A oração do pobre: um caminho que nos leva até Deus

Sob o tema “A oração do pobre eleva-se até Deus” (cf. Sir 21,5), celebraremos no dia 17 de novembro, com o Papa Francisco, o VIII Dia Mundial dos Pobres. Inspirado na experiência pessoal de Ben Sirac, “efetivamente, nenhum texto sobre a oração poderia ser eficaz e fecundo se não partisse de quem se encontra diariamente na presença de Deus e escuta a sua Palavra” (n° 3). Francisco ressalta que a grande descoberta do autor, que ainda hoje guia a reflexão de nosso tempo, é que: “A oração do humilde penetrará as nuvens, e não se consolará, enquanto ela não chegar até Deus. Ele não se afastará, enquanto o Altíssimo não olhar, não fizer justiça aos justos e restabelecer a equidade. O Senhor não tardará nem terá paciência com os opressores” (Sir 35,17-19).

A centralidade do texto acentua a diferença da oração do pobre que chega a Deus, embora, Ele não descarte a oração dos pobres de coração e espírito, quando estes são próximos e solidários com os socialmente pobres.

Outro ponto importante que o Papa insiste em sua carta para o Dia Mundial dos Pobres deste ano, é o convite de sermos o Cirineu na vida do próximo e do necessitado. Deste modo, Francisco mostra a necessidade de sair de uma experiência de fé vivida em castelos de vidro. Assim poderemos derramar o azeite da cura e o vinho que salva os pobres do nosso tempo. Ressalta também o cuidado de não cairmos em extremismos, lembrando que a oração encontra sua autenticidade na justiça e na caridade, e que a caridade sem oração se torna uma filantropia que rapidamente se esgota (n°7). De fato, “a fé sem obras é morta” (Tg 2,17).

O Papa conclui sua mensagem, exortando que todos “somos chamados a ser amigos dos pobres, seguindo os passos de Jesus, que foi o primeiro a solidarizar-se com os últimos. Que a Santa Mãe de Deus, Maria Santíssima, nos sustente neste caminho; ela que, aparecendo em Banneux, nos deixou uma mensagem a não esquecer: ‘Eu sou a Virgem dos pobres’” (n° 10). Portanto, sejamos capazes de olhar e assumir a atitude do pobre e rezar segundo sua vida e experiência.

Eduardo Martello
Bacharel Filosofia
Acadêmico de Teologia na Itepa

Dom Guilherme Antonio Werlang
Bispo da Diocese de Lages
Graduado em Filosofia e Teologia
Pós-graduado em Liturgia
Foi presidente por dois mandatos da Comissão Episcopal Pastoral Sociotransformadora da CNBB.

Questão para guiar a reflexão:

1 – O Papa afirma que “a oração encontra o certificado da sua autenticidade na caridade que se transforma em encontro e proximidade” (n° 7). Desse modo, como traduzimos nossa oração em ações concretas?

Referências
FRANCISCO, Papa. Mensagem do Santo Padre Francisco para o VIII dia Mundial dos Pobres, 2024. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/poveri/documents/20240613-messaggio-viii-giornatamondiale-poveri-2024.html.  Acesso em: 01 de out. de 2024.

Imagem: CNBB e Arquivo da Itepa Faculdades