André Luiz dos Santos[1]
Na Igreja católica, o mês de outubro é chamado de mês missionário. São Marcos relata em seu Evangelho o convite que o próprio Jesus faz: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). A missão faz parte da identidade da vida da Igreja e sem ela deixaria de ser, mas o mês dedicado à missão é justamente para ajudar mais e mais à Igreja ser o que deve ser: missionária. Para entrar neste caminho, o próprio Papa sempre envia uma carta mensagem chamando atenção para a dimensão missionária da Igreja.
Neste ano de 2021, Papa Francisco traz como tema a passagem retirada dos Atos dos Apóstolos “Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos” (At 4,20). O Santo Padre pede que cada cristão ensine aquilo que aprendeu. Aquele que foi evangelizado também evangeliza e transmite o Salvador àqueles que não tiveram contato com o Senhor.
A missão de transmitir a Palavra de Deus é de todo cristão batizado, que se torna discípulo missionário de Jesus Cristo. A Igreja de Jesus deve ser uma Igreja em saída como pede o Papa Francisco: “[…] sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (EG 20).
Deus prepara cada filho seu para a missão, pois foi Ele mesmo que escolheu seus filhos desde o ventre materno (Jr 1,5). Desde a criação humana, o Senhor coloca no coração das pessoas a semente do amor e faz com que essa semente germine e seja difundida entre todas as nações.
É missão cristã, portanto, colocar em prática o chamado que todo cristão é convocado a realizar. Essa prática acontece com o auxílio do Espírito Santo que ilumina, guia, conduz e encoraja para desbravar caminhos, que abre campos para atuar nesse mundo como evangelizador.
Diariamente, Deus se mostra no próprio cotidiano, no mais pequeno revela sua grandiosidade de Pai. “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois me ungiu para evangelizar os pobres” (Lc 4,18). Basta que se dê atenção aos pequenos, se observe e sinta Deus agindo nos pobres e assim caminhe para que todos sejam salvos. Nada passa despercebido da presença amorosa de Jesus.
Como exemplo de missionária destaca-se aqui a padroeira das missões, Santa Terezinha do Menino Jesus, uma pequena mulher que se tornou grande por ter entendido a sua missão no mais pequeno, pois se atentava aos detalhes, e principalmente ao cuidado da pessoa humana.
Na história de vida de Santa Terezinha é relatado que ela gostaria de sair do Carmelo onde residia para levar o Evangelho aos lugares mais distantes da Terra, mas como vivia na clausura era privada e, portanto, não conseguia transmitir a Boa Nova. Com o tempo entendeu que sua missão era no Carmelo, no ambiente onde se encontrava, porque neste espaço também era possível a evangelização. Era no seu cotidiano, nas tarefas do dia-a-dia que Terezinha assumiu sua missão e reconheceu em sua interioridade o que Deus pedia ao seu coração.
Desta forma, ou por este caminho percebe-se a grandiosidade de Deus atuando no testemunho de fé de Santa Terezinha que nunca saiu das paredes do Carmelo. E mesmo assim tornou-se Santa e Doutora da Igreja Católica, sendo também a padroeira das missões.
Com isso, deve-se pensar que o mais importante para evangelizar não é o lugar, mas a missão em si, porém isso não quer dizer que não necessite ir além fronteiras, ou ir ao encontro, procurar os afastados (EG 24). O mais determinante está na necessidade de reconhecer onde e para que Deus chama, entregar a Ele fazendo a sua vontade e não a nossa.
Por mais que o atual ambiente não favoreça a missão, ou que nesse ambiente esteja difícil de ser missionário é bom que se recorde quem envia é o próprio Senhor. Se Ele envia, sustenta e basta que se recorra a Cristo, pedindo força e coragem. É a graça divina que envia e sustenta a missão. Até mesmo Pedro, que negou Cristo por três vezes, quando foi incrédulo à presença de Jesus, não hesitou em pedir socorro: Senhor Salva-me e eis que Jesus prontamente se dispõe a ajudá-lo entendendo mão e segurando-o para não afundar (Mt 14,30-31).
O tempo de pandemia desafia ainda mais a missão. Como evangelizar em tempos de pandemia? O que fazer para propagar a Boa Nova do Evangelho em meio à crise que a pandemia traz? Questões salutares, mas que não podem desanimar os missionários. A missão também é caminho de santidade, um meio que Deus dá para que todo cristão chegue até Ele. A missão do cristão é frutificar, dar frutos novos, propagar a própria missão que é o Cristo vivo e seu projeto do reinado de Deus. Desafio de viver a missão no hoje, no lugar onde nos encontramos. Como está nossa esperança e ardor missionário?
[1] Cursando Bacharelado em Teologia na ITEPA Faculdades. Formado em Filosofia pelo Instituto Sapientia de Filosofia. E-mail: andreluizdv@yahoo.com