A Itepa Faculdades recebeu a visita de Dom Nivaldo dos Santos Ferreira, Arcebispo Auxiliar de Belo Horizonte Minas Gerais, do Pe. Marcello Mielle, da Diocese de Treviso, Itália e de uma família de Spinea: o casal Stefano Giordano e Barbara De Biasi com seus filhos Emma e Francesco Giordano.
A comunidade acadêmica reuniu-se para uma partilha de experiências. Dom Nivaldo comentou sobre uma experiência que ele viveu como pároco, ou seja, o incentivo para que jovens de melhores condições econômicas visitassem e convivessem com jovens das periferias a fim de enxergarem a vida e as realidades de um modo mais concreto e real. De sua experiência como bispo, disse que é preciso caminhar juntos, ouvindo os apelos do Papa Francisco vivenciando a experiência de uma Igreja servidora e sinodal.
Pe. Marcello afirmou que, depois da pandemia, a atitude eclesial mais sábia é aquela do silêncio e da escuta a fim de que o Espírito Santo possa nos oferecer os instrumentos para gerar em nós uma nova “visão” de Igreja. O Papa Francisco já nos ofereceu as coordenadas: “Igreja em saída” e “caminho sinodal”.
1- A evangelização neste momento histórico deve ser sobretudo de re-humanização. De modo especial, no interior da Igreja. Cristo ressuscitado pede à Igreja para ser o seu “corpo místico”. Não podemos oferecer um corpo desumano. Oferecer algum curso de “boas relações interpessoais” não seria, talvez, um mal às nossas comunidades cristãs;
2- Não podemos tomar uma postura de defesa escondendo-se atrás da desculpa que não há mais fé. A “fé” deve ser buscada como uma pérola preciosa lá onde está sendo experimentada, talvez também fora da Igreja. Deve ser buscada mesmo nas pessoas que creem em não crer. A fé é um dom de Deus (conforme o texto evangélico do encontro de Jesus com a mulher cananeia: Ele foi “forçado” pelo Pai a reconhecer a fé em terra pagã). A fé é um dom que precede aos nossos planos pastorais que no máximo chegam a “suportá-la” (conforme os discípulos que convidam Jesus a escutar a mulher cananeia). É claro que a cananeia tinha simpatizado com Jesus e havia intuído o seu coração, apesar da sua dureza formal;
3- As pessoas necessitam entrar em empatia com o “coração” de Jesus para colocar em dia também o seu coração. Os sacramentos não podem ser fins em si mesmos ou serem reduzidos a meras celebrações, mas continuarem a serem verdadeiros instrumentos para as pessoas entrarem em relação com Cristo;
4- O acompanhamento do caminho de iniciação à vida cristã das crianças e adolescentes precisa envolver sempre mais a família, pedindo quando possível a ajuda dos jovens que poderão se fazer irmãos maiores dos pequenos. Certamente dará bastante trabalho, mas isto poderá reconstruir o tecido humano da comunidade cristã. Todos devem sentir-se acolhidos, também as famílias feridas. A acolhida representa 90% de cada acompanhamento no caminho da iniciação à vida cristã;
5- As pastorais juvenis são provocadas a abandonar os grandes discursos e “endereçar” os jovens ao encontro pessoal com o Senhor onde Ele mesmo nos disse que está presente: nos pequenos, nos pobres, nos sofredores, com propostas de voluntariado. Isto é a “arte de acender a luz”. Melhor escutar os jovens do que enchê-los de palavras;
6- Adquirir e fortalecer uma visão de Igreja a serviço da humanidade como fermento na massa ou sal na terra. A busca de visibilidade institucional e o triunfalismo anulam a potencialidade do fermento e do sal. Perguntamo-nos por que estamos chorando por nós mesmo ao nos sentir invisíveis ao invés de nos dar conta das nossas potencialidades ou porque nos entrincheiramos em formalidades incluindo aquelas litúrgicas que até podem responder buscas de religiosidade, mas não oferecem sentido à vida das pessoas;
7- Para colocar-se nesta perspectiva ou visão é necessário ter muita coragem, ou seja, ter coração, paixão, confiança. Uma Igreja sem coração permanece instituição vazia, concluiu Pe. Marcello.
A família Giordani partilhou a experiência de viver a fé na família, mas também de serem evangelizadores de jovens e crianças, ajudando-os na sua opção por Deus, pela vivência cotidiana do Evangelho, pela experiência de comunidade cristã. A jovem Emma disse que, acompanhando grupos de crianças e jovens ensinou não só por palavra, mas pelo testemunho. Da mesma forma, muito têm aprendido na missão. Hoje, seus melhores amigos são as pessoas que participam destes grupos. Stefano é formado em Direito e está concluindo o doutorado em Direito Canônico. Sua tese versa sobre o uso das estruturas da Igreja para a obra missionária e evangelizadora. Disse que sua tese se insere na perspectiva da Exortação Apostólica “Alegria do Evangelho”. Barbara ajuda no Conselho de Assuntos Econômicos o qual é entendido não simplesmente como meio para administrar o dinheiro, mas para impulsionar a evangelização. Francesco falou que se sente feliz em ajudar experiências de trabalho evangelizadores com os adolescentes.
Os estudantes da Itepa Faculdades comentaram sobre o fato de realizarem experiências pastorais nas comunidades, da existência do Setor Movimentos Populares e Sociais no Diretório Acadêmico, de ações junto aos povos indígenas, de ações litúrgicas realizadas por ministros leigos…
O encontro, acontecido na sexta-feira, 25 de agosto, foi uma experiência sinodal. A Itepa Faculdades agradece a visita e a “aula de história” que nos foi possibilitada.