Aproxima-se a celebração do grande jubileu dos 2000 anos do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Neste ano o Projeto Rumo ao Novo Milênio propõe como tema de meditação “DEUS PAI”; como virtude a ser vivida mais intensamente, a CARIDADE; como sacramento a ser celebrado com destaque, a RECONCILIAÇÃO. Indicanos ainda o estudo do Evangelho de Mateus e a contemplarmos Maria como exemplo de amor.
O tema de, Deus Pai, é fascinante. Ele nos coloca diante da razão última de nossa vida. A maioria do povo cre Deus. São poucos os ateus que procuram negar a Deus. Por outro lado, são muitos os que crêem em Deus, mas vivem como se Ele não existisse. Não basta crer em Deus. Precisamos saber em que Deus cremos. Pois, como diz a Escritura, os demônios também acreditam. Porém, tremem! (Tg 2,19). Isto é fundamental, pois afirmam alguns que, “assim como é nosso Deus, assim somos nós”.
Este ano deverá possibilitar aos cristãos, uma revisão profunda da(s) experiência(s) de Deus. Qual é a imagem se Deus presente no povo, em nós, nas comunidades? Um Deus brabo. .. fiscalizador… policial… velho… masculino… barbudo… indiferente… longe… castigador? Cínico. .. que se alegra com o sofrimento humano? Historicamente, apelar a Deus, se prestou muito para legitimar injustiças. Não podemos esquecer que foi em nome de Deus que os índios da América foram exterminados e os negros escravizados. Certamente uma primeira tarefa será identificar bem esta experiência e sua influência sobre nosso jeito de ser e o quanto ela determina nossos relacionamentos com Deus, com a natureza, com os outros. E fazer, também, um esforço para destruir essa imagem, pois ela não corresponde ao Deus da revelação. Assemelha-se muito mais aos ídolos que oprimem e escravizam.
Mas, o esforço maior a ser dispensado, certamente, será na perspectiva de criar condições para uma profunda e renovada experiência de Deus. Resgatando, com isso, o rosto biblico de Deus. Deus que se revela como o “Deus da criação”; o “Deus libertador”; o “Deus da aliança”, o “padrinho dos pobres”; o “cheio de misericórdia e compaixão” para com os pobres e excluídos; o Deus “Pai-Mãe”; o Deus que se “alegra e faz festa” com o filho que volta para casa.
Deus é libertador, é vida, é ternura, é amor,é compaixão, é misericórdia. Quem faz a experiência de Deus, torna-se um sinal de Deus para o mundo. O bispo, o padre, o (a) religioso(a), o agente de pastoral, o cristão deverá ter como medida de seu zelo pastoral e de sua vida, a medida de Deus: “sede misericordiosos, como Vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36).
A experiência biblicade Deus reclama a construção de uma sociedade justa, fraterna, solidária e acolhedora dos pobres, pois, “a glória de Deus é avida do pobre” (Dom Oscar Romero).
Além desse tema de fundo, que deverá perpassar todo ano, acabamos de viver mais um tempo de quaresma, ajudados pelo tema da Fraternidade e o Desemprego. A realidade se apresenta muito complexa. As soluções exigem mudanças muito profundas, de ordem estrutural.
Nesse contexto de virada de milênio, alimentamos sonhos, expectativas e esperanças. É um tempo próprio para rever projetos, buscar novas soluções para os velhos problemas. O ITEPA também se coloca na perspectivade recriar suas opções, para se manter fiel aos princípios que motivaram sua criação há 16 anos.
Leitor amigo, o número da Revista que está chegando em suas mãos, aborda aspectos desses grandes temas que fazem o pano de fundo deste ano de 1999.
Boa leitura!
Trecho retirado do editorial, por Pe. Valter Girelli
Nesta edição você encontrará:
- Entrevista com Frei Flávio Guerra
- Evangelho de Mateus: Jesus Mestre da Justiça, texto de Pe. Ivanir Antônio Rodighero
- A Missão da Mulher na Igreja para o próximo milênio, texto de Irmã Araci Maria Ludwig
- Recontextualização do Itepa, texto de Pe. Valter Girelli
- Entre outros
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Informações técnicas
Título: Revista Caminhando com o Itepa
Autor: Faculdade de Teologia e Ciências Humanas – ITEPA FACULDADES
Número: 52
Mês/Ano: Abril de 1999
Páginas: 71