pessoas imperfeitas,
capacitadas pela graça. Que a Igreja seja lugar de acolhimento e credibilidade na capacidade
e dignidade feminina de “ser Igreja”.
11 Segundo Dt 17,6; 19,15, o sistema jurídico de Israel exigia a presença de pelo menos dois homens como testemunhas.
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Maria Madalena nos ensina que, assim como Pedro e o amado, ela é Igreja e tem sua
missão e importância dentro da comunidade. O Quarto Evangelho nos mostra que cada
indivíduo tem sua função e importância no discipulado.
As ideias e atitudes de Francisco mostram seu empenho em dar visibilidade e
participação às mulheres dentro e fora da Igreja. Oxaas sementes plantadas em prol das
mulheres nesses dez anos de pontificado floresçam em liberdade, acolhimento, diálogo,
dignidade, autonomia, reconhecimento, participação, nomeação, administração,
igualdade, respeito e que muito mais aconteça para que a Igreja do século XXI se assemelhe
cada vez mais ao Reino de Deus pregado por Jesus. A festa de Santa Maria Madalena, em
22 de julho, leva toda Igreja a refletir profundamente sobre a dignidade da mulher, a nova
evangelização e a misericórdia divina.
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