Revista CCI, Edição 53

Neste ano celebramos o terceiro momento do Tríduo em preparação ao novo milênio. A igreja assume o desafio de refletir a presença de Deus na história da humanidade, como o Pai de Misericórdia. Esta reflexão liga-se as reflexões anteriores: Jesus Cristo e Espírito Santo.

Nestes dois meses (maio e junho) celebramos, nas comunidades, liturgias extremamente ricas se tomarmos como ponto de partida a ação de Deus na História, viabilizada pela Trindade e pelos Santos: A ascensão de Jesus, a festa de Pentecostes, a festa da Santíssima Trindade e, neste mês de junho, as festas ligadas aos Santos Populares. Fazemos referência especial a celebração da Trindade e as Festas Populares (juninas). Isto porque, estas liturgias denotam grandes desafios para a nossa prática cristã, especialmente se olharmos a nova etapa que se aproxima. O ano dois mil será o ano do testemunho firme e convicto, a mesma exigência que se apresentou aos primeiros cristãos.

Fazer a experiência de Deus e algo marcante. Porém é necessário estar ligado ao Deus que faz a história junto com a humanidade, o Deus criador e redentor. É estar em sintonia com a sua presença trinitária: o Pai Criador que dá à humanidade a centralidade do universo. A criação mostra ao ser humano o imenso amor de Deus—pai/mãe para o ser humano. Deus não hesitou em se comprometer com a obra da sua criação. Ele nos faz a partir do pó, nos constrói à sua imagem e semelhança. Caminha com os seus filhos e, frente as realidades de opressão, toma posição. Dentre seus thos e filhas queridos, os fracos, doentese excluídos são os prediletos. Este é o nosso Pai, que interfere no mundo através de Jesus, aquele que se apresentapara recuperara humanidade caída e ser a boa notícia aos pobres: “O Espírito do Senhor está sobre mim porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres…” (Lc 4,18). Quando os discípulos se encontravam confusos e temerosos o Senhor envia o Espírito Santo, um novo alento para aqueles que deveriam continuar a missão de Jesus. Sob a ação do Espírito os seguidores de Jesus vão ao mundo anunciar a Boa Nova do Evangelho. Era uma postura firme, plantada na convicção de que o Deus da História caminhava com eles. A experiência da ressurreição permitia esta certeza. Esta mesma convicção deve marcar a nossa prática no advento do novo milênio. O Deus Trino dos profetas e apóstolos, nos convoca para assumirmos o ser testemunhos do ano dois mil.

O testemunho necessário no próximo século, foi a marca dos Santos da História. Alguns se tomam memória cara no meio popular. As pessoas têm para com eles um carinho especial, entregando-os a tarefa de protetores e advogados de suas causas. De um lado temos a riqueza do que marca a vida do povo. A história foi mostrando jeitos diferentes de se festejar seus protetores, e assim vai se construindo uma herança religiosa e cultural ligada a vida, as lutas e esperanças do povo. De sul à norte, o mês de junho torna-se palco das manifestações de fé e cultura. É o jeito popular de rezar avida, de estar ligado com seus protetores. Por outro lado percebe-se a opção clara dos Santos pela proposta de Jesus Cristo, o que para muitos implicou em renúncias e entrega da própria vida. Em diferentes épocas foram construindo um testemunho de fidelidade à Proposta do Reino, souberam ser o sinal da salvação. Maior que o limite humano estava a opção pelo caminho de Jesus. Ao celebrar seus santos o povo também quer sintonizar-se com esta opção feita. O sonho de João, Antônio, Paulo, Luís e Pedro vai se introduzindo nas lutas de tantos homens e mulheres que, acima de suas fraquezas, querem construir um mundo melhor. Tantas mães, pais, jovens que buscam, pela fé no Cristo ressuscitado plantar as sementes do Reino. Celebrar os Santos implica em celebrar o nosso compromisso com o Deus da Vida, com o Cristo ressuscitado, com os homens e mulheres que querem fazer o seu caminho. Aí está o sinal visível da Trindade Santa, a comunidade que nos desafia a sermos os seus missionários no Novo Milênio.

Caros leitores, como Instituto queremos estar em sintonia com este processo transitório. Caminhamos na certeza da nossa fé, caminhamos na certeza de que o nosso Deus caminha conosco. Isto pemlite segurança e serenidade. A todos vocês, amigos e amigas, bom proveito.

Trecho retirado do editorial, por Pe. Ari Antônio dos Reis.

 

Nesta edição você encontrará:

  • Entrevista com Lina Boff sobre “Deus Pai”
  • Estudo sobre o Profeta Amós, texto de Ivanir Antônio Rampon
  • “Tu és o Deus dos pequenos…”: elementos bíblico-metodológicos, texto de Rodinei Balbinot
  • Nova Era: “Dentro de mim está a salvação”, texto de Luíz Ronaldo de Oliveira
  • Há anjos subindo e descendo, texto de Pe. Nelson Tonello
  • “As treze resoluções de Bispos Anônimos”
  • entre outros

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Informações técnicas
Título: Revista Caminhando com o Itepa
Autor: Faculdade de Teologia e Ciências Humanas – ITEPA FACULDADES
Número: 53
Mês/Ano: Junho/1999
Páginas: 59