O Itepa, desde sua origem, esteve preocupado e envolvido, através de um grupo de professores e alunos, com Ensino Religioso Escolar, no intuito de aprender e ajudar. Muitas foram as mudanças que ocorreram nos enfoques, tais como: confessional, ecumênico, inter-religioso. A lei vigente que orienta o Ensino Religioso Escolar e a nº 9.475, de 22/7/97; no seu artigo 33 afirma: “O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito a diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo”.
Há um conflito que aparece entre religião e pensamento modermo.
Esse em reação ao teocentrismo e com viés positivista se faz sentir muito forte e foi explicitado, por exemplo, com Augusto Comte, na lei dos três estados: teológico, metafísicoe científico. O primeiro é o ponto de partida necessário da inteligência humana; o terceiro é o estado fixo e definitivo e o segundo serve de transição. No estágio cientifico, o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter conhecimentos absolutos, renuncia a perguntar-se sobre: Qual é a sua origem? Qual é o destino do universo? Deus existe ou não? A intenção de Comte era de reger a sociedade com base no conhecimento científico. Nessa visão, a religião estaria chegando ao fim. Nietzsche fez a seguinte reflexão: “O que houve com Deus? Eu vos direi. ‘Nós o matamos – eu e vós. Nós os seus assassinos!’ Pouco a pouco, por diversas razões, a sociedade ocidental foi se afastando de Deus: foi assim que o matou. Mas, ‘matando’ Deus, eliminam—se todos os valores que serviram de fundamento para a nossa vida e, consequentemente, perde—se qualquer ponto de referência: ‘O que fazemos separando a terra do sol? Para onde ela vai agora? Para onde vamos nós, longe de qualquer sol?'”
Desapareceu a religião? O que podemos constatar é que o fenômeno religioso continua presente em todas as culturas. Existem em torno de 56 mil diferentes religiões. Cada uma traz um jeito próprio de colocar o ser humano em sintonia com Deus e propõe uma visão de mundo. Este dado, com certeza, evidencia um campo marcado por muitas confusões, mas se constitui num espaço para o diálogo edificante. Sabese como o conhecimento religioso pode ajudar na arte de construir relações fraternas, justas e edificantes, mas também suscitar atitudes egoístas, fetichizadas, dogmatizadas e até insutladoras de guerras. Foi perante estas atitudes que o Papa João Paulo II pediu perdão: “Senhor, Deus de todos os homens, em certas épocas da história, os cristãos consentiram, as vezes, em métodos de intolerância e não seguiram o grande mandamento do amor…”
Quando a dor bate aporta e se esgotam os recursos técnicos, as respostas ficam insuficientes para dissipar a insegurança e, então, voltam as perguntas sobre o sentido da vida e o sentido da morte. São horas de insônia! Mais! Podem também ser momentos de busca, de lançar as redes em águas mais profundas e libertadoras. Nesse sentido, Rubens Alves foi feliz quando afirmou:“’Mas, e Deus existe? A vida tem sentido? O universo tem uma face? A morte é minha irmã’ Ao que a alma religiosa só poderá responder: ‘não sei, mas eu desejo ardentemente-que assim seja. E me lanço inteiro. Porque é mais belo o risco ao lado da esperança que a certeza ao lado de um universo frio e sem sentido…’”. Na compreensão de Clodovis Boff, “a fé é essencialmente abertura ao sobrenatural, enquanto a razão tende a fechar-se no natural, só abrindo—se ao sobrenatural por um certo apelo ao alto”.
Leonardo Boff, a partir daquilo que Max Planc, o formulador da teoria quântica, escreveu — “A ciência não pode resolver o mistério derradeiro da natureza, porque, em última análise, nós próprios somos parte da natureza e, consequentemente, do mistério que procuramos desvendar” — afirma: “O silêncio da ciência não afoga todas as palavras. Há ainda uma última palavra que vem de outro campo do conhecimento humano, da espiritualidade e das religiões”. Nesse sentido, a revista Caminhando com O ITEPA oferece alguns textos.
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Trecho retirado do editorial, por Pe. Ivanir Rodighero
Nesta edição você encontrará:
- Entrvista com Dulce Caldart Reato, sobre a relação do ensino religioso com a teologia e pastoral
- Fundamentos bíblicos do ensino religioso escolar, texto de Pe. Enrique Illarze
- Ensino religioso escolar: Desafios para o díalogo inter-religioso, texto de Ir. Irací Maria Ludwig
- Riquezas e desafios do ensino religioso, texto de Pe. Elli Benincá
- “E Deus viu que era bom…”: reflexões sobre ética e ensino religioso escolar, texto de Regina Coeli Freitas dos Santos
- Culturas e tradições religiosas, texto de Pr. Samuel Esperandio
- A educação religiosa na escola confessional, texto de Janete Cardoso dos Santos
- Encontros de formação cristã: a formação religiosa da criança, texto de Agnes Schneider Ferrão, Rosecler Salete Lago Dall’Agnol, Valesca Revers Bertella
- A perspectiva do ensino religioso na escola pública, texto de Lucia Inês da Ros Wendland
- Resumos de Monografias
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