Considerando a experiência e interpretando os sinais apontados pelas avaliações realizadas no ano de 2024, a Itepa Faculdades, através do debate em diferentes instâncias, elegeu alguns destaques para ano de 2025. Esse exercício hermenêutico sugere elementos e/ou realidades a serem observadas e estudadas mais a fundo para que, conhecendo melhor, possamos guiar nossas atitudes e ações no âmbito acadêmico e na vida pessoal na perspectiva do seguimento de Jesus Cristo.
Conforme o Guia Acadêmico 2025 (p. 46-56), os destaques foram: 1) A reflexão teológica no atual contexto mundial; 2) A atuação pastoral/eclesial em perspectiva sinodal e jubilar; 3) A formação teológico-pastoral como laboratório da fé e da vida.
Em torno da reflexão teológica no contexto mundial se considera a realidade da revelação divina e a resposta humana, as questões geopolíticas e as guerras, o crescimento econômico em contradição às desigualdades e os ensinamentos da Carta Encíclica Fratelli Tutti enquanto projeto de sociedade.
Ao olharmos para a realidade atual chama a atenção as guerras e a
falta de capacidade de diálogo em vista da resolução dos conflitos. O Papa Francisco afirmou que a humanidade vive a experiência de uma terceira guerra mundial em pedaços, diferente das duas grandes guerras do século XX. Atualmente estão em andamento cerca de 59 conflitos armados em diferentes regiões do mundo (Guia Acadêmico 2025, p. 47). Nestas realidades, vidas são ceifadas, deslocamentos humanos são provocados, havendo o aumento expressivo do número de refugiados, o crescimento de pessoas em situação de sede e fome, além da proliferação de epidemias. Na cultura da guerra, a humanidade perde e a indústria armamentista ganha.
Na Carta Encíclica Fratelli Tutti, o Papa Francisco nos deixou belas
reflexões, propondo que a experiência da fraternidade e da amizade social implica a possibilidade de uma nova forma de relação entre os seres humanos. Portanto, é importante que
sonhemos como uma única humanidade, como caminhantes da mesma carne humana, como filhos dessa mesma terra que nos abriga a todos, cada qual com a riqueza da sua fé ou das suas convicções, cada qual com a própria voz, mas todos irmãos (FT 8).
A respeito da atuação pastoral em perspectiva sinodal e jubilar, a reflexão parte do batismo, como porta que conduz os cristãos para viverem o projeto do Reino de Deus na história marcada pela graça e desgraça (LG 1). Jesus desafia os discípulos a viverem no mundo, sem, contudo, serem do mundo. Não tirarei vocês do mundo, mas sejam no mundo sinal de sal e luz para vencer o pecado que produz morte (Jo 17,15).
Ao refletir sobre a formação teológico-pastoral como laboratório da fé e da vida o convite é à ousadia da interdisciplinaridade e à busca de novas e profundas respostas às questões da humanidade.
Esse caminho já foi indicado pelo Concílio Vaticano II, que enfrentou,
com ousadia, a renovação dos estudos eclesiásticos. O Decreto Optatam Totius (n. 13-22) indicava, no final de 1965, a necessidade de uma revisão fiel e criativa da formação para promover o vigor e a profecia da fé. Mais recentemente, em 2019, na Constituição Apostólica Veritatis Gaudium (n. 3), sobre as Universidades e as Faculdades Eclesiásticas, o Papa Francisco afirmou que “o bom teólogo e filósofo mantém um pensamento aberto, ou seja, incompleto, sempre aberto ao maius de Deus e da Verdade”.
É preciso reconhecer que é tentador o desejo de caminhar sozinho. A teologia pode correr esse risco: fechar-se a uma linguagem, a categorias calculadas, a métodos friamente estruturados que não dão espaços para a novidade do saber e do sabor (Guia Acadêmico 2025, p. 55).
No espírito ainda de despedida do Papa Francisco e de acolhida a Leão XIV, pedimos o dom do discernimento e da lucidez em tempos de guerra e de desigualdades que ameaçam a dignidade e a vida de muitas pessoas.
Dr. Neri Mezadri
Professor na Itepa Faculdades
Ironi França
Graduando em Teologia na Itepa Faculdades
Maurício Zanotto
Graduando em Teologia na Itepa Faculdades
Fotos: Arquivo Itepa Faculdades