Setor dos Movimentos Sociais do DAITEPA
Finalizam Projeto De Doação De Alimentos
Desde o mês de maio de 2021, foi desenvolvido uma campanha organizada pelo Setor dos Movimentos Sociais do DAITEPA ao acampamento/aldeia de indígenas que fica na proximidade do Aeroporto de Passo Fundo/RS. O local se chama “Fanor” que para os indígenas significa “fogo que queima”. A pandemia com seu tempo de restrição e afastamento social fez com que a realidade de pobreza indígena também se intensificasse. A subsistência destas famílias, em sua maioria da etnia Kaigangs, provém especialmente do artesanato e estes encontravam-se em confinamento na aldeia, estando impedidos de comercializar o artesanato produzido.
A presença de pessoas do setor e outras que foram sendo mobilizadas no caminho da solidariedade ajudou a conhecer a riqueza desta cultura, mas também constatar diversos problemas existentes. Moradias precárias e sem acesso a água encanada; acesso aos serviços de saúde e higiene precárias; ocupação há mais de 07 anos, em torno de 43 famílias que estão aguardando a regularização da área; presença maciça das igrejas evangélicas; não atendimento de órgãos governamentais, tal como a secretaria de assistência social. Alguns aspectos que desafiam um fazer teológico comprometido com a vida e a dignidade humana.
Nesta mobilização da campanha de solidariedade, o setor contou com a sensibilização da família ITEPA Faculdades e de outras pessoas que somaram forças na campanha. Através da entrega pessoal de alimentos, foi possível a partir de um olhar atento se aproximar da realidade, escutar, observar, discernir, respeitar e avaliar a caminhada.
Cabe aqui ainda ressaltar que esta iniciativa se constituiu em um projeto que buscou superar uma ação de cunho assistencialista. O grupo sempre refletiu que o objetivo maior era estabelecer uma ação de solidariedade e caridade, ou seja, uma relação baseada na busca e concretude de direitos, além dos assistencialismos.
O Papa Francisco na data de 22 de setembro de 2013, disse, durante um encontro com pobres e presos, na Catedral de Cagliari: “A caridade não é assistencialismo, muito menos um assistencialismo para tranquilizar as consciências: isso não é amor, é negócio. A caridade é uma escolha de vida, um modo de ser, de viver: é o caminho da humildade e da solidariedade”.
Ou nas palavras do teólogo Agenor Brighenti[1]: “a ‘caridade’ se remete ao ‘amor’, que rompe com a lógica da ‘reciprocidade’, da troca interessada. Só há verdadeiro amor e, portanto, verdadeira caridade, quando ao descentrar-se de si mesmo, a “necessidade” é superada pela ‘gratuidade’, fazendo do bem do outro o próprio bem, sem esperar nada em troca”.
Que neste tempo natalino de ESPERANÇA, continuemos no propósito de agregar pessoas para realizar sinais do Reino de Deus. Nossa GRATIDÃO a todas/os que de alguma forma auxiliaram neste lindo caminho de solidariedade percorrido no ano de 2021.
[1] Teologia Pastoral: A inteligência reflexa da ação evangelizadora. Rio de Janeiro: Vozes 2021, p. 51.