HISTÓRIA
A origem da Faculdade de Teologia e Ciências Humanas – Itepa Faculdades está ligada ao processo de formação teológica para candidatos ao ministério presbiteral e para leigos em vista da ação pastoral no espaço localizado mais ao norte Rio Grande do Sul. Até o final da década de 1970 os candidatos ao presbiterado no Rio Grande do Sul, realizavam os estudos filosóficos e teológicos na grande Porto Alegre. Na década de 1950, por decisão do Arcebispado de Porto Alegre, foi edificado, em Viamão, um estabelecimento para abrigar o Seminário Maior Nossa Senhora Imaculada Conceição. Com a conclusão das obras, os acadêmicos de Teologia das Dioceses do Rio Grande do Sul passaram a residir neste ambiente e a cursar Teologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUC/RS. Os estudos filosóficos, por mais alguns anos, continuaram a ser oferecidos neste Seminário.
Na década de 1960, a sociedade brasileira entrou num processo acelerado de urbanização, condicionado pelas políticas desenvolvimentistas que alçaram a agroindústria e os setores financeiros à condição de motores do processo econômico que se concretizava na produção extensiva de grãos (trigo, milho e soja), movida pelas modernas tecnologias. No contraponto do otimismo então reinante entre as classes produtoras, promovido pela acumulação de renda produzida pela agroindústria, então em avanço sobre as terras agricultáveis, era dispensado o trabalho de pequenos proprietários rurais, de trabalhadores assalariados, de meeiros ou parceiros. Expulsos do trabalho agrícola, para garantir sua sobrevivência como pequenos produtores rurais e para suprir suas necessidades pessoais e familiares foram coagidos a enfileirar-se nos serviços urbanos ou migrar para além dos limites do Estado. Empurrada por esse processo, a partir da década de 1960 a população urbana no Brasil ultrapassou os 50% da população total.
Do movimento migratório campo-cidade decorreram profundas transformações na estrutura social, das quais, aqui se indicam o inchamento das áreas urbanas dos municípios de médio e grande porte, a consequente expansão das periferias urbanas e o surgimento de outras que foram, igualmente, se expandindo sem o devido planejamento público.
Em âmbito latino-americano, incluindo o Brasil, a implantação de governos militares ditatoriais e de exceção garantiu a hegemonia das políticas desenvolvimentistas. Estas, ao mesmo tempo em que foram promovendo o crescimento econômico mediante acumulação da renda, provocaram a expropriação e a exploração de amplos setores sociais dedicados à pequena agricultura mediante um duplo processo: o aumento dos impostos e a redução do valor de troca dos produtos do primeiro setor. Processava-se, assim, a suspensão da pertença ao campesinato de inúmeros trabalhadores rurais.
Paralelamente ao esse processo, no âmbito da Igreja Católica, o Concílio Vaticano II, com sua respectiva recepção latino-americana na Conferência de Medellín (1968), foi um marco em direção ao diálogo com a sociedade em processo de “modernização”. Novas experiências eclesiais e populares começaram a serem planejadas, organizadas e realizadas, tais como as Comunidades Eclesiais de Base, as Pastorais Sociais, as Campanhas da Fraternidade, os Movimentos Sociais-Populares e outros. Com força incomum, inserindo-se nesta realidade contraditória, a Pastoral da Terra passou a contestar o rumo ditado pelas políticas que então iam se consolidando e a subsidiar a construção de perspectivas libertadoras.
Nesse contexto complexo, por um lado, permeado pela euforia dos grandes negócios e, na contramão, pavimentado por “angústias e incertezas”, passaram a incidir as novas luzes derivadas do Concilio Vaticano II. Imersos neste alvorecer iluminado pelas luzes conciliares, os cursos de formação teológica foram levados a uma profunda renovação. Contribuiu para esse processo inovador, a criação de pequenas comunidades seminarísticas nas periferias da grande Porto Alegre, no início da década de 1980. Estas deflagrara um movimento questionador que tendia a se fortalecer pela participação de agentes de pastoral que exigiam a revisão dos conteúdos e dos métodos empregados na formação teológica.
Atentos aos clamores juvenis dos candidatos ao presbiterado oriundos do interior do Estado e que se sentiam distantes e alheios às realidades de suas áreas pastorais, as Dioceses do Interdiocesano Norte do Regional Sul III da CNBB (Passo Fundo, Frederico Westphalen, Erexim e Vacaria), associando-se, protagonizaram no âmbito da Igreja Católica, um movimento de criação de um novo e promissor Instituto de formação teológica. Com o título de Instituto de Teologia e Pastoral de Passo Fundo – Itepa, o novo espaço formativo foi sediado na cidade de Passo Fundo passando a receber estudantes das quatro Dioceses associadas. Face à proximidade geográfico-cultural, a partir de 1996, a Diocese Chapecó/SC, também passou a integrá-lo.
Inserido geograficamente na região Norte do Estado gaúcho e, criado em 1982, o novo Instituto passou a orientar a formação por uma nova metodologia de reflexão teológico-pastoral, que integrava tanto a tradição teológica quanto a leitura contextualizada dos “sinais dos tempos” (Mt 16,3; GS 4; UR 4; PO 9; AA 14) . Considerando o protagonismo dos religiosos e dos leigos, desde o início, este Instituto esteve aberto às Congregações Religiosas masculinas e femininas e ao Laicato.
O primeiro Estatuto da Entidade, denominado Constituições do Instituto de Teologia e Pastoral de Passo Fundo – RS, foi aprovado em assembleia, presidida pelo Bispo Diocesano de Passo Fundo, Dom Urbano José Allgayer, no dia 9 de novembro de 1982. Neste documento definem-se como finalidades desta Instituição: “Preparar os futuros sacerdotes da região para o ministério sacerdotal. Propiciar a religiosos e leigos oportunidade de realizar estudos teológicos e exercitar-se na pastoral. Capacitar agentes de pastoral. Ser centro de pesquisa e reflexão teológica”. Desde sua criação, em 1982, até dezembro de 2004, a Mitra Diocesana de Passo Fundo respondeu juridicamente pelo Itepa.
Diante das novas necessidades e desafios que foram surgindo, em 10 de dezembro de 2004 foi criada uma entidade jurídica autônoma, denominada Instituto de Teologia e Pastoral – Itepa (Mantenedora) e, simultaneamente, a Faculdade de Teologia e Ciências Humanas – Itepa Faculdades (Mantida), que responde, em nível de Graduação, pela oferta do Curso de Bacharelado em Teologia e de cursos em nível de Pós-Graduação Lato Sensu e de Extensão nas áreas teológica, bíblica e ensino religioso escolar.
Atendendo às novas exigências do contexto atual e, em face da abertura do MEC para o credenciamento de Instituições de Ensino Superior de Teologia, a Itepa Faculdades foi credenciada junto ao MEC, obtendo o reconhecimento oficial do curso de Bacharelado em Teologia em 17 de maio de 2013. Com o reconhecimento civil, esta IES baliza o curso de Bacharelado em Teologia na perspectiva do Concílio Vaticano II, a nova Ratio Fundamentalis Sacerdotalis (O Dom da Vocação Presbiteral), das Conferências dos Bispos Latino-Americanos (Medellín, Puebla, Santo Domingo e Aparecida), das orientações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sobretudo, nas Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil (Documentos da CNBB 93), nas orientações e decisões das Associadas, desenvolvendo-o com base na metodologia da práxis.
Algumas datas consagraram o processo de criação do Itepa:
- 29.07.1982: Criação do Itepa;
- 31.07.1982: Aprovação à criação do novo Instituto de Teologia;
- 02.08.1982: Emissão do decreto de fundação do Instituto, emitido por Dom Urbano José Algayer, Bispo de passo Fundo;
- 09.11.1982: Aprovação das Constituições;
- 17.02.1983: Aprovação do Itepa pela Sagrada Congregação para a Educação Católica;
- 07.03.1983: Instalação oficial do Itepa.